sexta-feira, 30 de junho de 2017

Mar de sonhos

O Inconsciente, este o mar de sonhos, fonte primeira das artes, dos sentimentos. Universo inesgotável de histórias e experiências mil, que oferece aos que o buscam as chances de responder aos lances dramáticos do mistério. Oceano de toda maravilha, nos seus abismos imperam os desejos da imortalidade, os segredos de dores e partos, trilhões de seres mitológicos que despertam seres humanos a querer sobreviver ao desaparecimento instantâneo.

Enquanto arrastamos os corpos pesados de matéria neste patamar daqui de baixo, lá dentro habitam todos de nós que ainda desconhecemos até a possibilidade que exista de ser assim. Inconsciente, é ele o portal das maravilhas. Lado sombrio do passado em forma de memórias múltiplas, equivale à banda escura da Lua das nossas consciências medíocres. Quantos e tantos só imaginam o que haverá de infinito a pernoitar bem aqui dentro da alma da gente, nas malhas douradas do Inconsciente, portal das maravilhas. 


Os que chegam a visitá-lo voltam, qual Aladim, Platão, Hobbit, Lázaro, revelam tamanhas abstrações inigualáveis que os comuns mortais torcem-lhes a cara e seguem de olhos baixos nos tabuleiros da dúvida, feitos animais selvagens da bruxa da ignorância, certos na incerteza de saber que nada sabem. Aqueles aventureiros corajosos do mar desconhecido insistem, pois, a contar o que viram, porém cientes do quanto distantes perseguirão a velocidade da luz, janelas fechadas da acomodação escuro do medo. 

No entanto resta o território dos sonhos a desvelar a fim de salvar das iniquidades a população dos humanos. Ali vivem os super-heróis, os deuses, os mitos, as nereidas, os silfos, os elfos, os gnomos; milagres; profecias; sétimo céu de todas as bênçãos religiosas; o perdão, a humildade, a compreensão; os gênios do absoluto; os doutos da justiça, do amor; os contadores de histórias; os brincantes; os saltimbancos; as fadas; as crianças prodígio; a reencarnação; os reinos de perfeição; os santos; os poetas; os faquires; os doidos; vivem juntos no mesmo país, em clima de alegria e festa o calendário inteiro dos eternos sonhos. E o tal reino carregamos aonde formos, bem no cerne do coração. Ele, nele, o Inconsciente vivo que somos nós. 

Graças a Deus!

Sim, mostre que Ele tem poder. Dê-lhe graças. Quando pedir, confie. Aceite. Receba de bom grado a que Ele vem lhe atender. Todo poder vem de Deus, e em seu nome será exercido. Soberano, eterno, infinito, prevalece diante de tudo quando há e a qualquer tempo diante da Eternidade. Ausência de dúvida, estabelece as bases da existência e nos fornece os elementos de compreensão suficientes à formação da consciência da Verdade. Vive na essência e nas manifestações da essência. Vontade pura, razão absoluta, sentimento da excelência, o Amor. Mistério mais profundo e a simplicidade das flores. A leveza dos ventos. O doce das frutas. O amargor das sementes. Luz das formas e silêncio dos desaparecimentos. Nada e Tudo. A coerência dos movimentos, santidade dos credos e beleza mais bela. 

Quanta riqueza que há sob os olhos e no íntimo da imaginação, isso lhe pertence por direito e contrição. Longe dos apegos, jamais deixa de criar. Seja santo, que santo é Deus, e de Deus aceite suas mesmas orações, pois a Si, a Ele são dirigidas. Receba o que pede, seja justo no que peça, e tranquilize o coração, morada do divino. Acalme pensamentos e viva os melhores sentimentos, a fim de habitar sempre a pátria da sinceridade. 

Nas vilas, na floresta, no deserto... Nos astros, no etéreo, no impossível... Rastros de Deus trazem todas as respostas a todas as perguntas. Na aceitação do conforto das almas, no abismo, na distância... No furor das tempestades, nas secas mais cruéis, no choro e na paz, na presença dos ideais, na justiça e no parlamento... Sentir Deus, eis motivo único de viver aqui no Chão. Trazê-lo ao pódio das intenções e torná-lo santo à medida que quisermos acrescentar felicidade ao gesto de revelar perfeição. Mostre que Ele tem poder, sim. Seja, exista, desvende o valor da Consciência.

terça-feira, 27 de junho de 2017

O barqueiro de Dante

No livro A divina comédia, obra-prima de Dante Alighieri, ao canto III, tocam os Poetas as portas do Inferno, lá onde terríveis palavras se acham postas logo no vestíbulo, ao encontro das almas dos que não foram fiéis a Deus. Depois chegam ao Aqueronte, onde avistam Caron, o barqueiro infernal que transporta à outra margem os danados que serão submetidos ao suplício. Nessa hora, treme a terra, lampeja uma luz, e Dante cai sem sentidos.

