sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Luz da renovação

Quanta alegria viver a festa do coração da Natureza!!! O dia abre suas portas e os pássaros e a flores já iniciam atividade como jamais o poeta mais otimista imaginara. Animais movimentam a vida, instrumentos de orientação ao mundo em volta. Pura luz em tudo. Fenômenos leves de tranquilidade mostram por isso que o tempo segue sua faina de indicar o caminho da felicidade aos dispor da Humanidade. 

Humanos também desempenham papéis da maior importância nisso de quando clareiam os sinais do Universo. Trabalham, evoluem e obedecem aos ditames do equilíbrio de viver em paz. Os sonhos moram aqui perto de nós em forma de saúde, alimento e crescimento. Cabe assim disposição de pensar bem, viver bem. Face ao equipamento primoroso que transportam consigo, lhes reserva a existência o direito de promulgar as leis da plena possibilidade. Artesãos do bem estar, precisam apenas cumprir mínimos detalhes dessa ordem sem limites. Respeitar e ser respeitado.

Na esperança de harmonizar o meio onde pratica existir, tantos chegam aos níveis ideias da concretização dos seus sonhos. Ganham amigos, são justos, honestos, sem remorsos, amáveis; habilitam os programas que festejam nos finais felizes de períodos de consciência leve, na certeza dos melhores momentos, que vêm nos calendários.

Firmar o pensamento nas bênçãos do Criador com Fé e Boa Vontade. Alimentar fases positivas. Olhos abertos aos aspectos da sadia renovação de bons propósitos. Persistir no exercício das formas inteligentes de buscar meios e dar exemplo de solidariedade. Exercer suas funções no corpo da sociedade com o espírito desarmado e disponível ao bem. Amar as causas do desenvolvimento coletivo, lembrar os irmãos que aguardam nossos valores favoráveis e fieis. Plantar e colher as sementes da fraternidade com júbilo, bom senso e coerência. Determinar metas auspiciosas e exercer o progresso da civilização quais representantes do Criador em todo instante desse ano que virá de braços abertos a nos receber.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Eurípedes Barsanulfo

Já conhecíamos algo a respeito dele, Eurípedes Barsanulfo, quando em 1983 estivemos no Triângulo Mineiro. Fomos até Sacramento, cidade onde nasceu e viveu esse importante vulto da Doutrina Espírita no Brasil. Visitamos a chácara em que morara, a pouca distância do núcleo urbano, e lá conhecemos Heigorina Cunha, sua sobrinha, autora de livros espíritas, dentre estes Cidades no Além. Pudemos conhecer o espaço onde viveu Eurípedes, em uma dependência lateral à residência, cujos móveis e livros permanecem tal qual no seu tempo.

Na cidade, visitamos o educandário que fundou, o Colégio Allan Kardec, o primeiro educandário espírita do Brasil, ora desativado, porém conservado nos moldes originais, aberto a visitação. Fundado a 31 de janeiro de 1907, tinha orientação espírita, ali os alunos recebiam aulas de Evangelho, Moral Cristã, Astronomia, dentre outras disciplinas. 

Foi Diretor do Sanatório Espírita de Uberaba, também  exercendo a direção do colégio, onde ministrava aulas de Matemática, Geometria, Aritmética, Trigonometria, Ciências Naturais, Botânica, Zoologia, Geologia, Paleontologia, Português, Francês, Astronomia, Inglês e Espanhol.

Nascido a 01 de maio de1880, morreria a 01 de novembro de 1918. Educador, político, jornalista e médium, é um dos expoentes do Espiritismo no Brasil. Autodidata, adquiriu conhecimentos de Medicina e Direito, além de Astronomia, Filosofia, Matemática, Ciências Físicas e Naturais, e Literatura, mesmo sem ter cursado o ensino superior.

O primeiro contato que manteve com a Doutrina dos Espíritos dar-se-ia em 1903, através de um tio, Sinhô Mariano, de quem recebeu as noções iniciais.

Ocorreu-lhe, então, uma transformação e, em 1905, fundaria o Grupo Espírita Esperança e Caridade, em que realizava reuniões mediúnicas e doutrinárias, e prestava auxílio aos mais necessitados. Médium inspirado, vidente, audiente, receitista, psicofônico, psicógrafo, de desdobramento e de bicorporeidade, prescrevia sob a inspiração do espírito de Bezerra de Menezes.

Morreu aos 38 anos, vítima da gripe espanhola, afecção que vitimou milhares de brasileiros. Mesmo acometido da moléstia, Eurípedes não parou de atender aos que necessitavam.

Recebeu o epíteto de Apóstolo do Triângulo Mineiro.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Empresa Gráfica Ltda.

Dela hoje só restam as paredes externas que dão à Rua Dom Quintino, vizinhas da Capela do Colégio Santa Teresa, defronte ao Palácio do Bispo, em Crato. Mas dos fins da década de 60 até os anos 80, fora ponto importante de produção dos serviços gráficos da Região e oficinas do jornal A Ação, da Diocese do Crato. Ali formamos a nova equipe do semanário que inovaria a linguagem do jornalismo caririense de 1966 a 1968, aos moldes do boom mundial que significou a transformação da ordem antiga nos moldes contemporâneos desta Era Eletrônica.

Lembramos o parque gráfico e seus fieis empregados. As máquinas vieram da Alemanha, doadas pelo Miserior, programa dos católicos em favor dos países em desenvolvimento, obtidas pelos esforços de DomVicente Araújo Matos, bispo de largos serviços prestados à Igreja nas terras cearenses.

Eram duas linotipos operadas por Sebastião e Ferreira e as coleções de tipos móveis operadas por Chiquinho, Seu Chico, Carmélio e Clen, este que também operava a rotativa onde eram confeccionado o jornal e, nos intervalos, livros de autores regionais. Na administração, funcionavam Padre Honor e José Matos, sobrinho de Dom Vicente. 

A redação do jornal era formada por Huberto Cabral, Antônio Vicelmo, Pedro Antônio, Armando Rafael e eu, secundados pelos colunistas Orlando Moura, Aglézio de Brito, Wilson Duarte e, mais adiante, depois do trágico desaparecimento de Orlando, por Nilo Sérgio, o seu substituto na coluna social.

Uma festa a Empresa Gráfica. Ali passaram dezenas de conhecidos ligados à intelectualidade cratense, bem como vinculados à cúpula da Igreja em Crato, dentre esses Padre Edmilson Macedo e Padre Gonçalo, gerente da Rádio Educadora do Cariri, eles também vinculados à comunicação eclesiástica. 

Quisesse alguém acompanhar o dia a dia noticioso, ouvisse um pouco as conversas que circulavam no lugar, foco de convergência de tudo que ocorresse no mundo inteiro.

Os tempos, no entanto, movimentaram as engrenagens e tudo muda a todo instante. Assim desapareceriam das nossas lendas urbanas aquela mídia impressa, gravada com saudade nas páginas da memória dos que a conheceram de perto. 

Um ser que ama

Bem dentro de tudo vive um ser que ama, quer ser feliz e salvar o mundo, na essência do que existe. Razão da ordem universal, descobrir essa partícula representa existência em si e determina quantos fenômenos irão significar o tão desejado sucesso. Todos correm visando algum motivo. Uns e muitos, a riqueza material, consequência do bem estar social. Outros, os prazeres sórdidos no sexo desesperado, nas drogas, na fama, rasgando as convenções e atropelando os valores. 


A Humanidade vive, pois, essa busca de descoberta. Escolhe investir no vencer a qualquer custo, nada importando, muitas vezes, o preço que sujeita acarretar na vida alheia. Animais inconsequentes, instinto e brutalidade, avançam sobre os semelhantes, e daí as marcas deixadas pelo caminho. 

Porém algo, além disso, demonstra o quanto de possibilidades compreendem os segredos do Universo. A intenção da cultura, da civilidade, da evolução, oferece meios de o homem reverter o mundo e a si mesmo, vencendo a fera que ainda habita seu coração. Ciência, filosofias, psicologias, religiões, demonstram essa disposição positiva de salvar e se salvar. 

