terça-feira, 2 de setembro de 2025

A solidão da liberdade


Espaço inexistente a meio da vontade e do Ser, nele milhares vagam. Desfazem os laços do Destino, ou os saboreiam com maior intensidade. Vultos sombrios desfeitos em poeira, dali renascem pelas quadras da imaginação. As lendas dão conta deles nos laços dos seus corações abismados. Eles, perdidos que foram nas noites dos sonhos, guerreiros e distantes forasteiros, que apenas insistem nesta fome de sobreviver a qualquer custo. Bem aqui, na inexistência pura de pedras e astros que os largaram depois de tudo.

Esses tais viajantes das estrelas nem sabem que o sejam. Deslizam no firmamento das horas, quando, só então, deixam de continuar, fechados que sejam os livros de suas histórias lendárias. Nisso, confrontam pelotões imensos de entes fantasmagóricos, através do crivo das verdades que lhes carregam ao pé.

Descrevê-los preencheria páginas e páginas desses relatórios dos dramas a percorrer o vácuo e as letras garrafais da sorte atiradas na alma das tantas criaturas. Sabem-se deles, porém jamais dizem do seu desparecimento às dobras do Infinito. Quer-se sustentar a todo preço as verdades que trouxeram consigo e as esquecem ao desenlace, às fantasias.

Conquanto houvessem de habitar o solo da vastidão de tantas dores, no entanto reviverão, de novo, na Eternidade a sede dos desejos que dominam a multidão inteira deles. Viram, por certo, meros senhores nos altares, repicam carrilhões no silêncio das torres, e, todavia, hão de resistir a toda chama no caudal dos desaparecimentos inevitáveis. Quiseram, destarte, fazer de si a luz da solidão que lhes consumia a todo instante e transformam em nuvens os séculos, as luas.

E regressam enquanto vivos na consciência dos deuses, motivo da realidade indomável do Tempo. Fazem, por isso, a causa dos mitos que andam soltos neste mundo. Acontecem no sentimento das pessoas e depois somem de vez quais se nunca houvessem de ter acontecido. A dúvida não subsistirá, pois, nesse mero espaço de dentro das criaturas, a fazê-las visitantes incertos da imensidão que as aguarda logo ali no sempre de quase nada.

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