Ele, ali, o barqueiro da outra margem, conduz as almas dos condenados ao castigo da Eternidade, culpados pela consciência enlameada na ilusão pecaminosa. Derradeira paisagem de olhos assim tostados, apenas desmancham, no abandono, pálidas saudades largadas ao chão, quais máscaras do perjúrio, e aceitam do inevitável a lembrança para sempre naquilo que haveriam de ser, porém jamais que fossem, na opção dos espúrios condenados. Submersos, pois, na escuridão, já afrouxam a carne infeliz depositada às ondas do Mar da Morte e sua solidão definitiva. Deixai, ó vós que entrais, toda a esperança, diz o letreiro visto à porta.

Aqueles destinos arbitrados na ribeira do outro lado regressam apenas ao pó donde nunca daí foram tirados, mas oportunidade bem tiveram, e jogaram fora ao sabor dos retalhados enxofres. Enquanto isto, o velho barqueiro cumpre o furor da perdição de os levar, no cumprimento das sentenças. De olhos tristes, Caron segue o curso, na profissão dos executores das penas, gesto próprio de almas obedientes, a rever no dia tantos que o barco transportara, que nem desgosto disto poderia ter. Eis a entrega dos desvalidos aos lucros amargos das trevas que lhe fora determinado tutelar, naquela missão dos extremos, nos portais do Inferno.

E Dante ouve em si as notícias do esquecimento dos liquidados ausentes: Como no outono a rama principia \ as flores a perder té ser despida, \ dando à terra o que à terra pertencia... 

(Ilustração: Inferno, de Botticelli).

domingo, 25 de junho de 2017

Há um mosteiro na alma

Espécie de silêncio e luz, na poesia existe a filosofia no seu estado mais puro. Passos dos corredores de mosteiro imaginário, tangem os dias feitos pastores de ovelhas que representam nuvens de céu imenso, o teto da humana consciência. Bichos que deslizam pelo céu ao sabor do vento. São as horas, os meses, séculos, universos, todos pertencentes ao rebanho das vagas deste mar de sacrifícios. No meio disso, alguns animais racionais vez em quando estiram o pescoço a sorrir, quais nunca fossem também cair no abismo sofisticado de firmamento aberto logo ali adiante. 


A gente rezava, comia, dormia, acordava, transava, trabalhava, viajava, porém vivos adormecidos provisórios; lesmas dos rochedos da Eternidade; borboletas dos jardins abandonados; visagens de antigos castelos de sonhos de outras dimensões. Contudo submersos no desejo inexistente da imortalidade. Tudo corre, entretanto, pelo trilho estreito de quem vai primeiro e quem vai depois, tais filas incomunicáveis de seres indiferentes, uns pisando os outros, feitos cavalos selvagens. Importam nada as feridas, os desalentos. Embriagados no prazer, avançam inconscientes rumo do desaparecimento posterior no mistério.

Lá dentro, todavia, impera uma ordem original. Monges cautelosos suportam a ignorância dos seres cá de fora, sabendo, no entanto, que haverão de acertar as contas do que destruíram no afã de conhecer a liberdade que a Ciência lhes ofereceu de mãos abertas. Ninguém desconfie que escapara impune aos desmandos praticados. Só ter calma, e os acertos virão no momento aprazado. Porquanto o tribunal de si mesmo segue seu curso natural. Mais cedo, menos tarde, o anjo da balança comparecerá na cena trazendo o lenço que lhes enxugará as lágrimas diante da misericórdia do autor da Criação. 

Elas, as ovelhas, regressão ao aprisco sob o princípio da necessidade que determina a existência viva nos corredores da alma, construção de antiguidade remota, antes de quando nem saber disso a gente avaliava um dia vier a conhecer na própria pele. 

sábado, 24 de junho de 2017

A revolução interior

Ser de direita ou de esquerda, hoje, virou traste de antigamente. Isso aconteceu há bem pouco tempo, menos de 50 anos, quando vieram abaixo muros e experiências do século XX que demonstraram a fraqueza do caráter humano em desenvolver projetos ideais de transformação sócio-política, que redundaram em profundos fiascos e custos elevados nos termos de possibilidades práticas dos estudos econômicos. Foram decepções cruciais da renovação coletiva. Venceram, ao final, os interesses próprios. Mera prostituição dos valores morais que devoraram tanto idealismo de gerações inteiras.

Daí, continuidade dos sistemas de poder só adotou mediocridade e corrupção por norma de governo, e o neoliberalismo inglês invadiu palácios e cocheiras, independentemente das cores das bandeiras tremulando em um mundo de castas e mercados. Rússia, China, Cuba, Alemanha, Japão, nações que experimentariam modelos outros de administração dos destinos de Estado, agora professam credo único de governança em que prevalece o interesse das minorias detentoras das finanças, e os demais segmentos que respondam pela força de trabalho para alimentar o monstro Moloc. 

