segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Há um Deus no comando

Esta constatação a tudo provê, alimenta, renova, diante das aparentes contradições que se sucedem no de decorrer da história das pessoas e dos grupamentos humanos. Uma postulação de pensamento, uma prática de mentalização, assim é se lhe parece, e reveremos os quadros antes atrozes por vezes escuros da longa existência e no decorrer do tempo. Isto de parecerem autoajudas os versículos das leituras significaria urgente a necessidade que impede os dramas serem ainda maiores face ao teor desconhecido na matéria onde moramos. Quem disporá dos arquivos suficientes de gestar o conforto, a conformação, nos quadrantes sombrios são só raras, milenárias quimeras em tom de cinza largadas na calçada, convictos provisórios das versões por escrever nas catilinárias deste chão. 

Nos determinados instantes de horripilantes tempestades de dores extremas, no íntimo, lá bem por dentro de nós, existe o império do Poder Absoluto, o limite Ilimitado da Consciência Definitiva, que impõe respeito aos descrentes, e aquebranta vaidosos convencidos de ficções inabaláveis. Conquanto o mistério do sistema universal careça das revelações, da Realização do Ser, enquanto isso a estrada seguirá o sentido das expectativas, sem respostas prontas, porém determinadas acima das determinações inferiores que somos. 

Quando as guantes do sofrimento aparentemente quiserem dominar o firmamento, ali, bem ali, aqui, ou próximo, habita o Pai Supremo das verdades que certo dia mostrarão o conforto no jeito limpo do amor em que repousamos muitas horas. Entregar a Este, pois, que pode e conduz, a aula da paz verdadeira ao nosso alvedrio, braços dEste Pai a que entreguemos as aflições inevitáveis do fluir de tantas dias. 

Render homenagem, reconhecer que somos filhos da Perfeição em processo de aprimoramento, eis o mínimo de esperança que transformamos na luz de continuar esta vida já prenhe de novas e ricas oportunidades de ser feliz. 

Aceitar qual condição obediente, essencial, nos corredores da realidade. Amar também com ânimo forte o desejo de nos revelar a nós próprios o sonho da mais plena e doce Humildade. 

domingo, 29 de novembro de 2015

Alienação egoísta

Lista de apegos individuais marca sobremodo esse tema do egoísmo e a raça em crescimento executa provas de inteligência que fere e marca, fica grudada nos livros da História e suas burrices, e sujeita ferir de morte o sonho da transformação que pregam os místicos da possibilidade, nos dois lados da única moeda comum.

A lista imensa dos delitos preenche os claros que mantêm trabalhando o navio das civilizações. Só arremedo de continuidade parece salvar ainda os dias que passam. Andarilhos desalmados tangem os rastros dessa caravana em que impera a força dos equívocos. E insisto comigo de melhorar as palavras na seleção do que escrevo. Restrinjo os assuntos a deixar de lado lama e poluição, clima quente e corrupção, guerras e abandonos de massas inteiras jogadas ao léu da sorte por conta do fechamento dos mercados, que são as máquinas reguladoras que já controlam o sentido dessa humanidade impenitente. Mesmo que alguns cheguem a discordar, o poder da força obriga o resultado, no jogo dos destinos humanos.

Espécie em desvantagem coletiva a médios e longos prazos, porém aceita de bom grado o que os grupos dominantes decretam enquanto render os frutos artificiais que, alienados, saboreiam, insanos à frente das direções, o trilho sofre de convulsão e dói nas pessoas de carne e osso. Descobríramos o mistério dos sistemas, contudo a capacidade para no teto do critério pequeno da inconsciência animal e cólicas da antiguidade mórbida, interesseira, sacoleja as entranhas das massas. Os aglomerados que se criaram pensam somente em si. Senso coletivo propriamente dito virou corporativismo imbecil, ganancioso e mórbido.  Qual imaginando capazes de solucionar conflitos, formaram maiores e imprudentes enigmas.

Alienação, pois, de pretensões particulares, a política vira aos poucos monstro elaborado nas catacumbas da ficção pecaminosa, dentes afiados e desespero de esperança, materialismo infame da própria fraqueza; e impõe atrasos seculares sobre os déficits acumulados nos séculos.

Nisto, as instituições, formadas a duras penas, claudicam, tendem ao pó das ruínas, desafios no futuro das novas gerações, que decerto começaram lá debaixo. Os males do egoísmo elas experimentam até onde pode chegar a pouca lucidez das experiências e do que restaram disso tudo.

(Ilustração: Vincent van Gogh).

