quinta-feira, 29 de novembro de 2018

As cigarras da serra

Sim, esse poder consistente que há na música e chega bem longe por entre as crateras das almas nas dimensões da tarde; cenas audíveis de horas distantes, infinitas, remotas, e inquietas eras que circulam à volta do sabor dos silvos de cigarras lá perdidas entre as árvores, que acalmam os deuses na amplidão e envolvem o oceano das nuvens arrancadas do ser que nós somos fieis testemunhas. Matrizes das filosofias, dos poemas, das músicas, zona neutra ali permanece escondida, olhos, ouvidos e sonhos. Ruídos que escorrem nas veias do instante até pulsar no coração do silêncio.

Nisso, imensa vontade pede conhecer o segredo que circula as consciências mortais na busca de Si, salutar esperança de permanecer diante das ruínas  deixadas pelo Tempo, senhor das eras. Portos distantes, pois, deste mar das existências, sons invadem os vazios de finais do dia. Avançam céleres rumo a desconhecidos, ocasião das noites inesgotáveis, fontes grandiosas do mistério de que tanto carecemos.

O som, os sonhos, sede do viver das criaturas gritam de perfeição no seio do Inconsciente. Nós, seres imprudentes e ambiciosas criaturas de dominar o Destino, heróis dos próprios dentes, donatários da Promessa, apenas deslizamos silhuetas nas paredes sombrias do escuro, pulsações de fantasmas que somem sorrateiros.

Com elas regressa o calor, sinal de novas chuvas neste verão intenso. Linguagem dos que significam a história secreta do Sol, sublimes vozes, falas e religiosidade compõem o presente nas cigarras que invisíveis ritmam o século das dores e das angústias, certezas ainda implumes, revelações do quanto avançar na face do perigo e afagar os desejos da humana felicidade. Amar, amar além da sobrevivência e do viver. As falas dos sentimentos soltas, assim, fibras resistentes da solidão e respondem ao cicio das cigarras, enquanto sorriem feitas almas penadas vagando pelos céus.

O rio imóvel

Dia 12 de novembro de 2018, à noite, tivemos no Instituto Cultural do Cariri, em Crato, o lançamento festivo desse livro, O rio imóvel, romance da autoria de Maércio Lopes de Figueirêdo Siqueira, Maércio Siqueira, natural de Santana do Cariri, Ceará, lugar onde nasceu aos 21 de novembro de 1977. Ainda criança veio estudar em Crato, graduando-se em Letras pela Universidade Regional do Cariri, sendo, também, mestre em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba. 

Houvesse de usar um único adjetivo a considerar o livro de Maércio, diríamos tão só que distingo a obra qual “consistente”, pela força do conteúdo e da forma de encaminhar a história que contém. Visivelmente dotado da verve literária, de fácil percepção, nisso desenvolve enredo no mínimo bem conduzido, mostrando segurança naquilo a que se propõe no decorrer de sua produção de 218 páginas.

Qual diz logo na apresentação, o livro foi escrito há 13 anos e só agora traz a lume em uma edição do próprio autor, de tiragem limitada, com ilustrações de Arievaldo Vianna. Destarte, aos 30 anos, obtém esse resultado de já autor amadurecido no trato do gênero difícil que escolheu estrear na prosa. Narra com espontaneidade a vida de Lucas Rocha, personagem que, depois de galgar sucesso noutras paragens, decide regressar ao seu lugar de origem, de onde havia fugido para esquecer uma experiência dolorosa.

Em uma exatidão dos que dominam o estilo, o escritor executa com maestria e nuances suficientes o desenrolar dos acontecimentos, que prendem o leitor e demonstram clareza nos objetivos colimados. Bom observador, descreve cenas sob crivo eficiente, característica dos romancistas vocacionados. 

É esta, portanto, a minha satisfação de ver em campo o cordelista e xilógrafo Maércio Siqueira agora sustentando a batuta de prosador, o que enriquece tanto mais as benquistas letras caririenses. 

