terça-feira, 31 de julho de 2012

Clima mudado


O que ocorreu, depois das radicais mudanças impostas ao ambiente pelo homem tecnológico, oferece novas cogitações, acrescidas de elementos científicos avaliadores de catástrofes, que ano após ano diferenciam normas fixas e continuidades esperadas.

O dito efeito estufa do aquecimento do planeta pelo acúmulo de gases na atmosfera vem servindo de parâmetro às desagregações por que passa a Terra. Degelo nos pólos, cheias no Sudeste da Ásia, seca no Peru, terremotos na Turquia, no Irã, nevascas na Europa e no norte da América, deixam uma impressão de que algo endoidou nos padrões da Natureza. 

A indústria do petróleo causou cicatrizes extremas ao âmbito vital que mudanças antes graduais se dão agora de modo brusco, intempestivo, se pode dizer. Respostas que levavam décadas para vir mostram-se céleres do dia para a noite.

Questionar previsões de institutos meteorológicos tornou-se gesto anedótico, transformando teorias científicas de controle das safras em meras ficções de altos custos e pouca finalidade.

As políticas ambientais hoje parecem tímidas perante o apetite de lucro das madeireiras e transnacionais da extração dos subsolos. Políticos ignoram por completo o interesse das gerações, querendo salvar aparências, contudo, trabalhando na própria causa.     

Enquanto isso, relatório da Academia Nacional de Ciências dos EUA afirmava que o clima pode mudar com rapidez. No Fórum Econômico Mundial do ano passado em Davos, Suíça, Robert Gagosian, diretor do Instituto Oceanográfico de Woods Hole (EUA), alertou quanto a possibilidade de que mudanças climáticas radicais em duas décadas, caso nada se faça para controlar a emissão de gases-estufa, com riscos de derretimento acelerado das calotas polares e das geleiras do Alpes, além de primaveras antecipadas nas latitudes norte.

Nas palavras do físico Marcelo Gleiser, do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro O Fim da Terra e do Céu, A influência mais dramática do aquecimento global é na chamada corrente do Golfo, que circula dos trópicos ao Atlântico Norte e afeta o clima da Europa e o leste da América do Norte.

Na medida em que a corrente flui para o norte, ela libera calor, tornando-se mais densa. Um líquido mais denso sempre afunda quando em contato com outro menos denso, como mel em água. A corrente, mais densa, afunda na região do Atlântico Norte, circulando de volta aos trópicos, onde ela é reaquecida antes de fluir outra vez para o norte.

Por conta da indiferença dos países poderosos, persiste a hipótese de se vivenciar modificações geológicas profundas, fruto da ausência de gestão correta dos bens inesgotáveis, destruídos com teimosia e burrice naquilo que parecia delírio e conto fantasmagórico.

domingo, 29 de julho de 2012

A Rodovia Padre Cícero


Quando criança e viemos residir em Crato, nas férias de julho retornávamos para passar o mês no sítio em Lavras. Com próxima antecedência, minha mãe encaminhava Lourdes, a fim limpar nossa casa, que ficara fechada no período das ausências. Ela acionava os viventes da propriedade para roçar o mato em volta, consertar paredes e telhas, queimar chifres de boi nas imediações visando espantar as cobras, e varrer e lavar, deixar o ambiente de novo habitável.

Poucos dias adiante, iríamos de jipe, as pessoas da família conduzindo os poucos apetrechos próprios dessas temporadas. Nessa jornada, cruzávamos a Serra de São Pedro, trecho hoje denominado Rodovia Padre Cícero, que avança até Fortaleza, via alternativa aos outros dois caminhos antes existentes, Estrada do Algodão e BR-116. A estrada de rodagem representava, naquela fase, um desafio, uma aventura de percurso. Traçado perigoso, dotada de cortes estreitos nas encostas, dificultosos ao tráfego de dois automóveis, no encontro com outro, e nos deixava avistar lá embaixo os fundos precipícios ao quais olhávamos temerosos, de coração na mão, com um friozinho na barriga.

Desses pontos críticos o mais arriscado era a famosa Curva da Morte, volteio íngreme, sobretudo terror dos caminhoneiros que transportavam gente e carga nas estradas de piçarra. Os motoristas, impreterivelmente, deveriam trabalhar na companhia de outro profissional, o ajudante, pois, nos locais de maior periculosidade, este descia ligeiro e seguia acompanhando o transporte, calçando as rodas traseiras com uma peça de madeira, o cepo, instrumento abençoado, que evitava o retorno do carro nos instantes de falta de freio ou de força no motor.