Lastro de muitas vitórias são os registros do pensamento. Apesar do descaso em destruir a esperança, o triunfo das motivações favoráveis indica um Ser Superior que rege a presença. Fruto das buscas extremas, avança no horizonte da imperfeição humana, Sol das revelações, inteligência suprema e criadora,  

vive dentro das pessoas esse campo de batalha da transformação definitiva onde dois entes desenvolvem os níveis da compreensão. De um dos lados o ego, infância de primeiros passos, senhor da matéria. De outro, o Eu Verdadeiro, a espiritualidade, que virá integrar eles dois em bloco único, na sonhada Salvação e causa de tudo quanto acontece no drama das existências. 

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

A felicidade não se compra

A verdadeira arte permanece, independente da transitoriedade das circunstâncias, dos acontecimentos que lhe deram origem e até da duração da existência física dos que a produziram. Em sentido inverso, a arte de qualidade duvidosa, além de não merecer classificação de arte, nasce com seus dias contados, por vezes virando lixo antes mesmo de ser conhecida.

Tal consideração quer falar de perto a propósito de um filme lançado em 1946, há mais de 60 anos, portanto, intitulado A felicidade não se compra, do diretor norte-americano Frank Capra, estrelado, dentre outros, pelo consagrado ator James Stewart, bem nos inícios de sua brilhante carreira.

A película em preto e branco, de duas horas e nove minutos, circulou o mundo e obteve das maiores consagrações do cinema em todos os tempos. Eis, então, uma obra de arte eterna, qual dissemos, isto em qualquer momento da história humana, digna de chegar aos apreciadores da beleza como bela mensagem de otimismo a toda prova, uma realização que encheu salas de exibição anos a fio em variados países.

Essa narrativa cinematográfica, oferecida ao público em uma fase de sofrimento coletivo recentemente provocado pela Segunda Guerra Mundial recém-finda, aborda momentos difíceis de uma família do interior dos Estados Unidos, atingida por sérias privações sem, no entanto, desistir da esperança e da firmeza da fé.

Um pai de família bem situado na vida se depara, de uma hora para outra, com obstáculos que lhe comprometem a rotina da família, diante da incompreensão de outros e adversidades sociais avassaladoras. 

O encaminhamento das situações segue numa escala de impossibilidades, e demonstra quase nenhuma chance ao êxito que, no desfecho emocional e clímax valioso, dar-se-á, em plena noite de Natal. 

Enquanto ocorrem os desdobramentos do roteiro, o diretor transmite, em estilo magistral, a grandeza de alma que sustenta o ânimo dos personagens, envolvendo também os espectadores nos passos geniais da transposição para a tela do livro homônimo, escrito por Philip Van Doren Stern.

Raros instantes da criação artística obtiveram, pois, as glórias que esse trabalho de Frank Capra veio, com justiça, merecer, a significar bom motivo de os apreciadores da sétima arte buscarem conhecer a destacada produção do cinema internacional.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Horácio de Matos

À época heroica da Revolução de 30, as tropas vitoriosas dominavam passo a passo os rincões do Brasil e chegavam à Chapada Diamantina, onde confrontariam coronéis de jagunços armados até os dentes, nisto a prevalecer interesses da ordem antiga dos feudos, sem margem de pacificação. O mais importante dos caudilhos, Horácio de Matos, plenipotenciário e senhor de baraço e cutelo, absoluto das Lavras da Diamantina até as margens do Rio São Francisco, afrontara e vencera a Coluna Prestes, nos idos de 1926, à frente do pelotão denominado Batalhão Patriótico Chapada Diamantina, a pedido do então Governo Federal.


Assim, diante das sucessivas conquistas da Revolução, que na Bahia era coordenada por Juracy Magalhães, tratativas seriam desenvolvidas no sentido de que recolhessem armamentos e admitissem o novo poder.

De início e face ao que lhe solicitara o governo derrotado, Horácio de Matos ainda mobilizaria suas tropas em prol dos legalistas, porém conteria os ânimos e iniciaria negociações de rendição, no que, em confiança ao pacto de anistia oferecido pelos getulistas, incentivou os demais coronéis e jagunços a depor as armas, admitir o comando de Magalhães, e incólumes restariam sob a guarda dos vitoriosos. 

Mas qual o quê! Mesmo de tal modo seriam aprisionados sem dó nem piedade. Preso pelo tenente Hamilton Pompa, Horácio de Matos é transferido a Salvador, contrariando tudo quando ficara estabelecido. Nenhuma resistência ocorreria mais, porquanto as armas e munições dos jagunços já estavam apreendidas e a região tomada de soldados. E sob o esforço das forças conservadoras, Horácio de Queiroz Matos obteria liberdade condicional, ficando, no entanto, proibido de sair da Capital baiana. Em 1931, ano seguinte, seria assassinado quando andava ao lado de sua filha mais velha pelas ruas de Salvador. Deixava, contudo, forte legenda na história do interior nordestino devido a liderança e disposição de luta que demonstrara durante toda existência.

Os lados da moeda

Dois aspectos da existência e suas funções principais, morte e amor fornecem os meios necessários à compreensão universal. Dois passos de um só corpo, margens do mesmo rio, alimentam a possibilidade no chegar nalgum momento ao objetivo certo. Examinar em volta os infinitos aspectos da realidade, nisso persiste a descoberta do segredo que todos esperam revelar do filme que somos nós. Fugir de si, impossível. Apenas rever os papéis desempenhados, e aceitar decidir lá um dia pela porta que quer entrar, final ou início eterno do amor.

Transcender, elevar a visão, sobreviver, nisso a ressurreição do processo onde caminhar. Agir rumo da transformação do ser falível num ente livre e desperto. Trocar de pernas, permanecer aqui neste chão ou descobrir a que se vem pelas reencarnações. Caminhar no sentido da liberdade. 

(

Que morrer ninguém quer, novidade nenhuma. Apesar de apreciar o sensacionalismo do sofrimento alheio e dos fins trágicos dos outros, defeito que alimenta as aves de rapinas, no entanto lá por dentro mora solta a vontade no continuar. 

Justa das alternativas que oferece continuidade, amar significa sempre a perpetuação da individualidade, no mistério de existir. Correr aonde mais de nada importa que represente realidade além da forma de perder sem outra chance, ainda aqui nesta hora.

Conquanto cheios de furor e festa, os humanos deitam na lama do extermínio de si as ganas de eliminar a monotonia aparenta deste mundo artificial. Pura perda de imaginação e jogar fora todas as maravilhas da genial Criação, lançam nos lixões da aparente facilidade o final feliz da imortalidade.

Amar, amor, vida eterna de que falam os místicos, assusta os pretensos materialistas do plantão em queda livre. Enterram a cabeça na areia do prazer embriagador que mata na maior sem cerimônia. Enganam, se enganam e gostam de perder a melhor parte, o todo.

(Iustração: Hieronymus Bosch).

sábado, 24 de dezembro de 2016

Pensamento caçador

Fácil, fácil, nada disso. Pede força, concentração mental, disposição, renúncia, exercício constante, dedicação... Querer, no entanto, vencer o mundo. Permitir que força nova nasça dentro de nós, e sobreviva sempre em nosso viver, nas práticas sociais e nas sinceridades interiores. 

Frear o pensamento. Dar um basta na mania de procurar o que quer que seja, assim que nem um cão farejador, pois desse jeito fica longe e não começam a calma e o silêncio de dentro de si, prenúncios das sonhadas reflexões na alma da gente. Deter a febre alta de gananciar o mundo e de acumular cabedais onde a traça e a ferrugem podem a qualquer momento destruir. Fazer a nossa parte daqui, cuidar das dimensões a que pode chegar a consciência, porquanto existem outros caminhos que não só esse de juntar o que ninguém sabe a quê, nem a quanto tempo. 