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Explicações

A sede intensa de conhecer, de descobrir o mistério da existência, perguntas perdidas no vazio de respostas desencontradas, isto bem que significa o valimento das filosofias e das civilizações. Alguns dos que mostram alguma sabedoria expendem assim o desejo de saber mais e considerar aonde vão os limites dos raciocínios ansiosos. Tratados se sucedem, pois, no trilho dos deuses e das suas versões desencontradas. Eles plantam nisso o futuro das sementes e dos pensamentos e rendem às tecnologias os poderes materiais da indústria. Somam lucros e armam países. Destroem e constroem à medida do que obtêm no passar da teoria à prática, pouco importando danos em termos dos resultados antinaturais na vida vegetal do Planeta.

Horas a fio elaboram explicações do quanto poderia ser houvesse consistência nos conceitos que formaram. Cavam longos e profundos túneis à buscam de fugir da penitenciária da história, nas soltas dos humanos. Ficções bem elaboradas do ponto de vista das literaturas querem, com isso, a todo custo, justificar os investimentos que nelas fazem os donos do capital junto da Natureza. São vidas, muitas vidas, largadas ao vento dos milênios tornadas escombros, fantasias, ilusões, dores e prejuízos. 

Doutro lado, no entanto, há os místicos, que praticam o senso da observação através do que chamam meditação, contemplação, ioga. Silenciam às asas de descobrir na simplicidade pura, e avançam por meio do ser, invés das avaliações unicamente da inteligência física. Acalmam o desespero, a angústia das interrogações, o fastio da ignorância. Numa espécie de rendição às impossibilidades e das considerações que pudessem ter lá de fora, varrem no sentimento o desejo dos desertos. Vagam perdidos pelas entregas do anonimato e repousam nos oásis das almas em flor. 

Duas posições antagônicas que, igualmente, buscariam tocar o Infinito; cientistas e santos. Relatórios imensos de palavras abrem as portas dessa busca por vezes de frutos bons, sadios, contudo reais só na experiência dos seus autores, porquanto depois apenas propagam alternativas e exemplos ao dispor da tradição de novos atores e sobejos entre Tudo e Nada. 

sábado, 24 de novembro de 2018

Signos

Década de 70. Durante alguns meses eu funcionaria como assessor do inspetor Mário Jofre, da CACEX do Banco nos seus trabalhos em Salvador, auxiliando nos relatórios que ele encaminhava a Brasília. Aos intervalos, íamos ao 9.º andar, onde fazíamos as refeições. Ele, um mineiro que, inclusive, fora vereador em Belo Horizonte; encetamos bons papos nos assuntos mais diversos. 

Dessa vez, sentados à mesa, após fazermos os pedidos, aguardávamos ser servidos, quando veio até nós um colega da agência e conversamos sobre signos astrológicos, de que tratáramos noutra ocasião. E o inspetor ouviu toda conversa. Saíra o interlocutor exato quando chegavam nossos pedidos; Mário Jofre se volta em minha direção e observa:

- Sim, senhor, seu menino. Então o senhor conhece os signos... Pois diga lá qual é o meu signo. 

Colhido de surpresa, busquei terra nos pés, sem querer decepcionar o meu superior, nisso observando que o prato que lhe viera servido continha pura carne, um enorme bife sangrado. Daí pelos indícios, cogitei:

- Bom, inspetor, pelo visto do senhor gostar tanto de carne meio crua, o senhor dever ser Leão.

Com a resposta, o homem se entusiasmou e falou até mais alto, a ser ouvido também nas outras mesas; o restaurante estava quase lotado; elogiava o meu desempenho. Foi quando vinha chegando no almoço um dos gerentes adjuntos da agência, Brito, carioca autoritário, cara fechada, que, naquela época, recebera a missão de botar ordem na casa em relação ao pessoal, respeitado só o tanto entre os funcionários. Ao ouvir do inspetor que eu conhecia de signos, que acabara de acertar o seu signo, e outros elogios, na mesma hora, sisudo, Brito olha e consulta:

- Pois diga qual o meu signo?