Frustraram todas as grandes teorias de mudanças imaginadas pelo gênio filosófico, apenas matéria de sala de aula nas escolas distantes da atualidade real. Tão só memória de sonhos, resta dizer com todas as letras.

E o velho ser humano, inventor das hegemonias dos paraísos sociais, persiste estrada afora no sentido da Eternidade. Fazer o quê, senão viver consideravelmente? Responder ao desafio da espécie que se alimenta das outras espécies, movida pela sanha mineral dos combustíveis fósseis? Nisso conta a sinceridade: De dentro dos tais protótipos embrutecidos, virá, sim, a grande transformação que se deseja aos milênios, ora solapada no lucro da miséria, da ambição e do egoísmo.

Existirá o direito de realizar mundo melhor. Nada de fugir a título de enterrar no tempo os atores do heroísmo da felicidade. Pois habita, nas cavernas da consciência, o antídoto que vencerá a ilusão de poder. Esta a verdadeira revolução de que falam os místicos. Encetar em si o mistério do sentimento e concretizar, neste Chão do coração, os valores infinitos da Ética universal.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

"A praça dos nossos sonhos"

Este o título de livro lançado no Instituto Cultural do Cariri, em Crato, no dia 19 de junho de 2017, da autoria de Carlos Eduardo Esmeraldo e Magali de Figueiredo Esmeraldo. São recordações preciosas e guardadas com carinho, a mitigar a sede dos muitos que lhes virão conhecer de perto.


Quanta saudade viva mora bem ali no passado, e que só a boa literatura disso fala de cátedra, enquanto mantém aceso o fulgor de felicidade que a tantos representam, iniguais momentos da real felicidade.  Qual bem disse Machado de Assis, em Dom Casmurro: Mas saudade é isso, o passar e repassar das memórias antigas.

Nas tardes frias das ausências destroçadas, nascem as palavras felizes de Carlos e Magali, a dizer intensamente da geração de que sobrevivem, sedentos da oportunidade oferecida pela literatura, arautos das variantes de si e dos povos, quais missionários de contar e soldados que amam o fazer com paixão seu ofício.

Espelhos abertos, pois, daquele passado que agora refazem no desejo valioso de preservar a qualidade dos instantes mágicos, guardam nos textos o sentimento que os produz, na arte do elaborar das letras. 

Viagens, perfis, episódios, apreensões, mundos distantes no tempo das origens, inesperados, anedotário, costumes, registros fundamentais do grupo social, tudo dentro de cuidado técnico de jamais perder aspectos que restariam largados às malhas do esquecimento. 

Páginas inteiras de revivescências vindas à tona sob o preceito de acreditar no sabor das lembranças mantidas no amor e no estilo. Os dois, marido e mulher, agora integram, por isso, esse bloco seleto dos memorialistas do Cariri da segunda metade do século XX. 

Nosso mundo disporá, também, da qualidade destes bons escribas a lhe reservar capítulo especial nas histórias pessoais com que leram seu mundo, de importância a toda prova.

Assim, diante desse livro de fragmentos pinçados de passados narrados com eficácia, rendemos reconhecimento ao enlevo dos tantos leitores privilegiados de receber A praça dos nossos sonhos, numa edição da Editora Mentor, de Crato, Ceará, palco dos seus acontecimentos. 

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Homero Mesiara

Quantos caprichos guardam a memória, sabe Deus. Volta e meia, regressam à atualidade fragmentos do passado, querendo ganhar a pulso espaço nos dias atuais, espécie de cadeira cativa que, no sério, reclamam . E, o que é mais sério, conseguem se impor na maior desfaçatez.

Falar de Homero Mesiara exigiria, talvez, as páginas de um romance, qual dissera Carlos Ribeiro, dada a força de personagem que ele tão bem configurou, nos transatos baianos, sobretudo nos tempos soteropolitanos entre as décadas 60 e 70.

Nem sei dizer direito de que modo conheci Homero. Sei que morávamos na mesma rua Raul Drumond, no Loteamento Clemente Mariani, na Barra Avenida, próximo ao Cemitério dos Ingleses. A duas quadras um do outro, preenchíamos apartamentos. Eu e Márcia lhe visitamos nalgumas vezes. Ele ensinava Inglês, conversação. Lembro um poema de que gostava, de Pamela Moore, e declamava no sotaque britânico. Peguei algumas aulas dele. Conversamos de assuntos variados, alternativos. Também apreciava alimentação natural e literatura, qual a gente. 

Lá um dia, ao chegar no seu apartamento, avistei e matei uma barata, o suficiente a que merecesse reprimenda quase descompostura, pois, segundo alegava, tinha desrespeitado o recinto sagrado de seu lar. E que ali ninguém assassinava qualquer qualidade de inseto. Claro que aquilo mexeu comigo, visto lembrar até hoje, pois ainda insisto em eliminar esse bichos desnecessários, segundo acho.