Trabalhar as outras rotinas de viver sem ilusões já se permite abrir fendas enormes das possibilidades internas da criatura. Fustigar perspectivas de existir com sabedoria. Descobrir chances de amar, a chamar felicidade, o que tantos desejam e não sabem ainda a qual porta de entrar e revelar os ditames da solidão individual nos trilhos do Infinito. Compartilhar, sim, o direito de sonhar com os veios eternos da espiritualidade.

Bom, isto falam os que estudam o processo da Individuação, de tornar-se pessoa, crescer no sentido da harmonia interna do Ser. Indicam formas de trabalhar o que realizam e dominar os instintos e as tentações de ficar preso neste universo só material. 

E se pensar, uma vez morar dentro da máquina que pensa quase todo tempo, que sejam os bons sentimentos e na justa medida de um querer positivo, semelhante a confiar no amor qual motivo de tudo quanto há. É isso.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Há um rio de lavas bem no coração da gente

Ali onde dormem pensamentos, palavras e ações, bem ali, buscam frestas os sonhos da alma de querer, um dia, falar a linguagem dos anjos e praticar a verdadeira Justiça. Pedem paz ao silêncio das pessoas indecisas e débeis. Reclamam da solidariedade diante dos desmandos e trastes deste chão. Um protesto, um grito, que seja à fragilidade das instituições humanas. Tanto descompasso, e por quê? A quem reclamar senão a si mesmo. Nuvens de chumbo envolvem os dramas das cidades. Longe e perto, as guerras que insistem fechar os noticiários. As perdições do desespero, as fraquezas dos governantes, o fastio de burrice e indignidade nos líderes que nascem mortos, e a quem reclamar senão a se mesmo. O drama milenar dos dois lados em jogo, enquanto pessoas permanecem na inocência/ignorância de quebrar a cara nas pedras da ilusão. 


Quadro dantesco que repete funções e farras, e entontece de arrependimento os contingentes dos que passam e somem pelas curvas do passado. Pois ninguém ficará aqui em definitivo por mais que deseje. Perante a eternidade das leis o tribunal das consciências nunca dormirá. Quais idiotas de plantão, apenas repetem o calendário dos equívocos.

No entanto há um rio de lavas bem no coração da gente. Lavas incandescentes, metais de lama quente a escorrer pelas encostas dos becos e dos remorsos. O coração que já tem seu dono para sempre, e poucos ainda nem notaram. O Poder superior, que face todos os demais poderes reservou a Si o centro das maravilhas aonde, um dia, encenaremos a decisão da história vivida. 

Bem no âmago da essência de tudo persiste incólume a certeza da Salvação dos seres em movimento. Teto da espiritualidade, foco das individualidades, apesar dos desacertos, herdaremos o Universo inteiro numa manhã esplendorosa. Conquanto há um rio de lavas bem no coração da gente...

O sentido da vida

Se a terra gira em torno do sol ou se o sol gira em torno da terra é uma  questão  de  profunda  indiferença.  Por  outro lado, ele continua: - Vejo muitas pessoas morrerem porque julgam que a vida não é  digna  de  ser  vivida.  Vejo outros, paradoxalmente, sendo mortos por ideias ou ilusões que lhes dão uma razão para viver – razões para viver são também excelentes razões para morrer. Concluo, portanto, que o sentido da vida é a mais urgente das questões. (Albert Camus, in O mito de Sísifo).

Há dias claros como a luz das salas de cirurgia, quando a esperança corre solta por um fio brilhante de bisturi, aos olhos dos especialistas de armas em punho e sorrisos clínicos encobertos por baixo das máscaras brancas da matemática oficial da vida.

Noutros, o barco emperra areia da margem cinzenta das várzeas sem chuva no sertão, paisagens vazias dos córregos cheios de antes, na flor das alvoradas.

Os amigos em festas circulares chegam de repente e denotam cordialidade. Música das almas. Cheiro bom de terra molhada. O vento do estio nas telhas encharcadas de renovos. Portas fiéis. Nuvens...

Depois disso tudo, toca o telefone e o assunto mistura o que se pretende contar... E deixar de lado o desejo incontido de encaminhar um tema no papel, passar a quem lê o que se transcreve do lado de cá do universo, bem próximo dos maiores extremos.

Sentido impõe condições acima de outros aspectos perdidos na ilusão dos sentidos. Um marco único. Duas extremidades do trilho suave da noite das espécies, que fermentam sede monumental do perfeito, uns céus quase dentro das mãos que escapolem por entre os dedos, contas de vidro corrosivas, convergências toscas do sonho imortal da eterna felicidade. 

Ainda que encharcados de euforia, leve sopro de brisa desmistifica a fome gritante de verdades perene nesta fase do tempo. Contudo os pássaros cantam; o verde reverbera; o Sol gira no próprio eixo; a Lua surge metálica nos finais das tardes, no poente; as crianças riem na algazarra mais simples e irreverente; as flores; os mananciais; os tetos manchados de rotos sinais, notas musicais, silêncios longos; momentos da alma que geme de dor, amor, espera.

As pulsações em passos lentos percorrem o espaço; qualquer névoa tinge de fulgor o espelho das memórias adormecidas.

Jamais como antes espectros perfurarão o vazio do sentimento. Novas notícias alimentaram o frêmito do coração e pediram (imploraram) esclarecimentos dos próximos passos a seguir. Sonhos em elaboração nas florestas do mistério. Só isto, pronto.



quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Visão positiva

Olhar a realidade sob o prisma das cores mais alegres; vencer as intempéries quais donatários dos melhores sonhos. Crer na ordem perfeita do Universo e aceitar as contingências, na certeza de que horas agradáveis hão de vir. Às vezes observo as crianças de colo nos braços confiantes das mães e busco ver o mundo diante daqueles olhos inocentes, cheios de vontade da vida que se inicia.  Admito fases de teste e provações, no entanto sem desistir ou perder o ânimo de viver. Construir na imaginação épocas pródigas de felicidade, disponíveis a todos mediante o esforço do trabalho digno. Usufruir dos adjetivos ricos em qualidades puras. Persistir, mesmo quando as circunstâncias pareçam mostrar impossibilidades, e criar meios de vencer quaisquer limites. Erguer os passos aos lugares bonitos, plenos de natureza e saúde. 


Todas as virtudes numa só virtude, ressignificar a existência sobre as bases seguras dos dias de festa e de luz. Pelejar a boa peleja, de quem quer desfrutar das ações de modo coletivo e solidário. Pensar nas realizações partilhadas, atitude e grandeza dos que aceitam agir com sabedoria. 

Ainda que falhe, porém persistir e aguardar oportunidades em que refará os percursos e corrigirá as falhas. Perdoar qual quem sabe o quanto carece de perdão nas ações que praticou ou, quiçá, venha praticar. Evitar a vingança, fugir das fraquezas humanas em favor das descobertas inovadoras. Baixar a cabeça perante o inevitável, contudo pronto a seguir adiante nas ocasiões próprias. 

Trazer a este mundo instrumentos que farão daqui um pouso de amizade, fraternidade e justiça. Ver no outro um irmão, jamais um concorrente ou adversário, valor fundamental de crescer e evoluir sempre. Recordar as lições dos sábios e pautar os tempos na prática do Bem. Ser as respostas que costuma apreciar e transformar este chão em um território de Paz, eis os primórdios da verdadeira religiosidade.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Capacidade criativa

Dentre as funções do ser humano uma existe que bem caracteriza essa necessidade primária de agir e existir perante a vida. É a disposição de inovar os meios e o contexto, criar nagora o momento seguinte com seus instrumentos, por força do gesto de trabalhar as oportunidades, encontrar a resposta do mistério e insistir em sobreviver neste chão. 

Espécie de autodescobrimento constante, o ato de criar significa sobremodo o esforço de conhecer a profundidade. Avaliar os resultados de si mesmo nas formas do que transmite aos elementos naturais.


As experiências do instante presente são, pois, a soma dos pensamentos, crenças, suposições, intenções, sentimentos, emoções e vontades conscientes, semiconscientes, inconscientes, ainda que em conflito, acrescidos no ato de fazer, gerar os frutos de mostrar a que se veio. 