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O poder infinito do amor

Sabor de paz no coração da gente, que evolui em transformação da profunda consciência dos que andam vagando pelo chão. Nessa extrema disposição de ver acontecer os sonhos das verdades maiores, as luzes acedem alegria que circula os panoramas da beleza universal. Sentimentos superiores de harmonia invadem os pensamentos e trazem de novo os momentos felizes da primeira infância, de quando havia inocência original. Ainda que sabendo o que depois chegaria, melhor assim, permitir renovar as possibilidades do espírito em forma dos fenômenos em movimento, a crescer o instante da satisfação de contar história cheia de solidariedade e respeito passados os pesadelos e equívocos. 


A salvação vem, pois, no seguir da humanidade, quando concretizará as promessas dos místicos face ao desenvolvimento da sensibilidade humana, portas abertas a todas as respostas positivas que nos aguardam. Sentido da inteligência universal, a força da vida eterna revelará o quanto de infinitude mora aqui do lado a falar da saída clara do final do túnel das contrações de parto que floresce no calendário das eras.

Falar com gosto da grandeza do detalhe que leva ao todo, o amor que em tudo impera e sobrevive, alimenta as chances de concretizar esperanças em forma de bênçãos. Conter a ansiedade das angústias, reter na fonte o desespero dos aflitos, reconstituir de modo sadio as tragédias do egoísmo antigo, produzir cena perfeita da tranquilidade idealizada pelas pessoas de boa vontade. 

Qual não fosse de tal jeito e jamais a certeza das vitórias depois da luta. Perdidos estariam os seres e desfeitos os cenários inteligentes da Criação. Argumento consistente, o tempo presente eternizará pleno o amanhecer das vidas que desenvolvem os planos de realização das almas, emissários da grandiosidade perene, na luz esplendorosa das menores existências. 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Lembranças, só as agradáveis - Por: Emerson Monteiro

Se se pode escolher, por que fixar pensamentos magoados das horas sofridas? Bom de viver, que seja bom de lembrar, dever de sabedoria. Saudade a gente alimenta, sim, mas das situações felizes; das outras, nem de longe serve reviver. Dalgumas normas das boas práticas, eis esta tão valiosa quanto a alegria trazida de volta nas mudanças de tempo. A bem dizer, vezes acontecem virem os lances desagradáveis à tela do juízo, contudo largo de novo daonde intrusos chegaram; decisão fechada, prego batido, ponta virada. Tais situações empedernidas moram, sei, escondidas na casa das recordações e espreitam a paciência até, numa surpresa quem sabe vingativa, metem na cara das esquinas os momentos que querem dominar o pedaço e ferroar o silêncio de forma contrária. Fora com eles. Afinal, a depender de nós, ninguém ouve música feia, anda em lugares pegajosos, encontra pessoas agressivas e neuróticas por querer de livre trato. Desse mesmo jeito é com as lembranças, fiapos de memória que restaram grudados na sola dos sentimentos e demonstram o alento das bondades desta vida. Quais álbuns de fotografia do passado, ali fixaram residência. Passeiam na alma, filmes da história completa do indivíduo. Cheiram. Têm sabor. Música. Falas. Movimento. Mistura de felicidade revista, que insiste viver sempre nos galpões das ausências, participa dessa matéria espiritual que nós somos e fortalecem as consequências disso que um dia existiu dentro daqueles turnos dos outros eus já apagados, que dormiram, de uma hora a outra ganham corpo nas paredes que deslizam pela janela do trem da realidade atual. Hoje, nessa era de tantos meios de preservação das reminiscências, instrumentos magnéticos de continuação da raça, músicas, livros e filmes falam com insistência das flores acesas nos quadrantes das narrações de si. As pessoas prosseguem junto de quem convivemos, os beijos, os abraços, as promessas de amor eterno, passeios, festas, paisagens totais da continuação das heranças nos seres. E lembrar o que seja de melhor alimenta o perfume da esperança nos corações imortais da resistência.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Precisão de continuar a qualquer custo