Indicaria Homero Mesiara de professor a colega do Banco que estudava Inglês no sentido de prestar exame de curso na Universidade de Michigan, no Estados Unidos. Fez algumas aulas. Obteria sucesso no teste e passaria um ano fora do Brasil, aperfeiçoando conhecimentos para o trabalho. Mas antes de viajar eis que Homero seria detido numa batida policial no Alto das Pompas, no Rio Vermelho, manchete do dia seguinte nos jornais da Capital. 

E vejam só a boca quente em que me meti querendo auxiliar. Cedo logo, quando chego no trabalho, avistei uma roda de funcionários em volta da publicação, tendo Homero qual ator principal. Lógico que eu teria que explicar o caso do professor envolvido com dependentes de drogas que indicara ao colega, coisa e tal. Nunca passaria por inocente, ainda que justificasse que lá estava ele apenas no intuito de prestar serviço, a aplicar algumas injeções nos envolvidos, como quisera depois me convencer.

Em consulta recente ao Google, vim saber mais do paradeiro de Homero Mesiara através do site de Carlos Ribeiro, um jornalista baiano, que também o conhecera. Num texto do blog Apontamentos do Caleidoscópio (sob o título Uma pessoa tão normal), o mesmo Carlos Ribeiro assim escreveria: Lembrava-se de Homero Mesiara, uma figura insólita que conhecera em Itapuã, em meados dos anos 70, que, numa casa velha, na rua Guararapes, entre livros antigos, teias de aranha e chás macrobióticos, lhe dissera:

- Você também tem o Sinal de Caim. Daqueles que não poderão nunca viver com o rebanho. Daqueles que estão marcados para sempre pela solidão.

Dentre as buscas encontraria também: https://www.trt5.jus.br/.../28220_processos_para_eliminacao_2006_publicar_1_edital.p...Tambuc RDO: Homero Mesiara (Espólio De) //. 0032900-54.2006.5.05.0004 - N°Arq: 802681-A Vol.: 1 RTE: Rone Petison dos. Santos Lima RDO: Comercial ...

Antes de regressar ao Ceará, passados sete anos na Boa Terra, encontrei Homero junto de uma baiana do acarajé com quem fizera sociedade e transportava seus apetrechos no velho fusca que possuía. A sempre insólita figura; magro, alto, nariz grande adunco, de sorriso sarcástico plantado na boca e olhos grandes e gozadores. Era qual se a vida não lhe dissesse respeito, não fosse com ele; a vida e o mundo. Estava ali só de figurante, sem nenhuma responsabilidade diante de tudo o que viesse a acontecer em consequência dos desmandos e dos acontecimentos.

No passado mais remoto, possuíra uma escola revolucionária em Salvador, de que me falara algumas vezes, revivendo o pensamento de Anísio Teixeira, de quem se dizia seguidor com as ideias de transformação humana. 

Outro esparro que levaria dele foi quando presenciou rusgas entre eu e Márcia e me afirmou peremptoriamente não está a fim de acompanhar tais dramalhões de casal, muito menos tomar partido de quem quer que fosse. Era numa manhã de domingo, e ele viera pedir que fôssemos juntos, bem cedo, buscar seu carro, abandonando na noite em um trecho da Bahia – Feira de Santana, a dezenas de quilômetros de Salvador. Eram idos de 1975.

Vejam só, nesgas distantes ora chegam de longe na memória a contar de pessoa aparentemente secundária na trama oficial da história pessoal, no entanto figura emblemática de Salvador, naquele tempo. Tempos solitários, de aventureiros das estrelas jogados aos mangues da sobrevivência. 


segunda-feira, 19 de junho de 2017

Calmo, porém ligado

Nestes tempos de entregas e delações premiadas, quando baixou uma crise de consciência em meio a indefinições dos destinos políticos, tanto do País, quanto do resto do Planeta, o cidadão médio segue seu curso natural de trabalho e organização, conquanto tem contas a pagar e vidas a viver. As notícias, que parecem antigas, nem mais representam escândalos, de tão rotas e banais, por mais graves que sejam. Aquilo de quem conhecia previamente anda nas alturas dos donos do poder. Espécie de bufões contratados e bem pagos a fim de cumprir os papéis da cena, há que mostrar serviço e haver mudança de seleção por parte dos eleitores logo nas eleições próximas, sob pena de deixar o adversário gostar do jogo e o povo amargurar ainda mais as mesmas derrotas do passado.

Bom, mas o que nos significa responder aos tais enigmas e contradições dos que fazem uma nação aceitar de braços cruzados as oportunidades valiosas dos turnos eleitorais e oferecer cheques em branco aos velhos fregueses da coisa pública, num total desconhecimento do que seja democracia e o valor do voto? Isso que se repete desde que o Brasil é república. Esperar de quem, vez que o direito de escolha é conquista da grande população?

