quinta-feira, 25 de abril de 2024

As frias malhas do Destino


Algo qual fôssemos meros instrumentos de pensamentos que se sucedem no acontecer do Tempo e ficamos restritos a imaginar pudéssemos determinar o que seja ou venha a ser, o que quer que fosse. No entanto isto de uma perfeição a toda prova nos mínimos detalhes de um todo harmônico, circunstancial, pré-estabelecido em bases definitivas a todo instante, a ponto de aceitarmos a forte impressão de estar no comando do que ocorre e nos rendemos aos frutos, por vezes, até convictos de autorias e resultados da gente mesma.

A escolha entre liberdade e determinação fica, contudo, sujeita à limpeza dos métodos utilizados e aos princípios a que devem coincidir, lá nas profundidades, com aquilo que devêssemos fazer, porém tais enigmas a decifrar de parte a parte nos seres ditos inteligentes. As peças desse jogo vivem acesas nas nossas mãos. Enquanto isto, também significamos entes de um outro jogo grandioso de um tudo ou nada, enfim. Vagamos, pois, entre os teares de um Autor maravilhoso que sabe muito e mais do que o pouco que ora transportamos.

Daí, horas sem conta, padecemos da síndrome de coautor dos resultados, contanto esquecidos das suas bases inevitáveis, quais vida e morte, morte e vida. Mundo físico. Mundo transcendente. Sexo. Amor. Desafios. Felicidade. Entes infinitesimais num horizonte ilimitado, imortal.

São multidões incontáveis de composições em movimento, dentre elas aqui estamos. Mundo indivisível, quer-se fugir sem haver alternativa de fuga. Sonhar. Criar. Tocar os laços do Infinito e pernoitar à margem dos rios da sorte. Nisto, dúvidas não persistem de que sejamos parceiros neste tabuleiro monumental dos tantos valores, sentenças e reajustes.

Assim, numa barca  singrsndo os mares das existências, apenas nos consideremos expectadores e aprendizes do painel das horas, e adormçamos sobre nós mesmos durante as luzes suaves da Eternidade.

terça-feira, 23 de abril de 2024

O sentido somos nós


O quanto há de haver vive, porém adormecido, na alma de todos. E existir tem disso o real significado: Acordar das ilusões. Achar a si mesmo no seio do coração. Frações de um todo, reunimos tal poder de unir a consciência em volta dos destinos. Enquanto que deslizamos na superfície, feitos água que passa nos riachos rumo dos oceanos. Afeitos à essa busca de algo no âmbito do vazio que ora transportamos, vez em quando desperta alguém nalgum lugar. Às vezes silenciosamente. Doutras a causar espécie.

À força dessa compreensão, que possamos divisar o senso e revelar o mistério de que somos parte. Viver é isso, caminhar pelas trilhas do Infinito e, de uma hora a outra, sacudir as bases da nossa essência imortal e completar um processo iniciado desde sempre. Nas mínimas atitudes, nos objetivos traçados, construímos o destino de tudo. Estamos aqui neste sentido absoluto da superação dos limites até então impostos por nós mesmos.

Enquanto isto, o quadro visível da realidade apenas presencia o que faremos face a face do que já existe. O mais oferece os meios a que descubramos o sentido sonhado e nos solucionemos, portanto. Quais sejam os métodos e as práticas, assim os céus se nos revelarão a qualquer tempo. Ser sincero consigo e as luzes acenderão a presença do ser em si.

As caligrafias, os enredos, as aventuras, são formatos distintos do Sol através de todos nós. Vivenciar a condição humana significa ultrapassar o espaço restrito das horas e dos territórios, e pedir paz ao Senhor que habita no mais íntimo. O ritmo da Natureza pede, aos seres que somos, a melodia suave da Eternidade donde viemos e à qual lá um dia retornaremos de bom grado. Autores da própria epopeia, aqui tocamos esse barco das histórias a meio de tudo quanto assistimos de olhos bem abertos.

(Ilustração: Reprodução (https://hypescience.com/a-consciencia-humana-cria-a-realidade/).

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Ainda sem destitno



Neste sábado, 29 de maio de 2010, circulou pelos jornais a notícia da morte do ator norte-americano Dennis Hopper, diretor e coadjuvante de Peter Fonda e Jack Nicholson, no filme Sem destino (Easy rider), película que marcou os anos 60 e sua geração perdida.

Esse clássico enfoca, sem meias tintas, o drama daqueles finais de século, numa fusão sintomática de drogas, sexo e ânsias existenciais da juventude, busca desesperada de encontrar o promo do crescimento tecnológico impaciente e recheado de fascismo opressor, frieza inútil da macroestrutura capitalista materialista, institucional, avassaladora.

