Dos poucos rastros deixados pela imensidão dali nascem os sonhos. Sair a procurar do crivo dos desejos. Pontear guitarras estonteantes nas danças dos derradeiros significados de antigamente. Folhas sucessivas de imagens guardadas lá no íntimo, que em breve se apagarão, quem sabe quando? Nisto, o barco das madrugadas desce pelas encostas do mistério. Conquanto repetir as façanhas dos heróis a isso constituam as horas inexistentes.
Transcorridos lá que foram séculos e séculos a fio, logo
depois vêm as cinzas. Passos incertos largam no vazio seus derradeiros espasmos
e somem dentro dos céus quais seres resistentes ao Sol. E nessa aventura de
compreender as cores do Universo eis que de novo reveremos os sinais daquilo
que ora somos, imortais em movimento. Há qual o que um espelho inesgotável de
tudo, por isto, nas migalhas ao vento, relíquias das primeiras histórias, dos
primeiros monarcas.
Vistos, pois, a olhos nus, esses derradeiros encantos
preenchem o tato do firmamento. Construções. Alaridos. Silêncio. Dotes do Infinito
assim resistem ao furor do Tempo. Somos tais o quê, qual, portanto. Minúsculas
fábulas de noites calmas. As imagens que regressam e brilharão outra vez ao
nascer dos novos dias, que justifiquem o amor de estar aqui na face do Destino.
Sons. Visagens. Impulsos. Um tanto de riscos quase invisíveis ora cobre os
edifícios da imaginação e mergulha na alma das criaturas feito alicerces do que
virá certa feita, passados que sejam os apegos só imediatos.
Isto vemos nítido ao divisar a claridade dos invernos na
clama das derradeiras ilusões. Adormecem no seio da visão aqueles mesmos
senhores de antes. Nós que o fomos, aqui de novo a conter o coro dos anseios. Quaisquer
sobrevoos indicam a quantas luas pereniza o futuro dessas almas.
Daí o senso a bem dizer impossível das flores, dos filhotes,
dos autores. As letras, as palavras, os acordes que crescem a todo momento e nutrem
de sonhos o vazio, nos seus antes e derradeiros espasmos...
(Ilustração: Arte egípcia).
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