Ainda que diante dos obstáculos aparentemente intransponíveis, de dentes machucados na função rotineira das sobrevivências, olhos secos de olhar o céu à procura de nuvens que façam chover nas horas tórridas, continuar se faz necessário todo tempo. Função da carência dos seres e objetos, continuar todo tempo, sobre pedras e paus, depois das fronteiras do absurdo de ocorrências esdrúxulas, nutrir de esperança gargantas secas e pés arrebentados. Nessa missão, reverter o quadro das decepções, dos desenganos, prosseguir feito quem não tem aonde voltar e precisa continuar todo tempo, solitários, abandonados, feridos, levar em frente a estrada que lhe possui e seja a porta do depois harmonioso. Segurar a barra, saber que vem pelo caminho o socorro de Deus, na luz dos corações em festa, fonte viva de todo sentimento bom. Satisfazer de esperança os sonhos das noites mais escuras, no entanto prenhes da sabedoria do silêncio. A luz da verdade, que a tudo origina, fornecerá os elementos essenciais do sistema em que trabalhamos a consciência do ser quais emissários da salvação prometida. Quanto aconteceu até chegarmos aqui, e disso quase nada conhece além das falas da imaginação. Pouco importa, pois, limites da capacidade humana perante o infinito às vezes solto no ar, noutras mãos do destino, contudo suficiente a persistir as individualidades à toda prova. Um Senhor que rege essa sinfonia eterna, e que também habita os refolhos da alma, força inesgotável e ciente, inteligência e coração dos perdidos ou transformados. Esse o dever que impera no seio da energia em movimento, razão da hora da gente aqui, no pensar das folhas que voam espalhadas no vento. Meros atributos à busca das atitudes sinceras, definitivas, somos nós, as migalhas do imortal segredo divino. Do avaliar das probabilidades, que vem revelar a história das imensas vastidões pela graça dos que merecerem chegar aos braços felizes da certeza.

Memórias de Araci

Recebi do amigo Franklin Carvalho esse livro, Memórias de Araci, autoria de Ana Nery Carvalho Silva, retrato desta comuna interiorana da Bahia, Araci, do quadrante nordeste do estado. A obra obtém êxito na intenção de registrar a história político-social e a cultura do lugar. Impressiona pela preservação dos nomes que instalaram e deram continuidade à fixação do homem em plagas sertanejas, sob as vistas anônimas de quantos auxiliarem na faina grandiosa que bem caracteriza os tantos universos desses rincões espalhados pela face deste Mundo. 

Desde o esforço de José Ferreira de Carvalho, o fundador, que adquirira a propriedade rural do Raso, vindo aos 29 anos de idade procedente do município de Serrinha, e falecido em 22 de abril de 1866, o livro conta a história de Araci. 

Quando instalou devidamente o progresso na fazenda, implantando culturas e domando o solo, o seu anterior proprietário quis de volta o que vendera. Nisso moveu feroz perseguição a José Ferreira. Este usou do estratagema de viajar ao Rio de Janeiro e falar com o imperador Dom Pedro II, de quem era aproximado, e que lhe disse: Amigo, não será preciso você sacrificar seus bens para se livrar de um processo injusto como este. Você tem a escritura, volte em paz. Nada de mal irá lhe acontecer, estou do seu lado. Com isso, preservaria a posse da terra, onde se iniciou o atual município. Porém ao regressar, desgostoso devido os achincalhes da demanda sofrida, viria perecer duas semanas após, ficando seus restos mortais depositados na igreja que havia construído no Raso.

Detalhes assim, que bem refletem a herança viva de um povo, preenchem o trabalho da professora baiana, semelhantes às ocorrências verificadas das peripécias do bando de Lampião naquelas imediações, além da mineração de ouro e prata, a integração religiosa católica da população no transcorre do tempo, e um inventário das manifestações folclóricas que formam o caráter artístico popular e o desenvolvimento da educação e da superação das diversas secas por quem passaram.

Literatura essencial da formação da gente brasileira, o livro Memórias de Araci recebe a produção editorial de Franklin Carvalho, num patrocínio valioso do professor José Nilton Carvalho Pereira e do Colégio Apoio, edição da Autora, de 2015.   

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Asas que voam

Pelas frestas da janela, essas lembranças invadem o quarto sombrio daquele tempo escorrido nas noites do passado. Uma vez, recordo bem, reservara a mim hora de solidão. Apenas a porta fechada do banheiro deixava entrar por debaixo réstia de luz acesa, quase deixando entrever o vazio do ambiente. Piso de madeira. Rede armada. Estante a cobrir parede lateral. Birô com máquina de escrever em cima. E no rés do chão a eletrola que, no escuro amortecido, tocava o disco de Gal Costa dos anos 70. London, London. Hotel das Estrelas. Deixa Sangrar. Você Não Entende Nada.

Astral cheio de intenso fastio generalizado. Encontro comigo mesmo. Anos de chumbo no País. Vazio descomunal a rolar por dentro e em torno de mim. Todas as pontes destruídas. Atmosfera brilhante de feras no cio armadas de agressivo abandono. Eu ali foragido, à espera dos dias porvindouros. Notas musicais rolando no espaço, refeitas nuvens de fumaça espiralada. Estranhas, expostas na angústia enjoativa dos versos circulares das canções.


Marcas de ferro, na lâmina da pele desse pretérito que invadiu as entranhas dos idos futuros. A sensação das certezas de trilhos abertos nos passos adiante. Minutos eternos. Pássaros insistentes, contínuos véus ao vento. 