Ao lado deste, um outro filme, o inglês Depois daquele beijo (Blow-up), do diretor Michelangelo Antonioni, também refletiria com vigor o quadro sem saída que se desenhava no horizonte das eras e previa nuvens de impossibilidades reais da política, no futuro das próximas décadas mundiais.

Eram tempos de profundas divisões de águas, auge do movimento contestatório dos hippies, quando jovens de todas as classes sociais do mundo se espalhariam, a circular feitos formigas atônitas, catando possibilidades apenas imaginárias, a fim de tranquilizar a consciência das intuições que prenunciavam geopolítica infame a subjugar o âmbito das pessoas humanas.

No roteiro de Sem destino, dois fiéis representantes da contracultura viajam de motocicleta entre as cidades americanas de Los Angeles e Nova Orleans, cruzando impávidas o território estadunidense.

No longo itinerário, sentem de perto a liberdade do espírito aventureiro a lhes sacudir os longos cabelos, pelas estradas desertas, imprevisíveis, expostos e submissos às circunstâncias do acaso desafiador, porém confrontam os habitantes reacionários das povoações interioranas por demais preconceituosos.

Campo aberto para avaliações do tempo histórico totalitário da época, o filme apresenta com sucesso as marcas frias da mentalidade que dominaria logo mais os quadros planetárias posteriores à Guerra do Vietnam e, um pouco adiante, à queda do Muro de Berlim, portas atuais de outros absurdos totalitários.

Em rápido apanhado de verdadeiro profeta, ao término da narração, Dennis Hopper chocaria seus contemporâneos, que aguardavam final menos infeliz, com a explosão amarga da destruição dos dois personagens, cena de uma tocha de fogo produzida pelo disparo das armas dos seus perseguidores. Algo equivalente à incapacidade reconhecida de mudar o sistema plenipotenciário em que se reverteu o sonho das realizações ilusórias deste chão que foge ao contato dos nossos pés.

Hopper tinha 74 anos e morreu por volta das 8h15 deste dia, cercado por familiares e amigos, disse o seu amigo Alex Hitz.

domingo, 21 de abril de 2024

As próximas dimensões do inesperado


Reuníssemos todos os filósofos e videntes numa única faixa escura das malhas do Destino e de lá receberíamos, com certeza, tudo quanto até agora esperamos das frestas que ficaram largadas no passado. Juntos eles todos e, de repente, sumiriam mar adentro nos restos desses escombros revelados em pedras e pergaminhos. Talvez viéssemos a padecer doutras síndromes diferentes das que ora transportamos no íntimo nas abas do mistério. Poucas, ou nenhuma, chances ficariam da herança insuficiente que guardaram os museus espalhados pelo mundo.

Conquanto seja assim as vagas e o vento daquilo que passou, ainda desse modo permaneceríamos intactos a observar o Tempo e as normas do absoluto que tanto desejamos interpretar desde sempre. Encontrar as marcas aqui deixadas do vivido é assistir quantas vezes e de que quase nada aproveitar, porquanto as antigas guerras continuam e as feras permanecem soltas a devorar os trastes absurdos de tudo aquilo que se foi pelo esgoto da História. Olhar uns aos outros e enxergar tão só fome e destruição da paz alheia, vergonha de tantos e lucro de ninguém, mera vaidade cruel, nefasta. Armas. Armas. Armas.

A cada manhã de novo essa procura desconexa e à toa nos monturos esquecidos do lado de fora, nos planos vazios da inutilidade. E perante tais considerações, o que fazemos que não seja apenas repetições descabidas, desnecessárias, das safras do desgosto?... Bom, digo e faço parte desse todo insuficiente da gente mesma, dos que aguardam os melhores dias das escrituras. Há tanto de interrogações que um século é pouco a conter e revelar. Vamos, no entanto, por força dos céus, à busca doutras horas que sejam obviamente dadivosas, sinceras e dotadas de um amor pleno, o que nos indica as chances da tão sonhada Felicidade.

sábado, 20 de abril de 2024

Emoções, instintos e sentimentos


Numa única nuvem eles ultrapassam voar o céu em si. Restos de folhas secas em movimento pelas estradas desertas aceitam o vento forte dos fenômenos, e sonham. Lá de dentro vem o Sol. Qual paisagem de épocas remotas, os primeiros instintos que surgiram ao nascer do dia vêm na mesma velocidade e surpreendem a todos. Por vezes mudanças de clima, alterações na superfície da Terra, cheias e devastações das dunas desse deserto donde brotaram as primeiras flores.