Vistos cuidados meticulosos, ainda assim acidentes fatais ocorreram no percurso, fixados na paisagem serrana por inúmeras cruzes, a causar apreensão nos transeuntes. 

Em fase posterior, coisa de 20 anos, houve primeiras e importantes reformas, com novo desenho das piores curvas e capeamento asfaltíco, aperfeiçoando o caminho. Nesse tempo, contudo, já íamos menos ao Tatu, e nas idas buscávamos seguir pela Transamazônica, que corta Várzea Alegre e Lavras da Mangabeira.

Nisso, já no atual Governo, se acha aperfeiçoada a Rodovia Padre Cícero, de valiosa economia de quilômetros aos que viajam ao litoral, obra relevante do governo Cid Ferreira Gomes, a beneficiar todo o sul cearense. Quanto ao primeiro trecho, no entanto, de Juazeiro do Norte a Caririaçu, este, em breve, necessitará, com certeza, de maiores aprimoramentos, dada ser crescente a demanda dos veículos, o que reclama renovação da malha asfáltica e revisão no traçado de algumas áreas.       

sábado, 28 de julho de 2012

Colagem recente


Som do motor da geladeira revira o silêncio olímpico da manhã. As telas dos equipamentos andam frias, só cheias de filmes antigos elaborados nas intenções financeiras, filão que requentado aos tempos dos balcões de bar. Enquanto isto, noticiosos promovem velhos temas de perseguir os bandidos de menor poder ofensivo durante as ações dos magnatas de colarinho branco, fantasmas impunes em seus iates e helicópteros espalhados nos gabinetes de tribunais da impunidade. Tiros em profusão invadem as ruas das grandes cidades e guerras perdidas pelo poder da destruição em massa, coisa vulgar, fora de moda, ainda aparecem nos cantos de páginas. Gente bonita e suas caras enegrecidas pela fama falida, outros tipos de desespero avassalador. O clima que muda em transformações provenientes da sanha devastadora às matas e agressões aceleradas de ganhos fáceis para encher de fantasia a sujeita os mares bravios da técnica. Raça humana derradeira, feras em forma de gente. Lobos e cordeiros convivendo nas mesmas matas desse tempo acetinado pelas festas artificiais dos chefões das máfias. Longas filas engarrafadas. Porre generalizado nas praias da obesidade impune, lentos blocos de gelo que deslizam dos polos e animais extintos que viraram pedras nos filmes do mau gosto. Histeria devassa, esconderijos inexistentes e busca incessante de luz. Estádios cheios da violência nos esportes, retratos grosseiros do presente assustador. Há lugar menos estressante na alma. Esperanças vivas nas palavras, resistentes filósofos que superaram os guetos das cabeças fechadas. Fortes indícios de mudança no sentir dos limites vencidos, desencantos e vaidades abandonadas, largadas nos cestos de lixo das vésperas. Portas que abrem universos existenciais depois dos dramas e comédias inúteis. Tetos da amizade, cantinhos aconchegantes de saúde, boa alimentação e gosto pelas ações verdadeiras, bens simbólicos geniais. Fugir do falso e reconstruir desejos do amor verdadeiro sob as cobertas aquecidas de novas e honestas liberdades. As cores fortes e claras do amarelo, azul, laranja; toques de branco nas nuvens que passam nos céus das manhãs incontidas. O sorriso animado das crianças. Praias limpas, alvas e abertas do infinito das horas em eterno movimento. As flores perfumadas, verdes florestas de rios correndo com água limpa. Pousos de paz e claros indícios de novidades justas aos corações em vibração positiva. Sentir o calor do sol na própria carne, independente dos critérios impostos pela mídia insana. Animação e arte de saber domar a tempestade e conduzir o barco a rumo certo, única solução desse enigma imortal que somos nós.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Prisioneiros do vício


Os prisioneiros de qualquer vício, desde o falar da vida alheia, quais feitores da existência. Depender das contingências deste mundo, arrastar, além até das imperfeições, os rastros da fraqueza humana pelas encostas do abismo. Acordar bem de manhazinha e procurar debaixo da cama, ou da rede, o baseado que fechara na véspera, esquecido que o dia sempre traz cores novas, liberdade. As dependências variadas, a sede do álcool, alegrias passageiras, ilusões arrebatadoras, solidões de multidão, o prazer das euforias artificiais...