Que houvesse ainda mais terra debaixo dos pés; corri a vista pela memória; recorri aos céus; e sem demorar sustentei:

- Sim, deve ser Gêmeos ou Balança. (Nunca passara por isso, nem nas brincadeiras de salão, e duma vez enfrentava logo duas paradas frontais). Dava por perdido, fizera apenas de mera apelação. Quando, na hora, o administrador olhou de cara assustada e considerou:

- Por que Balança? Por que Balança? – Acertara outra vez o palpite.

- É que o senhor é pessoa ponderada, equilibrada... – Com isto, tratei de terminara de comer, e me despedir dos dois, avisando que havia compromisso naquele momento, saindo fora antes de aparecer novo desafio astrológico. Graças a Deus minha experiência no assunto fora bem sucedida.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

As razões de ser assim

Resultados disso que sustenta estar aqui diante de existir, motivos incessantes desse relógio de andar nos trilhos da inexistência na matéria logo ali defronte, sentido único de viver, quais razões de tudo isto, causas e consequências de envolver tantas cabeças no projeto preponderante dos humanos? E haja interrogações de fugas, insatisfações e justificativas... 

Alguns, senão muitos, querem andar em defesa da Lei. Apresentam teses mirabolantes e testemunham revelações que a própria história impõe. Puxam daqui, estiram dali, quais necessários e sapientes, na face deste abismo tenebroso das razões tais que preenchem o teto dos vestígios deixados pelo movimento. Mas qual, a que se destina o processo universal da criação enquanto só assistimos de olhos vidrados o desenrolar de cenas inevitáveis?

Largas respostas ofertadas pelos credos, filosofias, criatividades em forma de versos e prosa, discursos, sermões, livros em profusão, são setas, porquanto das respostas no favo de mel das virtudes e do sentimento escondido. Livres dos pensamentos sórdidos, seguem eles o trilho dos contentes nalgumas ocasiões. Aceitam o que lhes indicam as tiradas geniais e passam de geração a geração de mão em mão.

Foram, serão, muitos desses arautos do mistério a desvendar os códigos da ciência, técnicos de bem dizer, de bem querer. Superam as bibliotecas, os sucessos de bilheteria e alimentam sonhos e visões do Paraíso. No entanto quanto a quê, aonde morar em caráter definitivo? Sabedores dos mapas, onde persistirá o território dos céus? Luzes, luzes, luzes...

Querer ouvir o silêncio dos infinitos e da solidão, abrir as portas da liberdade e ser por demais quanto ouvir o grito suave das horas... Aceitar as condições impostas pela determinação do Ser. Rever heranças da Civilização e deixar transcender o burburinho das ilusões. Abandonar ao vazio o eco das atualidades durante o tropel dos animais. A entrega, o corredor das decisões individuais, vem dormir no seio da Paz dos tempos à luz das interrogações.

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Noites impávidas

Esses tempos só de luta, horas mil de aflições e dúvidas, mais de ficção de horror que das doces comédias dos antigamente quando a humanidade atravessava turnos de egoísmo, interesses exclusivos de poderosos, diante dos sóis menos quentes. Horas de incertezas, águas turvas e feras assustadas, no entanto das largas perguntas quanto aos motivos de aandar aqui, cidadãos do Infinito. - Senhores de longas histórias, a quê viver tudo isso face ao desconhecido?

Estradas abertas a todas as possibilidades, nos resta o sentido de aonde chegar perante as ásperas montanhas lá dos céus. Somos eles, os argonautas, caçadores da arca perdida, conquistadores de mares abertos em nós, a alma da consciência, detentores da Criação maravilhosa. A própria resposta viva dos séculos, eles, os gladiadores do depois.


