sábado, 30 de agosto de 2025

Um salto no desconhecido


Antes de quaisquer outras considerações de ordem prática, posso também dizer que essa coisa de morte não me atrai nem um pouco, seja para falar dela ou nela, porquanto desconheço o assunto do mesmo tanto que a grande maioria das humanas criaturas, com a exceção de haver lidado com as coisas do Espiritismo em inúmeras palestras, e repetidas vezes abordei o tema da reencarnação, que diz que o espírito não morre, retornando ao plano espiritual, ou mundo errante, para se preparar e de novo vir à Terra, seja na família donde se foi, ou noutra, aonde irá desenvolver seus estudos de eternidade e resgatar débitos antigos, das vidas anteriores, até chegar o dia da purificação, estágio a que todos se conduzem no fio das vidas.

Nada melhor para manter as afeições deste mundo do que a reencarnação, quando nos apegamos aos com os quais vivemos, achando nisso justificativa bastante para os reencontros futuros.

Morrer, transação solitária o suficiente a que se arme paralelo com o nascimento, o que representa, no entanto, um desaparecimento das percepções dos sentidos aos que vêem sumir adiante os que somem, nos bastidores da vida, indo a portos distantes fora do invisível mundano.

Não poucos dão notícias, via mediúnica, daquilo com que se depararam do outro lado, após deixarem o corpo físico aqui no chão dos mortos. Os materialistas, no entanto, aguardam provas provadas do que irão defrontar no seguimento dessa matéria em estado perecível. As pessoas que perdem entes queridos se ressentem da ausência de instrumentos comprobatórios dessa vida após a morte, rendendo-se, nos instantes de aflição, oportunidades ímpares, às mensagens que venham de receber pelos médiuns, ou através de sonhos, visões, intuições.

Na época da Segunda Guerra Mundial, em Londres, Inglaterra, proliferaram à fartura os mensageiros do outro mundo, para efeito de consolação das famílias que perdiam seus filhos amados nos campos de batalha do Continente. Jovens bem formados, descendentes de estirpes tradicionais e afeitos aos confortos do capitalismo, perdiam o corpo físico face à agressão hitleriana invasora, alastrando de sombras a civilização inglesa. Vem desta fase o livro Raymond, escrito por Conan Doyle, o autor conhecido das aventuras de Sherlock Holmes, que aderiu às idéias espíritas, inclusive a escrever uma “História do Espiritismo”. Doyle foi um desses pais que perderam filhos nos combates da guerra, reunindo, em conseqüência, os elementos que lhe deram a real convicção dos trâmites posteriores à vida, quando se registra o extremo desaparecimento por motivo de cessação do corpo.

A sombra que circunscreve a extinção da vitalidade persiste na área do impalpável para faixa enorme da cultura, nos diversos povos. As obras Allan Kardec falam detalhes de como ocorre essa passagem, em “O livro dos espíritos”, que aborda a parte filosófica da doutrina dos espíritos e responde às inúmeras perguntas sobre a vida depois da vida, com dados recolhidos por meio da mediunidade e lançados em livro no ano de 1857, em Paris, França.

Enquanto isso, cada um por si busca compreender a necessária condição da morte junto aos fenômenos do Universo, procedimento a que a Natureza condiciona o encerramento dos dramas e dos prazeres num único gesto, mistério profundo da vida que se fecha sem deixar rastros.

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