Pouco persistiu do instante exato, no calendário. Persistiram, no entanto, as emoções de invasão, no desencanto assinalado – extremos limites territoriais de transformar lembranças em fiapos de sobrevivência que me escorriam da ponta dos dedos da alma ao chão do quarto atemporal comigo deitado enquanto os outros, lá fora, dormiam a sono solto. 

Deixei rolar mais um e mais o mesmo disco a fio. Nenhuma pergunta além do que acontecia na música. Cabeça entregue a si. Olhos queimados da véspera. Saturação do desgaste nas mesas dos clubes e bares. Buscas inúteis de não sei o que. Forte pancada no peito, formas gasta de investigar a realidade corrosiva das notícias, portos rotineiros, blocos compactados e chamas apagadas.

Assim, voltar no tempo à música daquela noite antiga. Ouvir Gal Costa e o disco de 1970. Sinais da geração. Amplas cicatrizes, folhas secas que percorriam as veias, os ouvidos, rasgos finos, canais e pistões em surdina. Moléculas. Sabores de fígado que voltavam ao paladar. Atabaques. Pandeiros. Tambores. Totens dominantes, somas de pedaços, provas do delito de sonhar que imperava no repasto conservado no transitório. A saudade rediviva nas doces esperanças. Ninguém pensar em volver para dizer a história, cúmplices da ausência de depois. E os discos retornam ao firmamento aluminado, quais discos voadores, no cumprimento de missão adrede combinada em reinos siderais do infinito.

Pingos nos iii suaves espumas, vou me procurar na Lapa, quarta-feira de manhã. Toques de senhas misteriosas, que repetem as entradas de cena e alimentam enigmas de outras ocasiões semelhantes, noutros palcos.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Há muito que sonhar e mais ainda que viver

Algo mexe por dentro da gente ao observar cassandras destilando fel e insistindo na desistência dos bons propósitos. Semelhantes a iconoclastas na intenção de eliminar a resistência do povo, elas carregam as tintas negativas e encobrem o prazer necessário do agir com arte e ânimo.

Olhar ambos os lados nas ocorrências naturais da realidade significa no mínimo boa imaginação. Senso único de acreditar e lutar por isso representa a energia sem tamanho à espera dos grupamentos humanos criativos. Nisso a história oferece o drama dos heróis a conduzir populações inteiras ao clímax da transformação de problemas em soluções inteligentes.

Trabalhar os jeitos de encontrar as respostas bem deve ser esse o meio de vencer o desânimo dos turnos das crises. Reagir com altivez e disposição de novas verdades aguarda pessoas de boa vontade no estirão do Infinito. Vejo nenhuma forma de encostar-se ao barranco e chorar calado enquanto a natureza oferece alternativas de criar respostas válidas e fortes, na estrada constante desse flui insistente, instrumento de fundamentar providências em qualquer canto e nas horas escuras ou difíceis. Limpar a vista e arquitetar novos dias.

A vontade possui esse diapasão de renovar os quadros da paisagem. Quando vêm os impedimentos, embutido no pacote está o equacionamento do problema já em si. Alimentar derrotismo denota má fé no sentido de machucar os que sofrem e agredir o organograma do sistema universal. 

Nesse propósito são admitidos religiosidade, ideais sociais, projetos e planos de criar sociedades justas e solidárias, sonhar sonhos bons de alegria nas famílias, nos relacionamentos amorosos, nas verdades eternas da esperança e do amor a valores imortais de plena felicidade, direito de todos nós. 

Desconfiar de quem só ver a banda sombria da Lua pede, pois, seleção a todo custo, todo momento. Saber colher a boa essência representa saúde moral e leveza de propósitos. Assim nada andará perdido. Crer com gana. Promover as possibilidades pujantes. Eis o cardápio indicado diante das versões apavoradas, equivocadas, dos lobos desanimados. Pra frente é que as malas batem. Vamos vencer e vencer, que a isso vivos chegamos até aqui. 

sábado, 21 de novembro de 2015

O caminho

Frodo deve procurar o seu centro, e iniciar a escalada, o caminho para a realização plena.                                                                                                                                                           Wikipédia
Que montanha encantada é essa? Que buscar adiante, no destino? Sair à procura de quê? Por mais, às vezes, pareçam fascinantes as histórias, os mistérios não revelados existem ainda passos seguintes que deve justificar o aonde ir, porquanto o tempo nunca pára de avançar. A gente endossa as paradas, que vêm em forme de variações, contudo a rotina de percorrer os trilhos do tempo continua passo a passo. Espécie de sucessão ocasional de que façamos  o que de melhor achemos, insiste na cobrança das responsabilidades, nesse caleidoscópio sem final.