Tudo, por isso, representa desde o medo à culpa e demais sintomas, que revela quem na verdade somos nós, o que indica o que produzimos nos espelhos que isso revelam. O efeito de gerar o bem demonstra o encaminhamento da nossa energia a revelar o interior da personalidade. A gente projeta no que fizer qual estrutura inicial do que aguardamos do Inconsciente a respeito do conteúdo do mapa íntimo que somos.

Assim, através da criação, revelamo-nos diante das circunstâncias, acontecimentos e experiências de vida. O ego projeta o que apresenta de criação, detalhes importantes da personalidade total, e fornece os meios das descobertas mais abrangentes do Ser. Tal uma voz que vem do interior, revela o conteúdo do Eu maior. 

À medida que conhece a si, demonstra o potencial oculto da existência em prosseguir a caminhada rumo do encontro, descoberta do Eu espiritual, escopo da totalidade infinita.

Desde a infância à idade adulta, pessoas seguem essa busca incessante até finalmente proceder à descoberta de sua destinação, quando vence a divisão ilusória do ego e do Si mesmo, e descobrem o poder e o Amor, peças únicas do processo da Individuação. Portanto, a criação trabalha este sentido da integração e oferece os resultados inestimáveis da essencialidade divina. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Os ensinos dos profetas

Hoje pela manhã me avistei com Marcelino Andrade, colega de trabalho que, de pronto, indagou a propósito dos tempos, ao que afirmou: - Estamos vivendo dias do Apocalipse. Chegaram os quatro cavaleiros de uma vez só.

Que tempos! Época de demasiadas contradições de ordem geral. Nos municípios, países, no mundo inteiro aspectos nefastos parecem tomar de conta dos acontecimentos. Enquanto giram os astros no céu, mantendo a órbita e o brilho, no entanto, aqui no chão, claudicam as instituições e populações amarguram dores atrozes, agora vistas em tempo real na mídia pelos lares do Planeta. O abismo entre as criaturas alarga distâncias e o futuro significa fase de largas apreensões gerais. 

Mas aquele diálogo de rua seguiu noutras perspectivas: - Será que iremos reverter o quadro das dificuldades verificadas? O Apocalipse seria tão só um aviso de que mudemos de atitude e revisemos comportamentos, a fim de vencer o desafio que cresce diante das vistas?!

Nisso acordei ao sol das dez e meia diante da conversar, e enxerguei outros modos de observar o quanto ocorre nesse instante. Porquanto a Natureza funciona à base das leis do Universo. 

Alertas aos incautos tornam-se urgentes de respostas, pois. Lembra a Nínive do profeta Jonas, quando o povo resolveu somar esforços e substituir a condenação que sofreria pela honra da salvação, graças aos clamores do missionário, o qual, inclusive, quisera fugir do compromisso, porém foi detido pelas circunstâncias, engolido por baleia e lançado a contragosto nas praias da cidade que resgataria a mando de Deus, mediante o arrependimento coletivo.

Lembra Gandhi, nos esforços de encaminhar a Índia pelo caminho da libertação das garras do Império Inglês, o mais poderoso da primeira metade do século XX, e contornou dificuldades aparentemente instransponíveis da sua gente, até levá-la à independência, isto sem disparar um único tiro sequer. 

Lembra Abraham Lincoln, a lutar contra a escravidão nos Estados Unidos e dominar as circunstâncias, galgando construir país livre e democrático, que durante bom tempo serviu de exemplo a tantos mais.

Nada resta perdido, portanto, desde que somemos nossos comportamentos e preservemos os valores justos da solidariedade humana.

A história da dominação humana

A fera nunca envelhece, pois já nasceu mumificada. Os animais de rapina seguiram no fluxo natural dos elementos brutos e destroem as populações indefesas. Tal recordar tempos infelizes da Revolução Francesa, as contradições e a indiferença das classes dominantes ora ironizam o destino de muitos, espalhando no varejo desafiar o poder dado por Deus sobre os menos favorecidos. Instituições fruto das conquistas de séculos apenas conservam as aparências do Antigo Regime, enquanto o barco já faz água e põe a sérios riscos o equilíbrio social.


Numa conspiração monumental de âmbito planetário, os grupos de poder testam a resistência dos povos em todos os países, quadro que chega nos vários continentes, longe de novas modificações a curto e médio prazos. Duro avaliar o painel dantesco das guerras localizadas, porém instigadas nos gabinetes das portentosas nações, os dentes do Grande Irmão. 

Noam Chomsky, intelectual estadunidense com larga folha de contestação ao capitalismo internacional, deixa claro os ditames que regem as práticas dagora, na geopolítica mundial, os códigos de convergências das elites no propósito único da hegemonia industrial dos valores. A tecnologia desenvolvida pelas gerações, herança comum e solidária, se presta ao exercício dessa armadura, que constrange sem dó ou piedade. As massas perderam contato entre si, e a presença da sonhada democracia ocidental empalideceu desde suas origens. No mais, é instalar os tentáculos da ideologia total, controlar os mercados e os tesouros, adotar as práticas de alienar a força de trabalho e reviver o exercício pleno da marginalização política das periferias.

De tão sofisticado, o Estado deixou de representar o povo e passou ao serviço das minorias detentoras das armas e do capital. A esperança de uma consciência burguesa unida ao proletariado e aos intelectuais adormeceu a sono solto nas academias, ausente e longe da realidade. 

Bem aos moldes, portanto, dos primórdios da Europa convulsa do século XIX, terreno franco aos aventureiros e aproveitadores, eis o panorama internacional dos dias de hoje. 

Numa dessas madrugadas chuvosas

Elas revivem o astral dos contos russos de horas friorentas, ainda que no meio do Sertão. Horas prenhes das fortes emoções de coração. Latidos distantes. Gotas que quebram a luz do silêncio. E uma vontade viva de ser independente das contingências. Livre no real sentido de tudo liberto. Velas largadas ao vento indócil. Quando haja o poder dominante de sustentar sentimentos maiores que a solidão. Palavras. Amores. Amor.


Transitar solto na faixa entre o sonho e a vigília. Amar simplesmente amar. Algo assim de dentro, quais palavras que afloram do toque suave dos dedos no teclado das superfícies virgens e enchem páginas de perfume e flores que abrem os segredos do Universo ao dia. 

Enquanto lá fora a chuva escorre das telhas, nas estradas a alma desliza célere sentidos em forma de pensamentos. Qual navegante envolto pela cápsula de matéria dessa nave, o sentir revelar tão apenas o operador da máquina da existência de olhos fixos no horizonte. Identifica os astros que percorrem céus à busca de viver a totalidade do presente. Sabe dos sinais que noticiam as outras naves próximas ou distantes. Células do mesmo organismo, aceitam o som da água que lava a consciência, molham as artérias e descem ao mar. 

Outra vez a sensação de dominar os acontecimentos, que sempre volta a tocar as fibras mais internas do desejo. Pode, agora sabe que pode. Detém as lâminas da carne e reconstrói os tecidos que o tempo desgastara nos momentos de fúria. 

Do alto de Si analisa o quanto deixou de lado nas ocasiões anteriores, e agora reza, sente o dever de ser feliz e cumprir a felicidade com gosto, o que já habitava o continente da dualidade, e no entanto desconhecia. Agora, sim, sustenta de encaminhar os instrumentos de navegação e produzir resultados próprios de quem sabe o destino e exerce papel de responsável pelos roteiros definitivos do Infinito.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Imbecilidade, a madrasta de todas as guerras

Há quem suponha tocar fogo no mar e comer peixe assado, no dizer do povo. E acedem estopins de queimar a vida social na intenção de comer a melhor parte, tomar espaço e viver bem. Aqueles exemplos nocivos preenchem cadernos e mais cadernos, deixando um rasgo de sofrimento no coração das populações. São meios equivocados, por vezes de trágicas consequências.