Seriedades mil exigem a seleção das lideranças no transcorrer da história. Exemplos sobram de desmandos praticados e de quem responderá friamente nas barras dos tribunais. O que parecia tão simples, a escolha dos estadistas de valor e lançá-los ao comando das massas, depois de séculos acrescenta muito pouco em termos de aprimoramento das instituições democráticas.

No entanto, o tempo reclama atitudes mínimas de coerência do cidadão para consigo próprio. Buscar o exercício da responsabilidade no trato das seleções, que seja o princípio de grandes transformações com vistas ao futuro da cidadania, sobretudo nas mãos dos eleitores e partidos políticos.

domingo, 18 de junho de 2017

Lições de solidão

E perguntar a si, diante dos limites da dor, onde achar as respostas inevitáveis do resistir a qualquer custo. (Lembrar as angústias de Castro Alves em face dos sofrimentos da escravidão (Deus, ó Deus, onde estás que não respondes. Em que mundo, em que estrela Tu te escondes, embuçado nos Céus?) Dor em tudo; dói a vida, dói pensar, resistir, imaginar; até sorrir, que dói Só dói quando rio, qual diziam as charges de O Pasquim, na década de 60.

No entanto, que outro jeito senão viver, amar, e ser feliz, bem feliz diante da dor, por maior que seja ela. Solver intensamente o cálice da Salvação, tal fez Jesus no caminho do Calvário, perante a solidão cósmica no rumo do Pai Eterno, a lhe aguardar logo à frente, pelos braços abertos da cruz, e depois, no terceiro dia, na abertura dos Céus que o receberam. Guiado através das sendas da Luz, abraçou a paixão no martírio de demonstrar aos demais, que somos nós, como ultrapassar a barreira da transcendência e desvendar, sem temor, o mistério da Eternidade.

Enquanto aqui percorremos as veredas da angústia, do desgosto e da ilusão, por vezes, inebriados na própria ignorância e lançados às turbas da inutilidade, vemos esses dias tão parecidos a desfilar no limbo os trilhos da desigualdade humana; hienas a gargalhar no som dos mambos tecnológicos e séculos sucateados. Ninguém que veja ninguém, no passar desses quadros de fita dos filmes de antigamente.


Erguer aos Céus, pois, o petitório das seitas, gritos lancinantes frutos das agressões dos que ferem o silêncio e deixam um clamor de fera ferida vagando pelos ares. Todos bem desejam aplacar a fúria da solidão que invade a alma. Aços em brasa lhes rasgam as carnes. Quanta distância ainda resta ao Poder Magnânimo que haveremos de percorrer até a Paz chegar ao coração? Olhos fixos lá longe, nas barreiras do destino, apenas sonham ver, de uma vez e para sempre, o nascer infinito deste Sol.

sábado, 17 de junho de 2017

Marcas da felicidade

Ouvi, sim, no meio daquela noite, o tropel contundente de um carroção a percorrer o silêncio. Acordado de chofre, o som sacudiu meus ossos no estranho tocar de rodas do calçamento de pedra. Algo dizia que já ouvira antes o som do que passava. Tal fosse o emissário dos resultados destas vidas, tangido pelo homem idoso dos dias, conduziu consigo o animal de carga que arrastava o carro da justiça, na missão de recolher restos de infelicidade que ficaram no passado. Espécie de emissário do Eterno das gerações, responsável pelo que executava com determinação, levava no transporte escombros de tudo que restara, sonhos desfeitos e ilusões perdidas.


Dali adiante, saudades antigas não precisavam mais. Hora de mistérios vivos acendeu o céu do horizonte de lâminas intenso e puro brilho, claro forte da luz das estrelas na fria madrugada de junho. Adeus ao medo e à solidão. As incertezas doutras eras sumiram lá fora, na neblina que se desfez nos vastos limpos do dia. Foram secas as dores do parto da felicidade, disso testemunhavam. Depois de outro tempo, cicatrizes viraram só sinais de esperança e paz. Sabores de ausências desaparecem do íntimo, e a alma cresce pouco a pouco.

Aquele carroção das dores partidas percorria de volta o caminho do calvário e levava a bem longe tudo quanto o homem velho transformara nas idades de transformação e consciência.  Degrau por degrau, o antigo sofrimento palmilhara o curso de vencer a ignorância e aceitar ser feliz, dominar os instintos da matéria e revigorar as forças do coração reanimado.

Itinerário da beleza, reviveu o pleno direito de sonhar novas possibilidades, espécie de dever da natureza em amar quem sofreu, sinais de desmonte da espécie no lenitivo bom de tantos e em todo lugar. O tropel das incertas multidões agora simplesmente trescala festa e alegria, no sorriso doce dos que nascem de dentro da noite na graça da  viva Salvação. 

quarta-feira, 14 de junho de 2017

A escuridão e a luz

Questão por demais, neste chão, saber por que não se nasce logo limpo, inteiro, bom, quando o Criador bem poderia haver feito todos a nível. Neste momento, cabe um estudo gramatical dos dois por quês (porquês). 