Que inconsciente? Onde mora? Como encontrar? O caminho do inconsciente quer significar esse ter de seguir sem conta no andamento da viagem insistente dos sucessivos momentos inevitáveis. Espécie de loteria da felicidade, nós e o tempo, acesos no mesmo continuar individual e coletivo. Nós e os outros, nós e a sociedade... Entra ano e sai ano, esse persistir. Uma energia que vira matéria e uma matéria que torna à energia... (Ao pó retornarás.) Oráculos de nós mesmos, contemplamos o panorama dos dias de olhos fixos no prodígio da humana condição. Se o caminho é a própria existência, aonde nos levará existir?

Vêm respostas por meio das filosofias, religiões, psicologias, todas no entanto sob perpassar o crivo da razão acostumada ao movimento dos barcos no pisar dos passos. Perguntas mil em forma de lampejos de consciência indagam a sorte e respondem elas mesmas, tal quem se puxa do passado pelos próprios cabelos.



Há igualmente aspecto diverso, o sentimento, que fala noutra linguagem, esta à maneira dos poetas, dos místicos, artistas, tom abstrato de percepções particulares, subjetivas, das quais existem provas imensas, contudo a serem testadas na sala da alma nalgumas horas presas aos poderes da razão, que evita abrir espaço definitivo a isso que não compreendeu de sentir, tutora exclusiva das interpretações do segredo que recupera em jeito frio de afirmar e nunca só provar o desengano a que larga os humanos e suas aventuras de encontrar o Caminho.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Espiritualidade em tudo

Houve um tempo que certo senhor trabalhava com meu pai na fábrica de pré-moldados que este possuiu próximo de nossa casa, no bairro Pinto Madeira, em Crato. Antônio, assim se chamava. Vinha vezes várias à nossa residência e comigo frequentava a Associação Espírita Allan Kardec, ali nas imediações. Ainda que de sítio, das bandas de Acopiara, refletia nas conversas conceitos clássicos ligados à religiosidade natural e apreciava o Espiritismo kardecista. 

Nessa época chegara ao Cariri os primeiros sinais de televisão. E lembro quando assistíamos no vídeo a partidas de futebol, nos domingos à tarde. Ele comentava o quanto de espiritualidade imperava naqueles atletas, observação que gostava de fazer. E eu imaginando onde andava ao ver esse aspecto da formação dos jogadores, pessoas disciplinadas e fieis, que exercitavam no campo o ofício da bola. 

Hoje analiso melhor o que Seu Antônio dizia quando falava das práticas esportivas ligadas ao lado religioso das pessoas. É que em tudo por tudo nelas habitaria o senso espiritual, seja quando e onde existam criaturas humanas. Nem sempre só à frente de grupamentos voltados ao dizer institucional de religiosos, líderes de si comandam o outro lado das ocorrências externas. 

Seja quente ou frio, porque morno eu vomito – avisava São Paulo. Nas opções do drama social há diversos papeis a preencher o espaço da compreensão. Desde soldados a serventes e pedreiros, músicos e matemáticos, enfermeiras, vendedoras, atores, senadores da República, todos especialistas na condução de seres úteis ao fluir das gerações.

Sei, igualmente, da necessidade principal de realizar a formação da consciência espiritual onde quer que seja o passo das ações de sobrevivência do instante. 

Via neles, nos jogadores em campo, o poema da Criação. Longe apenas dos intelectuais, letrados, formadores de opinião, aqueles também cumprem a faina dos espetáculos, nas tardes mornas dos finais de semana, entretendo outros irmãos perante a calma de refrescar o juízo enquanto trabalhavam naquilo que lhes cabe no espaço das quatro linhas. Sim, Seu Antônio, quanta espiritualidade nos praticantes de todas as modalidades esportivas neste chão de tanto suor e lágrimas, sonhos e risos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Peraí, solidão

Todavia nada além de sofisticação das peças de reposição de gerações indiferentes ao processo mundial. Nos seus casulos imaginados, atormentados de tesão, o mais feroz dos bichos de cavernas, feiticeiros, arrastam consigo o chumbo das consciências culpadas na balança agoniada de trabalho e capital, onde perder é ganhar, e destruir é dominar o lado menos organizado das indústrias do aço e das armas. 

Guerra das estrelas montada no quintal das vaidades sem lei, apenas trocam de camisa do primeiro ao segundo tempo da pugna. Apodrecidas estratégicas, pois, quando erram despejam detritos os corrosivos no lombo magoado das manadas anônimas, meros tapetes de limpar equívocos nas unhas e nos dentes dessas feras irresponsáveis em que transformaram a si mesmos.