Persistem sinais que vagam na superfície dos mares. Meras visagens de tons avermelhados iluminam as encostas. Daí chegam indagações constantes quanto ao que significaria tudo isto que toca os sentimentos.

Sei que existe uma sequência original assim prevista desde sempre, de quando as notas primitivas desta sinfonia inextinguível da existência vieram à tona. Quais dedos a tocar o piano da Eternidade, trotamos passos na crosta palpitante dos dias. Quer-se saber mais e mais, no entanto muralhas imensas contornam as lembranças de um firmamento distante.

São todos partes da unidade que forma o andamento de sequências inevitáveis. Nós, seres ainda incógnitas, aqui atentos a olhar o cenário das luas todo tempo. Quiséssemos querer, de verdade, e ser-nos-íamos profetas dos próximos acontecimentos em fase de revelação. Nisto, a Verdade já existe, reservada sob o manto de civilização que dorme a sono solto no segredo perene das eras.

Trastes esquecidos, pois, nos balcões de magazines solitários, iniciamos gradualmente os primeiros acenos dessa história que germina pelos corações. Senhores de cada instante, ela deixa nascer o senso na alma e sorrir aos primeiros acordes de uma manhã de festa noutras superfícies exóticas, desconhecidas até então.

(Ilustração: Ieronymus Bosch).

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Sem título


O ritmo distante das águas que correm no prumo do litoral descreve esse percurso inesquecível das décadas que agora circula na alma da gente. Pronuncia longos roteiros dos filmes quase perfeitos das ações que o mistério encobre nas folhas do tempo e substitui pela saudade, deixando marcas profundas nas fibras do coração.

Em nossas estradas lá de dentro nisso restam reunidos silenciosamente os âmbitos e pessoas que ficaram para trás, inscritos, porém, nas grutas ensombradas da consciência, enquanto cá fora novos céus abrem suas portas ao horizonte e chegam outras percepções na indústria do inacessível feito de vozes e cores.

Os humanos são isto, partículas à busca de aventuras pelos rincões da dúvida. Padecem, insistem, perfazem milhões de outras pequenas histórias que, somadas, constituem a existência de todos. Horas sem conta desejam habilmente superar o vazio e terminam dele prisioneiros. Criam novos argumentos, alimentam de sonhos a espécie que transportam e caminham incertos ao mais íntimo da Eternidade sem levar nada  do que aqui construíram. As ideias bem isto significam, diálogos de si para consigo entre as esquinas do deslumbramento e do Ser.

Poucas vezes, no entanto, haverá espécie menos senhora de si face ao anseio das horas. Quer a todo custo sobreviver à voracidade que lhe devora e sorrir num estranha felicidade aparente. Quantos sonhos assin no transcorrer das noites e na febre soturna dos desertos em movimento. Bom, nisto as letras inundam de palavras o leito dos papeis e todos saem às ruas na procura dos raros instantes de são feitos.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Nalguma dessas manhãs chuvosas


Quando nem sei direito a que se propõem as letras e as palavras, neste universo já inundado de letras e palavras e de pouco entendimento, a meio das aparentes contradições sigo adiante. São tantas leis, quantas histórias a saber, quantos sons espalhados neste chão, às vezes até silenciosos, que, no entanto, cobertos de interrogações e farpas, o que conta pouco no plano de expectativas, e todos olham os céus, imaginam e dormem astutos e persistentes.

Há ocasiões, quando revejo algum dos livros que carrego desde longe, e quase admito que eles também sabiam o que viria depois e quase nada do que quiseram dizer eu ouvi no percorrer do firmamento. Alimentaram velhos sonhos que ficaram lá atrás, transportados fielmente nas viagens que fiz. Quero, porém, rever as velhas emoções daqueles tempos e apenas refaço, na memória, o percurso dos itinerários, a sete capas, no âmbito da existência. Prosseguem ali pelas estantes quais bichos familiares os quais nunca resolveram fugir, por certo acomodados entre cobertores e fronhas horas a fio. Nisso existem qual entrosamento de regressar a qualquer instante e trazer os jeitos improvisados de viver. Falam disso, gritam mesmo nalgumas ocasiões, outrossim meus instintos, minhas ausências, pedaços de mim em órbita, tais meteoros abandonados, passam apressados.

Quisesse prever o que virá adiante e aceito que algo chegue, decerto,, porquanto do antes é que nascem aqui onde estou, em meio aos escolhos do que resta das poucas virtudes, sem contar as experiências a dizer as lições.