domingo, 31 de agosto de 2025

A idade da chuva

Isso que vem do querer de a tudo selecionar, esquecidos daqueles que nem pensam e vivem, sonham e desaparecem na mesma velocidade do vento e das flores. Pedaços de universos depois desfeitos em cinzas ao sabor dos dias, nas varandas de tantas casas, a meio de lágrimas e risos. Nós, portanto, parceiros da infinitude, retalhos das lembranças, num movimento circular de gerações inteiras. Olhos vesgos nas pequenas vezes, passados que sejam os trinos e as aves, e logo na sequência querem olhar as cenas feitas dos ecos imaginários do Paraíso no outro lado da rua.

Afeitos, por isso, ao ritmo de uns tambores dali distantes, mergulham de alma inteira nessas aventuras criadas nem se sabe onde, ou quando, porém, mesmo assim encantadoras oportunidades de sabor inigualável. Ser-se fiel consigo próprio perante o fluir das gerações. Saber dos ritos, das virtudes aqui guardadas no tramitar das máquinas, que alimentam e pedem certezas, capuchos do algodão das eras. Corações que padecem, no entanto se desfazem na melodia das eternidades. Essas imagens deixadas em monumentos e para sempre entranhadas nas horas sem conta, pois. Reflexos de palavras inteiras, seres vivos nascidos na consciência de todos, depois desfeitas nas dúvidas e nos tempos. Dramas, longas epopeias de romances eternos, quais suaves recordações que inscrevem de nuvens o firmamento, assim persistem os heróis ao sabor dos invernos pelas cores espalhadas no caldeirão das paisagens aí de fora, no país de miragens sem conta.

Talvez que ressurja nalgum momento a trilha sonora de quantas ilusões perdidas pelos porões das memórias. Conquanto imortais, sobrevivem aos valores que os constroem e consomem, nessa indústria do Tempo. Vislumbram mares mais profundos e adormecem nos braços do desejo, senhores de si e pendores das religiões. Nisto, as formas de um catálogo aos nossos pés onde apenas pisamos e lá, certa feita, habitaremos de todo, tais minúsculos confinantes de uma perene Felicidade.

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