Sequiosos, pois, do encontro consigo mesmos, a nau sem rumo parece viajar na deriva, contudo plena de razões de ser, mostra das cores do futuro e sinais de salvação. Horas mil de ficções inevitáveis, certezas da pura incerteza, a significar a razão principal de andarmos no frio invisível das horas ao som do silêncio absoluto. Sujeitos das visões do Paraíso, assim tangemos o rebanho dos dias feitos abandonados dos esquecimentos.

Bem isto, a existência dos humanos, indagações em forma de alimárias do destino. Sacudidos pelas águas turvas do furor das gerações, meras fagulhas dos pulsares e quasares, arrastamos pés na lama e na poeira da jornada ocasional da vida, e chorar e rir e preservar o nada ao sabor dos acontecimentos. Indagações abertas do esquecimento, escafrunchamos a lata do lixo cotidiano e nutrimos de sobrevivência os trapos que, farrapos, passam ao vento. 

Centremos nisso, nessa interrogação, de porta em porta, os planos das civilizações, e daí cuidemos de achar no coração a resposta definitivamente. Perlustrar a securas dos calores e o drama dos insetos da forma clássica de viver com honra e seguir o mistério da fé soberana. Tenhamos paz, alimentemos amor na trilha dos bárbaros e sejamos Um enquanto as luas se sucedem no íntimo das pessoas.

sábado, 17 de novembro de 2018

Meu Tio Quinco

Joaquim Bezerra Monteiro, eis o seu nome inteiro, o mesmo do avô. Irmão de minha mãe e meu padrinho de batismo, foi companhia próxima de minha família desde o tempo em que morávamos no sítio em Lavras da Mangabeira, aonde ia sempre nos ver e passar conosco alguns dos dias sertanejos. À época, possuía um jipe e fazia viagens com Dr. Jefferson Albuquerque, nas suas vistorias para a Carteira Agrícola do Banco do Brasil. Lembro que, numa dessas vezes, quando lá passaram, fins de 1954, pouco tempo antes de nos mudarmos para o Crato. Na ocasião, Dr. Jefferson levou e distribuiu com os meninos moedas de 20 centavos com a efígie de Getúlio Vargas. Abriu cartucho de moedas novinhas em folha, douradas, motivo da satisfação da garotada que as recebia.

Meu pai desenvolvia providências para iniciar atividades profissionais ao lado de meu tio Quinco, sócios numa serraria que instalaram. Compraram terreno e máquinas, e trabalharam com sucesso. No começo, deixava a família no sítio e só retornava aos finais de semana, até o dia em que nos transferimos de vez para o Crato.

Ficamos instalados na sua casa, na Rua José de Alencar, enquanto meu pai alugava a nossa, na Rua Padre Ibiapina, Bairro Pinto Madeira, vizinha da serraria. Dinâmico e incansável, cuidava da propriedade que seu pai deixara ao morrer, em 1946. O Monte Alegre, sítio dos brejos da Batareira, com engenho de rapadura e alambique de cachaça, que administrava para a manutenção dos irmãos, os quais orientou e custeou os estudos, Vanice, Neide, Nailée, Nertan, Nairon, Neidje-ieb, Neimann, Nairton e Nirson. Com a perda do meu avô, por ser o mais velho dos filhos homens, lhe coubera, pois, zelar pelo patrimônio da família e fazer render o suficiente para a manutenção de todos. Eles eram pessoas que se destacaram pela inteligência e dedicação dos livros, lutadores; devido à liderança dele, encontraram desiderato e acharam os meios de trabalhar, formando suas famílias e crescendo nas profissões escolhidas. Enquanto isso, Quinco fornecia os recursos financeiros, nessa primeira fase dos empreendimentos.

Mais adiante, veio morar conosco, na casa da Padre Ibiapina, um bangalô de dois pavimentos e ampla área em volta, cercado de mangueiras. Ia com frequência ao Rio e a São Paulo, na segunda metade da década dos anos 50, a fim de comprar carros, que os revendia no Cariri. 