Daí a notação de ser imbecilidade pura desmanchar os artefatos letais em volta de si, na máquina da guerra, e espezinhar multidões, inclusive o espaço do Planeta, fustigado nas unhas de horríveis monstros animais humanos.

Chegar à madrugada do novo ano falando essas coisas das alemães filosofias deixa transparecer, sem repressão, os sentimentos de indignidade que invadem as salas em face dos acontecimentos televisados no returno do calendário. 

Sem mais nem menos, acendraram ânimos e tomem bombas israelenses em represália a foguetes explosivos dos palestinos, na Faixa de Gaza. Fruto disso, juntem-se as mortes da população civil, produzida nos conflitos anteriores das mesmas gentes. Iêmen. Afeganistão. Síria. Iraque. 

Acima de conceitos morais, existem os ditames da Ética, para demonstrar a inutilidade da razão perante as providências dos guerreiros. 

Não importam os motivos da guerra, a paz é ainda mais importante do que eles, disse com propriedade Roberto Carlos. Mas a quem dizer isso?, conquanto existam tantos interesses por trás das agressões, os antivalores econômicos, religiosos, políticos, culturais, territoriais, desconhecidos, etc.

Perguntar a quem, ao vento, Dylan? Quantos canhões ainda explodirão até que o homem compreenda o condão da verdadeira fraternidade? 

Uma mistura de desencanto com impossibilidade, somados alentos de compaixão pela dor alheia, nos pagos adversários que se embebem de sangue no chão comum a todos os conflitos, a magna Terra de todos nós. 

Prece e sonho flutuam, pois, nas mentes pelos ares, neste começo de tempo... Amar, enfim, até ser bem feliz.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Sócrates não morre!

Consolaste-me: Sócrates, não morre
Com este corpo o espírito que o anima.
Já me não prendem dúvidas; fujamos
Do vil cárcere: a morte só é termo
Da vida, — da existência não... No íntimo
D'alma o pôz Deus, o sentimento vivo
Da eternidade.                                                         
                                                                          Almeida Garrett

Mito, lenda e tradição, existe narrativa de que, na derradeira noite, véspera de ser executado, Sócrates recebeu a visita clandestina de alguns discípulos seus. Haviam aliciado a guarda do cárcere e abriram as grades da masmorra. Vieram de junto dele e avisaram que estava livre para fugir, porquanto um barco o aguardava às margens de um rio das proximidades. E que tudo, assim, propiciava a que vivesse o quanto quisesse perante o exílio. 

Nisso, surpreso daquilo que presenciava após os julgamentos a que fora submetido e condenado, causava surpresa os que propunham que buscasse a vida e a liberdade perdida de pouco. 

- Face da condenação perante as leis de Atenas, resta que a elas submeta os meus sonhos de habitar a carne e aceite de bom grado o cumprimento sagrado das determinações impostas pela comunidade. Nenhum instrumento sobrará de que seja contraditório o que sentenciaram, pois.

- Mas, Sócrates, terás a chance de demonstrar a razão dos teus ensinos sábios, pelos quais ora sofres injustamente – argumentam os seguidores fieis. - Sabes do quanto podes contribuir ao futuro da juventude e à esperança do povo, causa principal de teus esforços de orientar as populações com método e consciência. Precisas viver, sobreviver a tudo, jamais render homenagens ao fim, ao desaparecimento. 

- Alto lá, Sócrates não morre! – revidou cheio de eloquência. – Podem destruir este corpo, no entanto nunca eliminarão a essência de mim, da realidade definitiva da existência, o ser ciente que significa verdade e que impera na alma da pessoa e necessita tão só do conhecimento a chegar à Luz; esta, sim, a porta da plena Liberdade . 

O Pai Superior

Supremo poder o de Deus, donde emana tudo o que existe. Merece muitos nomes: Senhor, Jeová, Javé, Aton, Amor, Allah, Altíssimo, God, Gött, Tao, Tupã. Cada povo sabe dizê-Lo, entre dores e esperanças.

As religiões terminam sempre junto dEle, sob o nome que O quiserem chamar. Até aqueles que não admitem a Humildade, os cientistas materialistas, dão de cara com um nível de raciocínio que não pode ser dito e chamam-no de Desconhecido ou Força da Natureza. Dedicado ao Deus Desconhecido, encontrou Paulo de Tarso um altar na Grécia politeísta.

A voz do coração, onde reside a Consciência, fala de Deus. O Caminho da Perfeição abre-se a cada passo, adotemos ou não percorrê-lo. Tudo marcha, sem questão, inexorável, a um fim útil.

O sorriso da criança, o ar que se respira, a paz dos ermos, os azul do infinito, a luz dos astros, as flores, os frutos, as sementes, o verde, o mar, os rios, lagos, as montanhas, a chuva, o vento, o fogo, a água, a palavra, a compreensão, a família, a amizade verdadeira, tudo fala da obra divina.

- O que é Deus?

- Deus é suprema Inteligência, causa primeira de todas as coisas.

- Onde encontrar a prova da existência de Deus?

- Basta lançar os olhos sobre as obras de sua criação. (O livro dos Espíritos, de Allan Kardec).

Certeza aos perdidos, saúde aos enfermos, alegria aos infelizes, hálito aos aflitos, nunca há de faltar, porque Deus nunca findará, em sua plenitude eterna.

Mesmo aqueles que não tiveram acendido à letrada cultura guardam a convicção desse Alguém Maior, além do que admitam os homens, herdeiros universais na Criação, tantas vezes ingratos.

De Bondade sem limites, como não têm limites sua Inteligência e sua Justiça, devemos recebê-Lo com fervor no âmago do Ser, para alcançarmos a Fé, matéria-prima da tão almejada Felicidade.

E o Poder completar-se-á em cada um de nós, a realização plena de nosso Espírito, irmão entre Irmãos, no Planeta em que nos foi dado viver durante algumas décadas. A graça e a bondade hão de acompanhar-me todos os dias da minha vida.

A oração será a ponte de que o pensamento se utilizará para transpor o abismo e completar, com Ele, a União. Falemos, pois, sinceros aos Seus ouvidos oniscientes, para alimentar os sonhos do que é bom, merecendo o bem querer de abraçá-Lo, na Vitória Definitiva.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Corpo intacto

Ao terminar sábia conferência que proferiu na cidade de Juazeiro do Norte, ocasião de um evento de Direito, o renomado jurista baiano Fernando da Costa Tourinho Filho transmitiu anotação no mínimo instigadora, face à originalidade histórica que apresenta. Em conseqüência, achei de bom alvitre recontar, fazendo-os parceiros de igual oportunidade.

Quando no fechamento de suas palavras voltadas aos aspectos vários da prisão no Direito Penal brasileiro, teceu considerações sobre achado incomum verificado em Roma, entre fins do século XVIII e começos do século XIX. No decorrer de escavações arqueológicas realizadas na Via Apia, trabalhadores localizaram uma urna mortuária, resquício da antiga civilização romana. Logo em cima da peça rara evidenciava-se a inscrição: Júlia, filha de Cláudio.  

Adotados os métodos próprios, foi aberta a urna e revelado o seu interior. Continha os restos mortais de bela jovem de aproximados 15 anos, com longos cabelos louros derreados sobre alvo e despido dorso, quedando-se todo o corpo no mais perfeito estado de conservação, livre das marcas destruidoras do tempo na matéria, o que sói acontecer, mas inocorrera.

A insólita descoberta causou espanto no seio dos que executavam o trabalho, motivando a rápida divulgação da notícia aos demais habitantes da comunidade, que afluíram em multidão para ver o estado inalterado daquela fisionomia, tantos séculos depois de retornar à natureza. 

O caso não demorou a chegar aos ouvidos das autoridades eclesiásticas, que, apreensivas com os rumos do episódio, nele anteviram evidências prováveis de manifestações pagãs voltadas a esse mistério, e, sob pretexto de melhor examinarem a relíquia, depositaram-na em sítio secreto, fora da visitação pública, jamais informado até os dias de hoje. 

