sábado, 16 de agosto de 2025

A busca interior


Num frigir de tudo, a que buscar, então?! Passados todos esses dramas de antigamente, as flores, as dores, os sonhos e lembranças, excursões e petulâncias, ali estaria bem depois o quanto se largava às portas da infinitude, sem haver de encontrar o tanto da procura, pasmos que ficaram, às bordas das loterias e dos desejos, armas e servidão. Ali, naquele deserto encantado, ainda persistem os mais afoitos, no entanto ora cientes das ausências e desencontros. A esfinge, de olhos fechados, observa no íntimo, todavia, a guarnecer, silenciosa, o trilho da realização, qual que indiferente ao resultado de tudo aquilo.

Todos hão de passar, conquanto sucessores dos velhos códigos da História. É de querer saber aonde chegar, onde estariam nesta hora, os mórbidos, os santos, face a face com os monumentos deixados pelo caminho.

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Desta primeira aventura delirante, o que restaria, pois? Pequenos gestos de bondade e enormes construções de pedra e pó, cascalhos, metais, ruínas, frutos de explosões sucessivas das tantas aventuras já guardadas no cofre dos desencantos?...

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Assim, que tocar adiante neste caudal de vivências e sóis? Que dizer às gerações enfileiradas nos montes e nas paisagens da distância? Que dizer e que fazer, o que hoje quer persistir na consciência de muitos? E as indagações proliferam, nessa noite escura da alma.

Viver de existir, tão só, enquanto dorme astuta a verdade dos corações enamorados; sobreviver, outrossim, perante a crosta da Eternidade que adormece fiel na alma das gentes. Saber, distinguir entre as palavras o sentido absoluto de andar aqui pelos céus à cata das certezas da iluminação a que vieram a este lugar. Desvendar o mistério dos enigmas e rasgar véus e véus do Infinito por meio de escolhas e conquistas. Daí, ser o desencanto, a mãe maior do quanto existe, na interpretação de Heráclito.

E trazer à tona o princípio da presença a este hoje eterno, motivo único das histórias que nos percorrem as veias e movem os sentimentos. Nós, por nós próprios, neste sorver sem conta das marcas pelo firmamento do que sempre fomos e seremos desde sempre.

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