Ele sempre me distinguia com suas atenções, devido ser meu padrinho e estarmos sempre próximos. Nos seus retornos do Sudeste, por diversas vezes trazia presentes, que hoje me aparecem como lembranças felizes da infância. Recebi, certa vez, um dragãozinho a corda, que, ao andar, soltava faíscas pela boca; um helicóptero, que rodava girando a hélice; roupas diferentes; e outros mimos que tocavam o meu afeto.

Depois casou com Tia Lisieux e vieram os filhos, Marco Antônio, Dante, Alana e Monteiro Junior. Moraram algum tempo no Crato e seguiram para Fortaleza, onde viveram em torno de uma década ou mais um pouco. Víamo-nos constantemente nas suas vindas ao Cariri. Aqui dispunha de uma propriedade no município de Juazeiro do Norte, o Sítio Coité, nas imediações do distrito da Palmeirinha, com engenho que manteve após vender o Monte Alegre, no Crato. Retornava com assiduidade o ano todo, e mais nos períodos de moagem, e administrava rebanhos bovinos que também preservou em uma área de serra para as bandas do Pernambuco.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Essas lembranças vagas

Fragmentos do tempo espalhados no sol da manhã que canta alto as canções e refaz os sentimentos. Espécies de montanhas de recordações, a melodia toca os silêncios da gente. Então, regressam horas que sumiram entre horas outras, tralhas e momentos. Todos as temos flutuando o íntimo desses espaços reais guardados de infinitos. Pessoas. Ocasiões. Lugares. Luas. Enquanto a fita do instante percorrerá as catracas do firmamento. Quanto de vontade que ficassem eternas nos estios daqueles destinos alegres que logo iriam embora vadios, na ingratidão de nem permanecer ou explicar motivos de esquecer.

Chances outras e bons fluidos, abraços apertados, beleza de tantas e perfumadas flores. Livros saborosos, filmes inigualáveis, passeios, amigos. Quanta gargalhada em cavernas longínquas do espírito humano. As baladas dos Beatles, as ruas largas abertas aos ventos da liberdade. Promessas de paz durante a Guerra do Vietnam. Ideais intensos de possibilidades que ainda persistem de a imaginação um dia chegar ao poder...

Os corações, a pulsar forte no transcorrer das velhas ilusões, viram pedra tosca, contudo em forma de novos desejos. Luzes. Palavras. Sonhos. Nisso, os rios correm lentos nos amores que permaneceram dentro das pessoas, pois prosseguem aonde formos e teremos, outras vezes, que descobrir a razão de ser, estar e permanecer. Tais pedaços de nós mesmos, a luz do dia rebrilhará nas entranhas das nossas consciências à procura de céus.

Eram os anos 60, no calendário de séculos. Assustados pelas notícias, andávamos à busca do tom das fantasias, atores de dramas e senhores das lendas. Épocas que deslizaram soltas no mecanismo da existência e formaram as nuvens do panorama visto da ponte desta vida. Sós, donos de si, percorremos o trilho das visões e sustentamos o dever continuar a qualquer custo, livres do desaparecimento. São elas, as florestas do inesperado em que, imortalidade à parte, as receberemos a troco de quase tudo, ou nada...

domingo, 11 de novembro de 2018

Francisco José de Brito

No âmbito das comemorações dos 65.° aniversário do Instituto Cultural do Cariri, recebemos em Crato a visita de Francisco José de Brito, filho natural do município e repórter da Rede Globo de Televisão. Filho do Cel. Francisco José de Brito (Chico de Brito), um ilustre personagem da história regional, Chico José nasceu nos brejos da Batateira, próximo do núcleo urbano, aqui permaneceu até dez anos de idade, indo desenvolver formação na cidade do Recife, em Pernambuco. (Em Crato estudara no vetusto Seminário São José durante dois anos, nas séries do Curso Primário).

