Enquanto arrastamos os corpos pesados de matéria neste patamar daqui de baixo, lá dentro habitam todos de nós que ainda desconhecemos até a possibilidade que exista de ser assim. Inconsciente, é ele o portal das maravilhas. Lado sombrio do passado em forma de memórias múltiplas, equivale à banda escura da Lua das nossas consciências medíocres. Quantos e tantos só imaginam o que haverá de infinito a pernoitar bem aqui dentro da alma da gente, nas malhas douradas do Inconsciente, portal das maravilhas.
Os que chegam a visitá-lo voltam, qual Aladim, Platão, Hobbit, Lázaro, revelam tamanhas abstrações inigualáveis que os comuns mortais torcem-lhes a cara e seguem de olhos baixos nos tabuleiros da dúvida, feitos animais selvagens da bruxa da ignorância, certos na incerteza de saber que nada sabem. Aqueles aventureiros corajosos do mar desconhecido insistem, pois, a contar o que viram, porém cientes do quanto distantes perseguirão a velocidade da luz, janelas fechadas da acomodação escuro do medo.
No entanto resta o território dos sonhos a desvelar a fim de salvar das iniquidades a população dos humanos. Ali vivem os super-heróis, os deuses, os mitos, as nereidas, os silfos, os elfos, os gnomos; milagres; profecias; sétimo céu de todas as bênçãos religiosas; o perdão, a humildade, a compreensão; os gênios do absoluto; os doutos da justiça, do amor; os contadores de histórias; os brincantes; os saltimbancos; as fadas; as crianças prodígio; a reencarnação; os reinos de perfeição; os santos; os poetas; os faquires; os doidos; vivem juntos no mesmo país, em clima de alegria e festa o calendário inteiro dos eternos sonhos. E o tal reino carregamos aonde formos, bem no cerne do coração. Ele, nele, o Inconsciente vivo que somos nós.