Hábito no mínimo esquisito esse dos humanos querer sozinhos resolver para si os problemas coletivos, e juntar troços, arrecadar orçamentos, entupir de dúvidas e dívidas àqueles outros que lhes depositaram na função política de conduzir o barco amplo das multidões. Drama exótico da floresta escura, enfurecidos arquitetam passes traumáticos para armar o tabuleiro dos destinos, e avançam a remexer os vídeos games distante de que regem o seguimento da história de povos remotos desconhecidos, ou deles mal conhecidos. Fomentam ódio na propaganda que passam 24 horas dos meios e criam ideologias, inverdades com que enganam as massas dos demais outros países. Trabalham lá de fora os brinquedos explosivos, nos próximos lances quais vivessem de fazer filmes publicitários de vender tênis ou celulares, na maior cara lavada de parasitas da ordem alheia. 

Às vezes, no entanto, se perde no pecado e o juízo tonto, que amortece a queda ao depositar nos lixões da demência o resto de sucata, e saem atirando ao léu, doendo ferindo eliminando vidas iguais a sua, tortos grosseiros dos aleijões da técnica dominante.

Há luzes acesa no céu da noite, e elas enchem de gosto puro o transcorrer da solidão agora fixada nos compassos de esperar a todo custo os seios dadivosos da melhor filosofia.  

O homem cordial das ruas, conduz no esforço da sobrevivência os pacotes de feira de mãos dormentes, aguarda honesto o roteiro transparente das longas epopeias de sucesso, com finais felizes. Desfilam assim o anseio enorme de sorrir daquilo em que acredita, seja nos estádio, nos mares, nas novelas, nas manhãs ensolaradas do perdão generalizado em paz. 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Querer o bem

Diversos caminhos todo tempo indicam alternativas e atitudes. No entanto só interessa chegar aos pontos essenciais dos hemisférios. Jamais agir à toa, com isso, que passa a significar força vital que existe à disposição; deixar de lado os verbos da indecência e abrir espaço no Universo ao prazer de agir dentro dos pressupostos do respeito mútuo, o que vale a pena sobremodo perante o meio de tantas das portas abertas. Escolher o valor da verdade principal. Esquecer ausências de sentido nas ações desse chão das almas. Largar lá longe o desejo insano de usar velhas práticas que depois doem, além de machucar a si e aos outros fora de produzir resultados favoráveis momento algum. Face ao poder da força que trabalha ao dispor das criaturas, luz das energias vitais, nisso adotar a prudência do querer o bem, na precisão de sentir o gosto amável das respostas boas. Norma de vida honesta e sadia, desde o alimento que comer usar as boas práticas. Fugir ao desânimo das incoerências, janelas de abusos e incompreensões. Lembrar os outros quais irmãos de humanidade e abraçar as causas justas em vista da importância de mudar o panorama daquela época torta dos antigamente. Quantas oportunidades jogadas na lama. Selecionar com precisão os instrumentos de transformar o desnecessário em chances de melhores dias. Evitar repetir comportamentos nefastos de tempos tumultuosos, escuros. Noutras palavras, amar, amar através do exercício vivo das elaborações de vida em satisfação do viver feliz. Qualificar a história da gente. Tender aos aspectos positivos da existência tal definição concreta do enigma principal desse ginásio que aqui viemos cursar nas salas dos dias velozes. Ver com olhos limpos e mente aberta as maravilhas da natureza mãe quais protagonistas da renovação e do destino. Adotar recursos precisos em nós depositados sob o prisma de sabedoria e bom senso. Mais que nunca, agora isto se revela necessário, na trilha da história sem fim das civilizações. E o jeito individual do que fizermos eis a parcela inevitável de construir um mundo superior na hora certa. 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Conhecimento

A luz da verdade bem dentro do coração da gente, que realiza o tanto que a vontade da transformação há séculos buscava nas ondas constantes deste mar de sombra e claridade. Portas do edifício monumental, ali oferecem lautos banquetes de água pura, meios de lavar a alma e renovar as tradições de todo tempo, frutas e peixes nesse mercado de viver e ser feliz. Luzes e a luz da conformação em face de chegar ao tanto de todas as infinitas aspirações do ser que nos somos e pede mais. 

Desse conhecimento, a fonte de milhões brota assim de leveza golfadas de prazer autêntico que lavam areias brancas de virtudes eternas, paz e honestidade ao encarar a força da pele e das oportunidades. Quem saberá transita fácil nas trilhas do sentimento e elabora consistentes os pensamentos. Olha em volta e define a que o mundo se destinou, independente dos obstáculos naturais que interpõem o desejo da realidade fértil. 

Uma luz poderosa, pois, o conhecimento. Estuda as chances de aprender e tocar adiante o mérito de saber sempre. Conduzir a si, depois aos demais. Pisar maneiro as pedras e o caminho. Sorrir aos olhos acesos das oportunidades de conhecer. Usufruir do instrumento e abrir as portas resistentes da memória, com isso então preencher os claros existentes no panorama das cores da paisagem sideral.