Hoje Francisco José representa um olimpiano na classificação dos tempos atuais quanto aos que estabelecem forte imagem pessoal através dos meios de comunicação de massa e participam cotidianamente no dia-a-dia das populações, espécie de entes mágicos e platinados. Exerce há mais de 40 anos destacada figuração através de reportagens notáveis da Rede Globo de larga audiência. Inteligente, carismático, audaz, conhece como poucos o mundo inteiro. Visita em atividades lugares de todos os continentes a destacá-los em brilhantes documentários pela mídia televisiva, coberturas inéditas e arriscadas. Sem sombra de dúvidas, exímio jornalista e competente no que desenvolve em sucesso reconhecido décadas a fio.

Porém o que veio evidenciar junto aos seus conterrâneos, nesta visitação de três dias, foram características de uma personalidade humana afetuosa, agradável, simples, espontânea, o que demonstrou nos momentos a quantos puderam privar da sua presença nessa hora.

À noite da sexta-feira, dia 09 de novembro, no calendário das festividades do aniversário do ICC, no qual preenche cadeira na Seção de Artes e Ofícios, juntamente com os ex-membros Manoel Patrício de Aquino e José de Paula Bantim, estes in memoriam, o jornalista viu-se agraciado pela Comenda Irineu Pinheiro, do órgão de cultura. Isto ocorreu logo na abertura de festa dançante adrede promovida no Crato Tênis Clube. Francisco José de Brito recebeu a comenda diretamente das mãos de Jales Figueiredo, filho de José de Figueiredo Filho, um dos fundadores do Instituto Cultural do Cariri.

Assim, registramos este que consideramos ponto alto das nossas homenagens ao primeiro sodalício cultural da Região caririense que demonstra vitalidade e cumpre a missão de preservar os feitos históricos desta heroica coletividade.

Grato, Francisco José, pelo carinho de sua presença entre os que preservam a nossa cultura. 


sábado, 10 de novembro de 2018

O silêncio das flores

Tardes assim, mornas, silenciosas, enquanto, sobranceiro, ele, o tempo, percorrer tudo quanto habita os mundos em volta. Que paz em corações ansiosos, no entanto. Amor de braços dados circula pelas entranhas do Universo e indica o sentido absoluto à alma da gente. De algum lugar, de todos os lugares, pousos e jornadas intermináveis. 

Um senso de plena beleza e essa luz das existências na consciência calma à força da necessidade; à imposição dos destinos. Palavras quietas depois de conhecer a razão que tudo rege. Só um silêncio forte grita mais alto e pede leveza às nuvens lá longe vagando pelos céus. Vontade imensa de permanecer ajoelhado diante dos santuários da verdade mais pura e poder exercitar esse equilíbrio que principia dominar o espaço e sustentar a fragilidade dos elementos em festa.

São só pensamentos, as angústias que ainda doem por dentro, contudo nada além disso, que permite desvendar e viver. Por que, então, se render na perdição dos sofrimentos, das saudades e insatisfações, vez existir a firmeza de sonhar o céu e amar o Sol?!

Vez ser de tal maneira as aflições do desespero, há de haver meios de salvação a todo instante... Agir no âmbito das individualidades e crescer ao prumo das possibilidades, matriz das religiões e braços do mistério e das revelações.

...

Pois bem, é isto o silêncio das flores. Admitir as certezas inevitáveis do tempo e suas atitudes sem par. Buscar conhecer a si mesmo e ler nas entrelinhas dos dias, feitos autores dos planos da humana felicidade. Traçar os argumentos de séculos perdidos e acender a luz Realização do ser. Senhor das estações também dos corações, Ele transita entre nós e abraça o momento das histórias que hão de vir nas malhas da esperança. E saber que plantar guarda esta convicção, de todas as respostas exatas da eterna Justiça. 