Nas expressões persuasivas do Prof. Tourinho Filho, homem íntegro, por isso merecedor da credibilidade de quem priva do seu convívio, a visão maravilhosa daquele corpo eternizar-se-ia na alma de quantos ainda puderam contemplar a  incolumidade da sua beleza. 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Dom Paulo Evaristo Arns

Nesta data (14.12.16), aos 95 anos, passou desta vida à espiritualidade uma dessas pessoas que salvam a Humanidade nos testemunhos do valor da criatura diante do Criador. Ícones de minha geração, que viveu os tempos da Ditadura Militar, dom Paulo Evaristo Arns demonstrou coragem inigualável ao apresentar limites aos desmandos praticados pelas forças da repressão, estabelecendo esperança nos corações amedrontados com as ocorrências de então. 

Junto de outros nomes corajosos, tais Sobral Pinto, Dom Hélder Câmara, Sérgio Porto, Frei Tito, Frei Betto, Hefil, Alencar Furtado, Hélio Bicudo, Lisâneas Maciel, Ulisses Guimarães e tantos de igual expressão, firmou princípios que a História os registrará no panteão da honra brasileira dos grandes heróis. 

Defensor intransigente dos direitos humanos e do estado democrático de direito, Dom Paulo elevou a voz sem medo contra as violações verificadas no País e cerrou fileiras com os seguidos da Teologia da Libertação, de que porfiou qual dos líderes mais importantes.

Visitou prisões e denunciou a tortura, confrontado órgãos da violência policial, chegando, certa vez, a estabelecer discussões acirradas com altos escalões do Governo da época. Segundo o escritor e jornalista Pedro del Picchia, texto publicado no site da Folha de S. Paulo de 14 de dezembro de 2016: Num encontro com o presidente Emílio Garrastazu Médici, a conversa encerrou-se aos berros. Foi Médici quem decretou, depois, em 1973, a cassação da rádio Nove de Julho, tradicional emissora da Igreja em São Paulo.

Incansavelmente, denunciou os desmandos das prisões do regime, sendo depois responsável pela criação do Centro Santo Dias dos Direitos Humanos e patrocinou a publicação do livro Brasil: Nunca Mais, sobre os mortos e desaparecidos.

Dadas essas razões, Paulo Evaristo Arns foi considerado cardeal da liberdade, bispo dos oprimidos, cardeal dos trabalhadores, bispo dos presos, bom pastor, cardeal da cidadania, guardião dos direitos humanos, dentre outras denominações expressivas do trabalho que desenvolveu em prol da cidadania e sobrevivência dos valores essenciais da raça humana. Que o bom Deus ora o receba nos campos eternos da Justiça Social com Liberdade e Paz, seus amores fundamentais nesta vida. 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Poucas histórias de Seu Lunga

Das histórias de Seu Lunga, ou a ele atribuídas, outro dia escutei,
de Pádua Campos Filho, uma das mais geniais. 

O velho mestre da objetividade extrema atravessava a cavalo povoação do Cariri, quando rajada inoportuna de vento lhe arrancou o chapéu, que caía rolando sobre o solo empoeirado deste chão sertanejo. Seguia em frente qual se nada houvesse acontecido. Porém se viu advertido por morador das imediações, que chamou sua atenção em face da ocorrência:

- Senhor, senhor, olhe, seu chapéu ficou pra trás.


Nisso, e sem demonstrar o menor constrangimento, mas compreendendo o que ouvia, apenas, indiferente, olhou na direção do chapéu que ficara abandonado na estrada, e disse:

- Deixa lá. Eu só quero quem me quer – prosseguindo faceiro na direção aonde cavalgava.

...

Doutra feita, diante de um vendedor de loja de produtos agropecuários, buscava adquirir algum veneno de matar ratos. Indagou o preço, coisa e tal, até demonstrar que queria comprar a mercadoria. Mas o moço que lhe atendia dividiu-se em responder também a outro freguês. Quando regressa de volta na direção de Lunga, lembra a negociação inicial e pergunta:

- Sim, Seu Lunga, o senhor vai levar o veneno? Quer que embrulhe?

E o personagem das impaciências antológicas, assim já meio aborrecido com a desatenção do caixeiro, simplesmente respondeu:

- Não, vou levar não. Eu vou é trazer os bichinhos pra comer aqui mesmo no balcão da loja.

...

Época de chuvas em manhã de sol aberto, e tirava algumas goteiras, quando ali passava vizinho bisbilhoteiro e perguntou:

- Tirando umas goteiras, não é, Seu Lunga?!

De sangue quente do calor e da função que desempenha, por cima impaciente com perguntas desnecessárias, o personagem respira fundo, muda de atitude; nisso, começa a pisar as telhas da residência de forma brutal, quebrando-as com vontade, e revida:

- Tirando, não. Eu tô é aumentando as goteiras que já existem, não tá vendo?!

domingo, 11 de dezembro de 2016

Um ser que sonha

Bem no coração do Universo há calor, um calor cósmico, amplo, abrangente. Mãe de tudo quanto existe debaixo e acima do Sol, ali persistirá para sempre, desde que sempre persistiu durante todas as eras, e antes das eras existirem já existia. O Eu cósmico, o coração do Universo.

Em tal direção marcha o quanto há e quanto haverá, por ser este o caminho de todas as coisas, o rumo do Nada absoluto. 

Enquanto isso couber nas palavras, essa emoção da inexistência apesar das existências tocará o coração do Universo, e dele nascerá o coração das criaturas, razão de continuar o circuito universal da Vida.

Nada dura para sempre, e tudo que existe um dia chegará ao Nada, dois momentos únicos da continuação de Tudo. O que salva, pois, o Nada absoluto que persistirá eternamente, essa a paz tão desejada no sentimento das criaturas, no anseio de todos os sonhos. 

Vertente natural das essências deste único Universo onde o Tempo reúne Tudo, bem nesse lugar onde mora a Paz de todos os corações. Jamais fugir face inexistir ao chegar que seja outro lugar senão este de dentro de Si, lá onde habita a Verdade absoluta, luz da Razão verdadeira. 

Estes os passos de quem sonha, do que sonha este ser que sonha todos os sonhos. Na claridade da essência, o Ser germina o Mistério das canções, o perfume das flores, o amor dos corações. Lá inexiste a menor tristeza, só de alegrias perfaz o coração do todo Absoluto. 

Ninho dos estranhos valores da realização deste Ser essencial, o seio do coração do Universo vive bem fora de todos os outros contextos do mundo comum, e as aves voam na direção de Si que anima a Existência total.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Situações bem humoradas

José Luiz de França, Zeba, alfaiate conhecido e líder político de Crato, na época da antiga UDN, vereador de várias legislaturas e ex-presidente da Câmara Municipal, visitava, em noite de comício, as hostes gloriosa da sua agremiação na cidade de Nova Olinda. 

Quando chamado ao microfone para discursar, Seu Zeba expressaria todo seu entusiasmo numa tirada espirituosa:

- Nova Olinda! Nova, porque és nova. Linda, porque és linda.

...

Ele, ao se hospedar na fazenda Condado, no Piauí, pertencente ao Dr. Antônio Araripe, de manhã cedo era visto pela esposa do dono da casa utilizando a escova de dente que a ela pertencia. Bem educada, a boa senhora considerou:

- Seu Zeba, essa que o senhor está usando é a minha escova.

Sem perder o tom sereno e grave, o político cratense retrucou:

- Eu sei, Dona Donita. Mas acontece que não tenho nojo da senhora, não.

...

Espedito Gurgel, esposo de Tia Nildes, irmã de meu pai, demonstrava constantes preocupações devido às atividades profissionais que desenvolvia em Crato, a ponto de se tornar desligado aos extremos.

Certa feita, defronte à Estação Ferroviária, subiu de jipe a Praça Francisco Sá, indo jogar o veículo em cima de um dos bancos daquele logradouro.

Rodeado por populares, no afã do acidente, ouviu alguém dizer:

- Está tudo bem, Seu Espedito?! Só o jipe é que estragou um pouco ali na frente.