No segundo caso, do porquê junto, seria pedir a resposta-explicação disso, de ter vindo assim ainda enxovalhado, precisando de reparo nos aspectos morais de criatura, em busca da perfeição de onde um dia proviemos. Se criados de quem o somos, Senhor da perfeição absoluta, por qual motivo também não já viéssemos perfeitos. Nascidos das mãos do Autor da perfeição, seria pedir muito que isto houvesse acontecido? Por que razão?


A razão desse motivo vem na resposta seguinte, ao primeiro por quê, a que finalidade não viemos já perfeitos de tudo e em tudo. 

A consideração dos tais argumentos de quais razões nos trouxeram aqui em estado bruto e não de santos, puros, perfeitos, significa exatamente isso, de a gente também participa da obra da Criação. No objetivo de contribuir com o todo universal e gravar em nós esse itinerário da nossa realização pessoal. Noutras palavras, somar à luz mais luz, a que ora poderemos acender em nossos corações. - Brilhe vossa luz - , afirma o Divino Mestre. 

O porquê junto é a explicação do por quê afastado a fim de unirmos os dois eus que carregamos estrada afora no prumo da Salvação. E os místicos vêm isto ensinar, essa atitude necessária da conciliação da sombra e da luz em nós. Eis a participação infinita das individualidades no seguimento de construção da Natureza. Ego e eu, portanto, são o mesmo ente. As divisões, conflitos pessoais, coletivos, as guerras, nada mais representam que os cascalhos da ignorância e clamor de transformação. 

Quando falam as religiões cristãs que Jesus vem nos salvar, ao perecer na cruz do Calvário, Ele demonstra na própria vida que haveremos de vencer as fraquezas da matéria e galgar a glorificação do mundo dentro de cada pessoa.  

terça-feira, 13 de junho de 2017

Um primeiro comício

Eram as eleições municipais de 1988 em Crato. Eu integrava a chapa de candidatos a Vereador da coligação PDT\PTB, sendo um dos nomes do PDT.  O candidato a Prefeito, Humberto Mendonça; ao seu lado, Rubens Almino, o candidato a Vice-Prefeito.

Aquela seria minha primeira manifestação em comício, no Alto da Penha. Palco armado, bandeirolas tremulando ao vento do início de noite, os manifestantes contratados agitando faixas e bandeiras, o Trio Nortista esquentando o público na animação do forró autêntico, fogos disparando, o povo aos poucos se aproximando, luzes intensas, o que me lembrava dos primeiros comícios que presenciara no tempo de menino, em campanhas políticas memoráveis. O clima tinha tudo que acendesse meus sonhos de democracia, vividos na militância de esquerda desde a adolescência. 

Sentia emoções suficientes a oferecer o melhor naquela oportunidade. E trazia comigo até as palavras com que abriria minha fala de cinco minutos bem contados. Nisso, me chamam ao microfone, e revivi no juízo a expressão que aprendera de uma música de Sérgio Ricardo, mote do que preparara do discurso, daí soltando o verbo no auge dos sentimentos:

- A praça é do povo como o céu é do condor, já dizia o Poeta dos Escravos lutador – respirei fundo e continuei cheio de vontade: - Outro poeta dizia que até o mar se levanta, que até o mar se levanta, quando na praça em festa é o povo quem canta!

Naquela hora, achando mesmo que iria abafar, emocionado até dizer chega, notei logo embaixo, vindo de dentro da multidão, um homem assim meio puxando fogo, sacudindo as mãos, a gritar com força:

- Doutor, fale mais baixo, que ninguém tá entendendo é nada que o senhor tá querendo dizendo.

Mais que um bande de água fria, ali apagou o sonho de eloquência, me trazendo de volta à realidade, o que só deu tempo de fechar o discurso pedindo que, se não quisessem votar em mim, que escolhessem qualquer dos outros da legenda, e fui saindo antes até de gastar o tempo que me fora previsto do discurso.  

(Ilustração: Sérgio Ricardo - Festival da Record, década de 1960).

sábado, 10 de junho de 2017

Acomodação e esforço

De acordo com as orientações dos instrutores espirituais, existe uma margem de aprimoramento da pessoa que significa renunciar às facilidades e usufruir os ganhos dessa dedicação. Perder agora e ganhar mais adiante. Perder em comodidade e ganhar em evolução individual. Largar de lado as vantagens do conforto material e desfrutar os méritos de uma personalidade firme. 

Quanto a isso, queremos contar o que li recentemente, no próximo livro de Levi Wenceslau do qual preparei os originais, visando sua futura edição. Trata-se de crônicas emocionantes desse amigo, inclusive algumas delas enfocam seu momento atual, limitado nas ações físicas face ao acidente automobilístico que lhe deixou tetraplégico. 