De saber, a quanta lei reorganiza o sistema da existência. Trabalho de relojoeiro, palavras nascem dos mistérios e limpam o campo das vibrações, elementos ativos da constituição definitiva da exatidão, o gosto de usufruir do metal dos ímãs que agregam a criação num bloco indivisível. Somar as peças do tabuleiro imenso dos quebra-cabeças do destino sob a autoridade de si mesmo. 

Juízos dos segredos divinos, a sabedoria descobre, via natural, o caminho das Índias com extrema propriedade, nas normas do bem viver. Conhecer antes de tudo os meandros das formações universais do Sol nas vidas passeando rádio nas linhas do firmamento. Acordar e refletir nas revelações da perfeição. 

domingo, 15 de novembro de 2015

Ler no tempo

Reunir os pensamentos e transportar as mudanças que se sucedem às margens desse lago imenso dos rios que correm no sentido da eternidade antes adormecida. Todo passo que alimenta o desejo de seguir adiante traz as fontes dos sonhos no silêncio dos dias. Na vastidão continental dessas lonjuras, portas abrem a luz da oportunidade. Mundos infindos. Modalidades novas de prudência no anseio das aves que contemplam o mar antigo das saudades guardadas no peito em forma de corações animados. Verdades por vezes dolorosas, no entanto verdades da experiência nova de milhões de vezes afirmadas. Quantos sonhos mais e mais haverá de haver nas dobras dos lençóis talvez adormecidos na mesma pele dos pesadelos enviesados. Foram muitos os que caíram nos campos de batalha da ignorância dos animais enfurecidos. Crianças estendendo as mãos à procura da paz que nunca vinha. Agora, no entanto despontam na solidão das praias distantes. Véus diáfanos que voam suaves no amor das criaturas humanas, depois que revelaram de si o sorriso da amizade. Um gosto prazeroso de esperada felicidade persiste no dominar tudo. As multidões dos sentimentos puros. Tudo, que é bom existir. Cores, tantas e quantas cores nas florestas reflorestadas. Esquecimento das mágoas, dos remorsos, dos rancores. As horas que passam velozes e nutrem a energia de clarear o universo inteiro que vivo solto no íntimo da alma da gente. Luzes, focos valiosos de virtudes, iluminarão esse palco de antigas aspirações de justiça. Manhãs esplendorosas de realizações primeiras assim preencherá o território sem fronteiras da certeza nos amores em festa. Por isso, nas calmas das vagas brilha a estrela do conhecimento. Ainda que lá fora insistam dominar o transcorrer do tempo, livro abre milhões de forma da salvação que grita por nós diante do trono dos altares acesos. Essa alegria de encontrar as pessoas que amam e se amam noutros abraços de pura consciência.

sábado, 14 de novembro de 2015

Emoções já reveladas

Quantas vezes dizer das imensas possibilidades guardadas lá longe no infinito coração da gente, quantas?! E essa insistência em destruir a paz limitada nas situações exteriores, machucar pessoas, ferir de dor famílias e animais, sádicos e masoquistas a lutar na busca de poder imaginário fictício, compreensão que existiria através dos instrumentos que eles mesmos destroem. Onde mora, pois, a vontade boa de ver com olhos de amabilidades, onde?! 

Renovar o gosto de sorrir das crianças, trazer de novo o sabor inesgotável das frutas boas dentro da alma da gente. Viver os instantes da alegria como razão principal de existir... Apreciar o tempo nas paisagens do dia, o vento a circular as florestas e seus passarinhos em festa a cantar a intimidade dos sonhos. Permitir que a vida fosse um filme bom do começo ao fim, do fim ao começo. Preencher de laços os dragões das lanças nas armas da tranquilidade. Alimentar os bichos de confiança que nasça dos ombros fortes das criaturas humanas. Tratar outros assim do jeito que se pretender que os outros tratem a todos indiscriminadamente.

Dar chance ao direito universal do respeito coletivo às pessoas qual atitude natural das religiões. Deixar que as flores iluminassem o passo dos líderes por meio da compreensão dos problemas e elaboração das melhores soluções comunitárias. Elaborar o parto de uma civilização transformada nas roupas dos dias que desmancham as doces oportunidades. Abraçar o bom senso nas fibras das decisões administrativas e nos gastos orçamentários sem segundas intenções ou espúrias ganâncias.

Bom, o projeto existe no território ideal dos místicos, no entanto reservado a grupos isolados, jogados fora dos lances matemáticos das razões interesseiras, nas garras do esquecimento. Acho até que todos já sabem, porém fogem com fome de sangue, feras perigosas presas dos objetos materiais e tesouros artificiais. 