Em face da observação, e ainda meio abalado, Tio Espedito retrucou:

- Jipe! Jipe! Que jipe?

...

Livreiro em Crato por mais de 60 anos, certa feita, Ramiro Maia recebia intelectual de Fortaleza que lhe observava o estoque do comércio. Meticuloso, o visitante examinava os livros um a um, e avaliou com solenidade, indicando com gesto da mão:

- Conheço todos eles; por dentro e por fora.

Tranquilo, seu Ramiro apenas sorriu de leve e revidou:

- Conheço todos; mas só por fora.

Temas natalinos

Época de final de ano também nas terras cearenses do Cariri. Sol aberto e algumas nuvens a se aventurar no céu aberto. Expectativa de boas chuvas, depois delas ausentes há cinco longos anos. 2016 do calendário gregoriano. Na mídia, festival de notícias políticas de tudo quanto natureza, desde a prisão de homens ditos públicos a mudanças radicais em tudo quanto é setor do País, da economia à democracia. Mas dizem os manuais do Oriente que crise significa desafio, venho abordar, neste rápido comentário, as reflexões do período.

Vamos celebrar alguns propósitos pessoais, quais sejam: esquecer os maus impulsos da raiva, da inveja, da ganância, e nos voltar ao lado bom da personalidade, ao caráter positivo. Trabalhar de acordo com princípios da boa consciência, que nos ensina Jesus, de amar e ser feliz. 

Praticar a compaixão e neutralizar os instintos do egoísmo. Aparentemente a dificuldade predomina diante da urgência de melhorar as atitudes individuais. No entanto, o que pesa mesmo nas modificações morais representa a coragem e a boa vontade no praticar. As conquistas pessoais reclamam, sim, coragem de vencer a si mesmo e buscar o lado bom da existência da gente. Fórmula única de evolução, reverter a preguiça espiritual e criar métodos de construir o novo ser de que tantos dão notícias a toda hora pelas redes sociais. Sobremodo nesta fase de multimodos e tecnologia avançada na comunicação.

Conquanto as mensagens descrevam bondade, providências necessárias a felicidade, justiça e sentimentos sadios, aceitemos praticar o que dizemos. Elevemos o conhecimento ao dever de exercitar o que aprender. 

Em fase das novas decisões, portanto, que pratiquemos as religiões, os desejos de bondade e virtude dos sábios em oferecer ao mundo, à sociedade, seres renovados de que precisa a Humanidade, e só ninguém mais do que nós pode produzir isto. Faze por ti, que os Céus te ajudarão, base sólida da consciência limpa.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A linguagem dos sinos

Lembrei o título de um dos livros que li na adolescência, Por quem os sinos dobram?, do autor norte-americano Ernest Hemingway, em referência a poema do poeta inglês John Donne: Não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti. E nisso conversávamos a propósito da linguagem que os sinos oferecem, Padre Teodósio, Heitor, Huberto (Bebeto) e eu. A linguagem dos sinos, que contam dos motivos a que dizem respeito nas suas tocadas. Falam de anjinhos que partem, das pessoas, até a distinguir mulheres e homens que seguem também na mesma direção. Os bons sineiros quase sumiram na voragem dos tempos. Raros, no entanto, ainda persistem.

Na ocasião, Padre Teodósio contou ocorrência de que ouvira falar. Arneiroz, século XIX. O sino da matriz insistia bater já tarde, nalgumas noites, sem contar com vivalma que os movimentassem. O povo do lugar transtornava altas horas, a cogitar das almas penadas, tais assim. A história ganhava corpo. Quando menos esperavam, lá dispararam os rumores de medo das ocorrências.

Qual nos lugares de sempre, lá um dia apareceu sujeito destemido que tomou para si resolver o assunto. Espera que espera, numa noite escura do interior, de novo o badalar do sino da igreja. Munido de rijo porrete, o valente busca aproximação da torre, a que subiam por fora do templo e, pé ante pé, chega ao campanário. 

Quem? Dois bodes, agarrando nos dentes a corda do sino, mastigavam com fome e vontade a fibra, querendo aproveitar e disso tirar a ração. 

Mais calmo e vitorioso, o herói gritou pela população aterrorizada, convidando a conhecer os autores das peripécias que duraram bom tempo. Eles subiam afoitos a escadaria de pedra e galgavam o interior da torre, de onde exercitam o ofício de sineiro, a produzir os sinais sonoros que, plangentes,  despertavam o silêncio noturno da cidade.  

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Imitação de Cristo

Que te aproveita discutires sabiamente sobre a SS. Trindade, se não és humilde, desagradando, assim, a essa mesma Trindade? Na verdade, não são palavras elevadas que fazem o homem justo; mas é a vida virtuosa que o torna agradável a Deus. Prefiro sentir a contrição dentro de minha alma, a saber defini-la. Se soubesses de cor toda a Bíblia e as sentenças de todos os filósofos, de que te serviria tudo isso sem a caridade e a graça de Deus? Vaidade das vaidades, e tudo é vaidade (Ecle 1,2), senão amar a Deus e só a ele servir. A suprema sabedoria é esta: pelo desprezo do mundo tender ao reino dos céus.                                                                                                                                                               Tomás de Kempis

A hora atual permite que ajamos assim, abrir comentário com longa citação de obra clássica religiosa que já detém cinco séculos de existência, e que nutriu por demais intensas meditações no claustro, durante todo esse tempo. Quanta verdade conclusiva em parágrafo único de tratado de reflexão quanto à vida espiritual...

Monge agostiniano que viveu no mosteiro de Santa Ana, Tomás de Kempis nasceu no povoado de Kempen, proximidades de Colônia, na Alemanha, em1380. Viveu 91 anos, desempenhando as funções de mestre de noviços onde passou. Dessa vivência, elaborou este livro célebre, que instrui multidões na seara do amor e da piedade. 

O autor mergulha aos abismos da alma e colhe preciosas lições do conhecimento sagrado, possibilitando perenizar o Evangelho através da conscientização divina e da convivência dos seres.

Dada a profundidade com que interpreta os ensinos cristãos, reúne à prática do que ensina Jesus o cotidiano das criaturas humanas por meio do exercício das verdades eternas trazidas nas sábias considerações que eterniza em estilo simples e puro.

Nunca estejas de todo desocupado, mas lê ou escreve ou reza ou medita ou faze alguma coisa de proveito comum, considera o escritor.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Sensação oceânica

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço que trabalhou ao lado de Sigmund Freud na estruturação e inícios da Psicanálise, tratou o tema, a disposição do espírito humano de presenciar a totalidade e viver emoção inigualável de integração com o todo. a que denominou sensação oceânica

Somos, sim, o centro do Universo. Qual estando em um recipiente sem fronteiras ou limites, espécie de oceano de energia em que inexiste fim seja em quaisquer direções, assim nos vemos diante do Cosmos. O Inconsciente representa esse fator agregador dentro de que existimos. Há, pois, o inconsciente individual e o inconsciente coletivo, um vinculado a outro, que se intercomunicam, independentes de havermos obtido tal sensação, porém que aguardam o instante de galgarmos o nível de percepção suficiente a tanto acontecer no âmbito de percepção.

O transcorrer dos acontecimentos nas vidas pessoais a isso levará. Tudo marchar inexorável a um fim útil, de quando, lá certa feita, vivermos de todo a plenitude infinita do Ser.

No passo das experiências desenvolvidas na matéria, o espírito conquistará a liberdade absoluta na Consciência, fruto da razão de existir. E a porta desta conquista passa pelas vivências exclusivas do indivíduo no mundo físico, sem o que jamais o realizaria.

A sensação oceânica de perceber o vínculo com a totalidade universal em si próprio significa, destarte, prenúncio da mais perfeita lucidez que nos espera no andamento natural. As escolas místicas trabalham isso por mim de esforços e técnicas de meditação, isolamento, exercícios vários, numa intenção ostensiva de revelar os segredos ocultos da natureza interna.