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

A dança das horas

Pequeninas partículas de infinito eis que circulam soltas neste mar de circunstâncias, isto que significam os seres diante do eterno que vem e logo desaparece a olhos vistos. Eles, meros acasos suspensos no ar feitos faíscas e pétalas. Folhas esquecidas ao vento. Tempo. Ausências de permanência definitiva. Vazios. Só o estridente senso de antes nas curvas de depois, e nunca mais. Balanço de horas bem guardadas na barriga do impossível no passado inexistente. E nisso, nesse palco de proporções invisíveis, os elementos em queda livre vagam no vácuo; sonhos deixados sob as camadas de matéria orgânica do que foi e o sabor das existências findas.

Meros senhores do inútil, protagonistas circulam de olhos presos nas saudades de ontem que ainda persistem na memória de amanhã, nem existem no entanto, se é que existiram lá um dia qualquer. Vaidades desfeitas nas ilusões e máquinas de incertezas certas, portas abertas ao teto do desconhecimento que permanecerá junto da alma dos que se forem.

Nesses desenhos de giz no azul do céu, vamos nós as alimárias da desconstrução, seguindo a festa da felicidade impermanente sob os passos firmes da Natureza. Mesmo assim, há que trabalhar sempre, aprender, elaborar as palmas da dança do Tempo, pai e criador, escultor das encruzilhadas, dos momentos e acontecimentos, normas e contradições, na escola do único aprimoramento humano.

Autores da consciência de si, dormem debaixo da glória do que viveram e aceitam as aventuras e os jogos, enquanto passa o nada em flor e tudo permanecerá durante a presença dos atores, milenária sinfonia das multidões, ação e mecanismo das possibilidades individuais. Ora são palavras; outras, emoções de não caber dentro nessas pessoas que assistem filmes da existência, e admitem flutuar nas ondas do firmamento. A orquestra executa suas partículas de mistério e adormece suavemente ao carinho dos filhos entre estrelas e naves longes pelo espaço inevitável de estar aqui.

domingo, 4 de novembro de 2018

As luzes do caminho

Que outro ser seremos nós diante do todo imenso que descortina os dias? Pequenas fagulhas em processo de libertação, isto somos já agora ainda menores do que preveem as pretensões humanas. Restos, pois, de natureza que conduzimos vida afora, farnéis de ansiosos sonhos e repasto de gigantes em desafio, olhos abertos ao tudo em constante movimento, tão só observamos os raios de sol que iluminam a estrada de infinitas surpresas e prósperas realizações. Seres consequentes, isto somos, há destinação no que agimos, sempre. Entes dos ideais da Existência, tangemos nossos próprios rebanhos, os pedaços de si e os destinos. 

Tais viajores das ondas do tempo, deslizamos pela história que ultrapassa limites e valores, e queremos usufruir das condições intransponíveis de conhecer a que viemos e sustentar a barca nos terreiros do céu esplendoroso. 


Alguns lançam corpos inteiros na sede do prazer, o que satisfazem de imediato os sentidos. Apreciam excessos e disso têm alternativa. Largam a herança de tempo a que se sujeitam tão só no apego dos instintos. E quem pode julgar, conquanto a isto possuem força de fazer? A quem dizer que ajam diferente, que plantar é colher a pátria do futuro? E o que disséssemos, quem ouviria sem querer ouvir?!

Vez pisar nas leiras do sacrifício e conter os apetites do chão, o que dói e judia, poucos sabem quando a tanto experimentam fazer dessa opção. No entanto veem assim o prêmio das vitórias e as flores da estação daqui a pouco. Raros, contudo, aceitam pagar de bom grado esse preço que lhes ensinam os santos nas suas doações de tudo ao senso único da Iluminação definitiva. Olham de lado, adiam as decisões de vencer a si e dominar o fugidio. Oportunidades as temos, entretanto. Nisto andamos à busca do Sol.