Numa dessas crônicas, conta que, ao ser indagado quanto a uma vontade em que se ver limitado face à condição, diz ser grande sonho de poder caminhar, um dia, descalço pelas areias da praia. Quanta simplicidade em gesto tão ameno, e não poder usufruir o que muitos o fazem e nem valorizam tanto. 

Existe aquela história de alguém dizer que vivia reclamando de não ter sapatos, e certa feita encontrar uma pessoa que não tinha pés. Nós, humanos acomodados, de comum somos luxentos, exigentes, dengosos. De querer tudo nas mãos, de comer mastigado, uns preguiçosos morais que por vezes sempre somos.

Preciso é, pois, deixar de lado a acomodação e sair à luta de todo dia. Matar um leão pra poder sobreviver, e por isso os leões estão quase extintos na civilização industrial. Vender o almoço pra comprar a janta, como dizem os mais apressados. Agir com ânimo e viver com disposição e coragem de tocar adiante o barco e os dias.

O que aconteceu, comigo, depois de ler a crônica de Levi, e saber da sua vontade de caminhar livre pelas areias da praia, é que agora passei a andar com mais prazer, deixando o carro mais distante, desfrutando as pisadas que dou  pelas ruas da cidade.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Matéria de Fé

Título só aparentemente contraditório, pois já no materialismo chinês dos primórdios, nas antiguidades clássicas, consideravam que a matéria também é espirito. E o espírito é matéria quintessenciada. Agora, com as notícias da Mecânica Quântica, ficou bem melhor de avaliar isto, porquanto obtiveram resposta de laboratório de que a luz, além de ondas, também se compõe de partículas na sua constituição.

Bom, começamos de jeito atravessado, querendo tratar de cotidianos ao modo de restaurante de luxo, cardápio e fraque. Mas vamos baixar a bola e trazer o assunto à vala comum dos mortais. Falar de fé, da fé que Jesus, Rei da simplicidade, pega nas suas palavras; a Fé que transporta montanhas. 

São muitas as versões do assunto. Desde os selvagens e suas admirações aos fenômenos da Natureza à fé raciocinada dos espíritas. Quantas buscas e tantas respostas, sendo aquelas, coletivas, e estas, individuais. Cada um por si e Deus por todos nós. Qual disse Rabindranath Tagore, poeta e místico indiano, a religião do homem é o próprio homem. As experiências dar-se-ão no íntimo, na alma dos indivíduos, que depois declaram e insistem, contudo algo por demais pessoal, original da criatura humana. 

Orar, rezar, clamar, pedir ao Pai no secreto de Si mesmo, eis o segredo de todo enigma dos credos religiosos. Há que amar acima de tudo, até chegar ao Divino. Resistir às tentações da acomodação e crescer nos próprios pés, porquanto o coração só abre de dentro pra fora. Nem Deus obrigaria o homem a crer, porquanto lhe deu a liberdade qual dom individual.

Todos, segundo as crenças, viemos aqui no sentido de encontrar a Felicidade, a certeza do eterno, a Paz do coração. Sem isso, a estrada continua sempre lá depois das curvas e das estações. Brilhe vossa luz! Podemos até teimar em demorar a chegar, porém o objetivo é único e particular: Realizar a Perfeição de todos os motivos, e responde a todas indagações.

Mudar o mundo em Si

Isto sem desespero ou revolta. Pra que saber tanto e nada fazer? Viajar tanto e não sair do lugar? Nadar tanto e morrer na praia? 

Olhar em volta e sentir a necessidade urgente de maiores exemplos, que não sejam da falsa sabedoria. Pois a carência parece quer tomar conta dos panoramas em volta. Pronde se olha, caem pedaços de humanidade quis troços perdidos. Uns têm muito e nada fazem; outros padecem a miséria da civilização e só observam a indiferença torpe da grande maioria, que também padece da ausência de sentido.

Ser sincero consigo mesmo, eis o drama que se arrasta no tempo e raros aceitam agir na intenção de cumprir seu papel na História. 

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Essas observações estariam na mídia todo tempo, não fossem falas e reclamações dos paladinos da verdade crua que cobrem as telas. Porém agir na força do exemplo exige atitude. As revoluções que foram feitas até agora viraram lições de segunda classe, outdoors e livros empoeirados nas estantes caras dos burgueses. Enquanto o egoísmo puder predominar, os poucos que dominam o poder do dinheiro esfregam na cara do resto que espere os frutos da indiferença. 

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Contudo há que mudar o mundo mudando a si próprio. Algo deve ser providenciado no decorrer dessas vidas sucessivas. Seria bem fácil andar aqui só de fruzô, deixar o tempo passar e pronto. No entanto o bicho dor, remorso, realidade, impera logo ali adiante, no aguardo das levas de seres pensantes que seriam dotados de razão e sentimento, e responsáveis por tudo isso desse drama continuado. 

