quinta-feira, 19 de junho de 2014

Crato heroico, 250 anos

Em 21 de junho de 1764, há, portanto, 250 anos, assinava a criação da Vila Real do Crato o ouvidor Vitorino Pinto Soares Barbosa, segundo consta para homenagear ao lugarejo homônimo do Alentejo português.

E há 151 anos, no dia de 17 de outubro de 1853, era o Crato elevado à categoria de cidade, através da lei 623, num reconhecimento ao progresso conquistado em sua história de ocorrências indeléveis. Fora fundada pelos capuchinhos, dentre eles o frade italiano Carlos Maria de Ferrara, bem no início da colonização portuguesa desta parte de chão, tangidos no Ciclo do Couro pelos passos da Casa da Torre de Garcia D’Ávila, desde o norte da Bahia.

Seus antigos habitantes, os índios Cariús, viram-se submetidos aos cravos da civilização européia, naqueles tempos remotos da Missão do Miranda, sítio original localizado onde hoje se elevam o Estádio Virgílio Távora e os conjuntos habitacionais Miranda; isso por volta de 1660 a 1680, datas que correspondem à vinda dos primeiros colonos.

Adiante um pouco mais, no Ciclo do Açúcar, nos idos de 1750, chegava ao Cariri, conduzido de Pernambuco, o primeiro engenho, a ser somando às práticas da pecuária que imperavam na Região, com a produção de rapadura. A dominação dos sesmeiros instalados guardava ampla abrangência, indo até as áreas atuais dos municípios de Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Farias Brito, Milagres, Jardim, Santana do Cariri, Caririaçu, dentre outros.

Outros acontecimentos se sucederam no desenrolar da sua heroica história, quando, em 1817, repercutiam nestas bandas as primeiras manifestações libertárias contra a Coroa portuguesa, originárias do Estado de Pernambuco, das cidades de Olinda e Recife, no primeiro impulso republicano das idéias da Revolução Francesa, abafado em repressão vigorosa. Alguns nomes afloraram à época, com intensidade, dentre eles, o de Bárbara de Alencar e de seus filhos, Tristão Gonçalves e José Martiniano de Alencar, então jovem diácono, e do primo Leonel Pereira de Alencar.

Após a Independência de 1822, focos lusitanos permaneceram a contestar o novo regime estabelecido. Nesse tempo, tropas cearenses foram convocadas pelo Império no sentido de debelar tais resistências, no Piauí e no Maranhão, e consolidar a independência do jugo de Portugal. Seguiram juntos Tristão e Filgueiras, anteriores adversários de 1817, à frente do mesmo exército. Até que, em 23 de janeiro de 1823, Pereira Filgueiras entra em Fortaleza para assumir o comando de Governo Provisório, sob a égide da mais inteira independência brasileira em terras cearenses.

No entanto, logo no ano seguinte, perante o fracasso da Constituinte de 1824, outra vez se ergueram lideranças cratenses, pernambucanas, paraibanas, através do movimento denominado Confederação do Equador, pondo-se em armas, outra vez apoiadas, no Crato, pelas figuras de Bárbara, Tristão e Martiniano, agora somados a José Pereira Filgueiras.

O desdobramento das marchas confederadas criou a República do Equador, sob a Presidência de Tristão Gonçalves, que foi chacinado lutando em plagas sertanejas, no dia 31 de outubro daquele ano, em uma campina do atual município de Jaguaribara, cujo ponto geográfico ver-se-á inundado, em futuro próximo, pelas águas do açude Castanhão.


           

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