Nas manhãs e tardes, das mais agradáveis, se ouvia os acordes do Trio Irakitan, Nat King Cole, Billy Vaughn e sua Orquestra, e demais sucessos do período.
Ele, pessoa distinta, dava o tom das conversas, presença agradável como poucas, de trato hábil e leve nos gestos, argumentação e sorriso nos lábios. Usava uns óculos de lentes grossas, verdes, que destacavam a miopia avançada, curada em fase posterior da vida, pela Medicina, permitindo-lhe conhecer detalhes nunca antes vistos, motivo da enorme satisfação que transmitia a todos.
Recordo com facilidade do entusiasmo que demonstrava ao ler em voz alta trechos dos Clássicos Jackson e outros livros, que manuseava diante de farta biblioteca. Lia e comentava, demonstrando prazer contagiante, tiradas filosóficas e ricas de conteúdo literário.
Por tantas vezes, pude privar da salutar educação daquela família e da sabedoria expressiva do seu chefe. Depois, à medida que em tomei gosto pelas letras, vim encontrar os poemas dele, assinados com o pseudônimo de G. Lobo, nas páginas da revista Itaytera, do Instituto Cultural do Cariri, e saber da propensão de poeta inspirado, amante das artes que primava no íntimo. Somadas as peças, compreendi melhor a personalidade refinada de Geraldo Lobo, misto de tabelião e líder comunitário, inclusive candidato a vereador nas eleições municipais de 1950, e intelectual apreciador da boa literatura.
Pelo decorrer do tempo, solidifiquei amizade aos seus filhos, dos quais fui colega de Samuel, no Colégio Diocesano, revendo muitas vezes Doutor Geraldo e Dona Adamir na faina do cartório, à rua Senador Pompeu. No andar dos acontecimentos e devido os filhos irem estudar em Fortaleza, aos poucos se distanciara do dia a dia cratense.
Assim, guardo comigo, face ao papel especial que bem desempenhou na sociedade de Crato, as melhores lembranças desta pessoa prestativa e civilizadora de Geraldo Macedo Lobo.
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ResponderExcluirCaro Monteiro,
ResponderExcluirÉ fiel a tua descrição desse venerável Senhor,e embora desconheça essas particularidades, por não ter sido desse convívio,a mim me tocou e por alguns instantes pude vê-lo.Lembramos dele,dos filhos e das filhas,naturalmente,sensíveis e glamurosa.Recordei de um nome, talvez, Sandra:
magra,esbelta de olhos e cabelos claros,curtos e encaracolados que arrancava suspiros nos adolescentes de então...
Obrigado por me ter ajudado a relembrar e fazer desfilar,mesmo que por alguns segundos,essas imagens marcadas e incomparavelmente felizes.