Uma vez ouvi disseram que quem faz o que quer está gozando, para explicar o sofrimento dos viciados ao seu bel prazer destrutivo. A gente não quer que assim seja quando vê amigo, parente querido, sofrendo aprisionado às malhas do vício, porém liberdade é dom pessoal, intransferível. E querer auxiliar a quem não quer auxílio cheia a imposição e  impõe decepções mil.

Quantas e tantas ocasiões, pessoas valiosas caem vítimas do vício pecaminoso de drogas, violência, sexualidade, inconsequências pesadas e criminosas a si mesmas. Vidas que esvaem no tempo, tais desavisados, inconscientes das dores que motivam nos entes amados, pais, irmãos, filhos, cônjuges, amigos.
Estirar as mãos aos escravizados de vícios vários custa tamanha impossibilidade, às vezes, que alguns acabam submetidos a resultados indesejáveis de desgosto e morte. No entanto há que se preservar a calma, a humildade perante os acontecimentos da realidade, sob pena de padecer sem resultados visíveis. Seguir na peleja por todos aqueles que permanecem algum tempo nas malhas do vício serve de motivo para lutar. Existem instituições civis e religiosas que cuidam desses dependentes e produzem frutos benfazejos. Evangélicos, católicos, espíritas, umbandistas, etc., mantêm instituições eficazes na luta contra o vício, no mundo inteiro. Pegam a mão dos carentes de socorro e os conduzem a curas inimagináveis. 

A religião atende bem aos necessitados, porquanto o bem transcendental significa lembrar os que buscam um sentido maior para viver. Nisto o serviço do amor e do pão, alimentos de esperança e paz, transformação para épocas melhores, representa o que ensinam os mestres da Espiritualidade.

Quem descobriu mais cedo as chances de equilibrar o barco da própria história, ao observar esses caídos nas dependências, agem com carinho, partilhando com os eles os passos que conduzem à Salvação.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A voz e a palavra


Das manifestações humanas, uma exterioriza nosso conteúdo individual como nenhuma outra. O homem é a sua palavra. A boca fala do que cheio está o coração.

Pensamos livres, porém, após dizermos, o domínio do que foi dito não nos pertence mais.

Uma história ilustra o tema. Filósofo espirituoso, quando indagado, certa feita, a propósito de qual o mais gostoso dos alimentos, respondeu ser a língua. 

- E o pior? - voltou à carga.

- Língua, também - foi a segunda resposta.

E justificou-se dizendo que a língua pode elevar ou rebaixar, sem apelação, construindo ou destruindo pessoas, vilas, estados, civilizações inteiras.

Jesus Cristo enfatizou, nos seus ensinos, a importância da palavra na afirmação clássica: Seja o teu falar sim, sim; não, não, para mostrar a necessidade ímpar de objetividade no que dizemos.

Jamais falar mal de quem quer que seja.

Este esboço ligeiro o fizemos quando organizávamos o que escrever sobre a capacidade que temos de transmitir aos outros o pensamento por intermédio da voz. Montamos frases, cadenciamos estruturas de idéias, sentimentos; acrescentamos conceitos de significados conhecidos. A bela harmonia da fala.

Quantas vezes deixamos escapar oportunidades preciosas de redirecionamento de vida, por não usarmos o termo mais conveniente.

Isto sem que falemos do aspecto mágico, da força que as palavras detêm; pois, no mundo invisível, as nossas manifestações plasmam valores permanentes. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus, do Evangelho de São João.

Possuímos idêntico poder, provindo da Eternidade, para agir pelo condão da voz. Tudo o que falamos não fica apenas conosco só ou com quem esteja na ocasião (as paredes têm olhos e os matos têm ouvidos) e ganha o espaço vibracional sem fim, rumo de registros permanentes. 

As palavras são nossas produções mais sólidas, sementes de trevas ou luzes, de realizações presentes ou futuras.

Quisemos, desta maneira, esquadrinhar o assunto e apresentá-lo para exame. Caso nunca tenha você se detido antes para avaliar, aqui fica esta opinião.