Essa a busca constante da aventura humana face aos objetivos parciais da Terra, até o momento da resposta a que costumam classificar de Graça Divina, Lua da Existência, Espírito Santo de Deus, Iluminação, Purificação, Arrebatamento, termos e traduções do furor plenitude em nossas almas mortificadas nos caminhos da evolução de Tudo em Si.  

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Paz no coração

Sim, eis a busca incessante dos humanos. Espécie de motivo principal do drama/comédia que protagonizam, trocam passos insistentes na tal direção desse objetivo sem igual. Inventam ser uma beleza a conquistar, porém guardam nas gavetas íntimas a cápsula da felicidade na forma de tranquilizar desejos e serenar o coração. Eles saem na floresta à procura das metas que criam na solidão, às vezes à cata de leões, lebres, outros corações apaixonados, no entanto prenhes só na grandeza de serem os heróis de criação individual e viverem momentos parciais de fama durante o intervalo das guerras existenciais.


Nesses sonhos precários de excelência, limpam os cascos no tapete dos palácios e vendem almas em leilões de arrogância, contudo nem de longe se enganam de que são meros equívocos a dançar sinfonias de desespero, que mais adiante irão querer recuperar diante do Eterno. Ainda assim deitam e rolam pelas encostas dos abismos, drogas, violência, injustiça, etc.

Pudessem ao menos refrear o Infinito e dormiriam a sono solto, no sentido de sonhar com a paz de todos os sonhos. Acalmar o firmamento do desassossego, e sintonizar melhores estações espaciais, aonde pudessem aportar horas depois de tudo haver terminado das ilusões. Sustentar o projeto da divindade em forma da salvação dos prudentes. Porém sofrem com isso, de ter de adiar sem nova data o reencontro das esperanças consigo mesmo. Demorar, que demoram, todos sabemos disso. Haja vista o espaço nos trilhos do futuro, e construiremos a igreja do Amor no interior das criaturas.

Sonhar, que todos sonhem; reavivem o objetivo, pois, da humana aventura de tantos sóis em obter o clímax de todas as emoções. Queiram sim não fazer o mal e sempre fazer o bem, atitudes no mínimo de sabedoria, o que leva a crer ser possível ampliar o fulgor de certa manhã, no dia definitivo, abraçar a Luz ao foco dos desejos e brilhar com força no seio de todos os viventes.

Diamantes e poetas

Eu queria que a própria linguagem fosse inventada a cada poema.
                                                                                   Ferreira Gullar           
A escola do poeta é a vida. O destino do poeta, a Eternidade. Assim me vêm os pensamentos quando, na madrugada de ontem, regressou aos páramos celestes o poeta maranhense Ferreira Gullar. Essa raça de gente não morre nunca, pois eles nascem no sentido único de eternizar de si a palavra. Vão daqui e deixam os sentimentos plasmados nos poemas, nos livros, em suas histórias inigualáveis e impossíveis. Rasgam a empanada que os separa do outro lado da vida com as próprias unhas, por saber da certeza do lugar aonde firmarão os pés espirituais, nas bandas de lá, aqui de junto.

Ele nasceu com outro nome, José de Ribamar Ferreira, em São Luís MA, no dia 10 de setembro de 1930. Cresceu em sua cidade e logo cedo, ainda adolescente, resolveu ser poeta, profissão sem profissão, de risco, à toa. Aos 18 anos, frequentava os recantos boêmios da Capital maranhense e aos 19 anos conheceria a poesia moderna através da leitura de Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.                               

De pensamento libertário, diante das movimentações políticas dos anos 60 evidenciaria atitudes que o marcariam definitivamente qual escritor, teatrólogo e compositor de largo costado e visado pela repressão daquela fase histórica. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras, reconhecimento dado aos grandes autores nacionais.

Hospitalizado durante 20 dias, a 04 de dezembro de 2016,  um domingo pela manhã, Ferreira Gullar deixaria o rol dos vivos, pai que fora de dois filhos, Luciana e Paulo, e avô de oito netos, e voltaria ao mundo espiritual, subscrevendo belos poemas que decerto permanecerão para sempre na memória da melhor literatura brasileira.

E jamais sobrará reviver suas palavras ao afirmar com gosto: Porque nada do que foi feito satisfaz a vida, nada enche a vida. A vida é viver.

Cantar é com os passarinhos

Nas horas de Deus amém, quando a gente observa caminhos tortos que percorreu e sente de perto o ranço das consequências do que fez no passado distante, que agora sujeito voltar a buscar o preço, resta não outra que razão diferente de olhar a natureza, contemplar, quais dizem, e viver de perto as bênçãos do Criador. Buscar meios de acalmar os sintomas dos equívocos e acertar a casa da paciência. Viver de novo o que ficou lá atrás de maneira certa, sob o prisma da virtude.


Trabalhar os sentimentos em favor de sofrer menos e descobrir as caixas da alegria jogadas nos despejos, renovar os modelos de perfeição que um dia se buscou. Ouvir as mensagens harmoniosas das matas, os pássaros que vibram ainda que neste mundo errado de tantos desencontros. Sorrir, afinal.

Por tais motivos estamos nisso, tangendo nossos rebanhos. Olhar face a face os dramas, e saber que há uma justificativa plausível de vivê-los, porquanto inexiste a injustiça na Lei. Aceitá-los na palavra de São Paulo, de não recalcitrar contra o aguilhão. Aguentar os resultados que o tempo ofereceu de resposta, a gratidão da Eternidade em nome da libertação.

Porém ouvir também o canto das aves benditas que insistem avisar o quanto de possibilidades persistem no decorrer dos próximos passos. Evita esquecer o sentido de estar aqui nas estradas da realização pessoal. Conduz aos planos mais elevados da consciência, aonde existem os sinais do mundo espiritual, matriz da felicidade definitiva, sonhos dos humanos.

Assim sobreviver nas marcas fortes da Criação, os animais, as plantas, os fenômenos, cores, brisas, mares, rios, tudo em volta, evidências do Poder Superior. É isto, são eles, os instrumentos da orquestra divina a pulsar dentro de nós as vivas lembranças da amabilidade universal.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Sede do Absoluto

Vala comum dos humanos, por que sabem das teorias, a prática sempre fica devendo revelar a verdade. Ainda desse modo, no entanto querem mais e mais. Aliás, desejam ardentemente respostas consistentes a propósito de quase tudo, sem obter êxito suficiente. Estejam todos bem, satisfazem o estômago, as partes baixas, a vaidade, e o resto deixam ficar num largo depois. Correm feitas máquinas, buscando satisfazer os objetivos imediatos, porém logo adiante dão de cara com o bicho Tempo, espécie de areia movediça que iguala os gregos e os troianos na tal vala comum de que falamos.

Bom, mas a intenção principal do comentário é avaliar a carência enorme que persegue os humanos de achar as respostas definitivas ao conceito de absoluto, neste mar de relatividades. Distribuir as palavras nas ações e gozar do direito de ter paz, por saber de onde vêm, o que fazem aqui e para onde irão. Só tudo saber, fonte dos suspiros absolutistas. Saber, afinal, o objetivo das razões que nos dominam. 

Contudo passamos longe de encontrar as fórmulas mágicas que resolvam a equação fundamental. Isso leva indivíduos a ideias quais: náusea de viver, angústia, desespero, fastio, vazio interior, depressões variadas, bem ao gosto dos filósofos da existência, os existencialistas. Dizer e fazer, achar o caminho.

Nesse momento, insistir na vontade das respostas sólidas, todavia impossíveis. A gente avança, pois, devagar nesse aprendizado de viver. Sofre e quer saber os motivos. Reza, clama, medita, reflete, pratica boas obras, estuda, ouve os sábios, ler livros, aguarda, aguarda... Vão horas e horas na aventura de conhecer, olhos postos no horizonte. Quantos rios de esforço terão, por isso, de aferventar e beber e diminuir a secura de nossos lábios, à luz da libertação do misterioso Infinito?!