Nós, assim, soltos neste oceano de ilusões, que vão e nos larga de volta, borbulhas de uma praia sideral, imensa... Peças do vestuário invisível das peças encenadas no palco das tradições abandonadas. Agora, sim, pequenos animais vagando soltos num deserto de infinitas proporções.
Tudo que fala dessas cores do tempo em formato de raízes dizem do ser que somos, razão dos códigos de todos quanto há e nas mãos de um só, contudo sendo ele o autor dos próprios roteiros e objetivos. Contar o quê, divisar aonde, aceitar que motivos de estar neste sítio de infindas proporções? Espaço sem limites, entretanto preso ao quê das dimensões, sujeito aos valores inevitáveis e fincado nas bases desconhecidas do insólito destino.
São incontáveis seres sujeitos a determinações que tangem o barco a correr nos dias; joias de um brilho sem par, entregues aos mendigos e as feras, que experimentam, copiosamente, o sabor de fazer delas o anzol dos infiéis e sorvedouro das inocências, das meras aparências, no enlevo das certezas e portos seguros dos amores definitivos.
Nós, muitas vezes pássaros suaves e asas do depois; qualidades; astros em formação nos céus da liberdade... Olhos que acedem ao cair dos mistérios e dos dias... Contudo caminhos limpos da plena existência que virá da Criação...
(Ilustração: Colagem, Emerson Monteiro).