Ninguém foge do destino das espécies. E o Poder envia os instrutores a informar que existe mais a fazer, meus irmãos. Adianta não pensar que não é com a gente. Qual o quê, além dos alimentos, dos compromissos de final de mês, das angústias e preocupações, existe uma providência interna em cada um a ser trabalhada. É este o ponto principal de tudo. Que estou fazendo da liberdade que me deixa ter e viver? Porquanto somos partes integrantes e definitivas deste todo universal em movimento. Que exemplo ofereço neste altar das maravilhas?

terça-feira, 6 de junho de 2017

Elites em crise

E saber que somos apenas uma pequena parcela do grande todo espalhado pelo mundo. A humanidade vive crise monumental desde sempre. Ela terá de fazer seu próprio parto, como fazem os animais da floresta. Ninguém aqui é doutor ou mestre de quase nada. Quer, querem. Vive-se o calor da fogueira das vaidades. E são as elites as que mais querem ser mais. Querem colher donde não plantaram; colher do chão dos mortos que mataram uma flor de Eternidade. Porém há que se plantar no invisível da alma o pomo da Salvação. Elas rejeitaram os credos do coração. Isto é, usaram os credos em seus favores, e dominam, e exploram, e matam, e ferem, e se escondem debaixo das ilusões da multidão enfurecida, isolada.

Vem sendo assim desde muito. Lá nos passados desaparecidos já havia esse desmando de dominar e reunir nos castelos êxitos particulares, comerem a parte o festim de bodas na solidão dos eleitos. Quaisquer empreendimentos exigiam imensos sacrifícios das maiorias anônimas; e reis e sacerdotes ofereciam até sacrifícios humanos em nome das mistificações a deuses sedentos de sangue. Agora isto cresceu através dos meios de comunicação industriais. Horas e horas de conversa fiada, no intuito de remendar os farrapos desta civilização de araque.

Procurar a solução do enigma do Universo nunca demorou tanto a preços e prazos insondáveis. Ninguém quer aceitar os limites dos desmandos impostos pelos desvarios. Guerras de conquista, guerras psicológicas, guerras de manutenção dos privilégios da Besta e do poder material. Fogem de si mesmos destruindo as trilhas pelas quais chegam e exploram o povo.

No palco europeu em breve viverão situações imprevisíveis diante do que resultou das lutas anteriores, quando resolveram reduzir a população ao mínimo, e dentro de poucos anos ver-se-á só no alto mar das injustiças praticadas. 

No entanto esses equívocos podem bem ser corrigidos dentro das criaturas conscientes, desde que aceitem modificar o panorama de si em favor dos muitos que aguardam verdades e bons sentimentos, outros nomes da revolução da Paz.


segunda-feira, 5 de junho de 2017

Amor de máquina

É isto, tudo só acontece mesmo, de verdade, aqui. O mais é matéria de comunicação. Por isso o que ora passa a humanidade, a pagar o preço de inventar fazer amor de máquina. De longe também se ama, dizem os adolescentes reeditando provérbio antigo. Mas estou não questiono amar ou deixar de amar. Estou, sim, registrando, também nesta máquina, o amor de máquina destes tempos de tanta riqueza e maior perdição. 

As pessoas hoje chegam em casa, tiram a roupa, tomam banho quente, vestem a túnica de dormir e vão fazer amor de whatsapp, messenger, instagram, twitter, likedin, o escabau a quatro, que de amor mesmo tem apenas o nome. Amor de borracha e energia elétrica. Que tempos e costumes...

Quando não é defronte à televisão, escumando das ideologias da inutilidade, estão com olhos e dedos enfiados nessas maquinetas misteriosas, muito mais inteligentes do que muito gênio espalhado neste mundo.

Resultado, o que parecia vacina virou endemia. Dentro dos limites da capacidade humana, chegam vírus de poder incomparável, ferem as almas. Talvez uma geração seja insuficiente até descobrir a que veio o avanço tecnológico avassalador que agora toma de conta dos sistemas. Nenhum setor da vida permaneceu fora do domínio desses tais equipamentos. São sinais luminosos, sonoros, químicos e matemáticos que reverberam o processo da ficção e da ordem coletiva. De iniciativa particular ninguém escapa mais aos tentáculos escravocratas dos ditos bichos eletrônicos. Causa espanto falar a vocês daí do futuro da sorte que nos constrange nesses tempos, a quem essas palavras podem haver chegado de longe, no Cosmos. Pois fomos assim imperializados sem saber do risco grave a que nos submetiam os tais besouros de cativar sonhos vendidos nas lojas de departamento. 

Mas guardem um certeza, eles vieram aos poucos, devagar, e foram invadindo sorrateiramente nossas defesas e privacidade. Quando menos acordamos, era tarde demais. Agora, amor virou operações de sinais transmitidos à distância por meio de fibra ótica. E as gerações, sucessivos modelos saídos das mecânicas linhas de produção