Da ausência da cura padecem ainda os seres humanos. Andarão vagando bêbados de angústia enquanto desconheçam o poder exponencial do sentimento e da humildade, início da reconstrução dos perdidos movimentos, e viverão de verdade só nas próximas gerações tamanhas felicidades?!... 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O sacrifício

Desde a vinda de Jesus sob o clima da profecia bíblica do cordeiro, existe o enigma forte da fé nos cristãos. Ser imolado diante das contradições deste mundo a que isso se destina?! Entregar o corpo ao cepo voraz do tempo e, ao final, retornar ao mesmo início que os pariu. Todos, todos sem exceções pisam aqui dentro das condições iguais das aparentes contradições, teto comum de regressar ao princípio, numa aparente hipótese longe da solução. Mas a que isso se destina. Sob que égide o deus Cronos, dos gregos, deus Tempo, dará a luz e devorará os próprios filhos?! Quando, logo em seguida, fazemos o caminho de volta ao rio permanente do fluir eterno do rio onde nunca nos banharemos duas vezes, qual disse Heráclito, nesse sacrifício de existir. Pisar a superfície e deslizar ao mistério, outras e outras incontáveis vezes. 

No entanto vem Jesus e oferece a proposta renovadora de um reino fora deste mundo, noutro universo diferente, das nuvens onde a matéria não conta. Lá onde achar a solução do enigma dos séculos. Bem no âmago de nós, planícies do coração, invés dos impulsos fugidios da história externa dos indivíduos em conflito, na chance infinita do sacrifício da via de contradição da matéria. Bem no interior de si, nos pomos desse jardim chamado vida, o fruto maior do amor, o sentimento rei.

Processo dialético, dual, contraditório, de vir à luz e arrastar a culpa da escravidão dos prazeres que esvaziam, contudo a oportunidade infinita de vencer a carnal do animal dos objetos em movimento, e revelar de si outro eu adequado à felicidade de amar pelo amor e viver no sentido da luz, farol dos aflitos, objetivo maior da esperança de tantos na jornada dos viventes e destino certo ainda só de poucos.

- Decifra-me ou te devoro, no deserto das consciências reclamava a esfinge. Abrir as portas da revelação do mistério que se transporta guardado na essência, que indicará o código pessoal da resposta a que viemos revelar, lembrança mais forte da paz que alimenta a esperança de tantos achar a virtude.  

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Movidos a paixão

Dos próximos passos na estrada desta vida às maiores realizações dos impérios, construções de edifícios monumentais, monumentos siderais, ali debaixo se esconderá o desejo enorme da paixão incontida nos corações acesos. Quaisquer movimentos, nuvens que passem na esteira dos milênios, na sua essência trará esse apego à concretização do ser nos objetos, nos traços do firmamento de bichos em festa. Assisti, lá certo dia, em Salvador a uma peça denominado O que mantém o homem vivo. Desses momentos que ficam presos guardados nas dobras da memória, vez em quando lembro de me perguntar: - O que me mantém vivo. Alimento da ânsia de continuar vou trocando fichas nos estreitos daqui do chão. Aonde seguir, que ofereça alternativas entre o mal estar e o bom gosto de persistir nas filas dos viventes das estradas. Há, sim, motivos de sobra no impulso de obedecer a todo instante de viver. Normas rígidas de seguir, transpirar ao sol do meio-dia, suportar as horas de desânimo, apreciar a beleza da felicidade em volta, nas pessoas, nos sonhos, nas visões, aspirações...


A força da paixão dá a certeza dos melhores dias e revelar vigor da brisa das manhãs a tocar no rosto e trazer o sentimento à luz da vontade extrema de amar, ser amado e sorrir nas horas boas. A desistência virá, no entanto que seja nas derradeiras circunstâncias, de acordo com pressupostos inevitáveis de regressar ao plano espiritual e receber matéria nova, até pisar aqui outra vez e reencontrar os amigos e colher o bom que se plantou. 

Enquanto isso, contudo, desfrutemos a energia poderosa de concretizar os desejos sadios, nutrir de satisfação o território das verdades eternas que já se conhecem e produzir atitudes firmes de sinceridade. Erguer grandes ideias nos campos dessa paixão que nos apega no ato de viver com arte e valores bons.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

50 anos de jornalismo

E era só... 50 anos de jornalismo, eis o título de livro escrito por Antônio Vicelmo do Nascimento que breve chegará ao público neste final de ano. Proposta autobiográfica, a obra significa bem mais do que apenas isto a que se propõe. Representa o instantâneo das cinco décadas em que o escritor testemunhou a história, utilizando o jornalismo qual veículo dos seus ideais libertários, numa síntese sobremodo representativa de quem viveu as contradições desse tempo, fazendo rádio, jornal e informando a sociedade na fase que retratou com o respeitável talento. Nas áreas da comunicação, onde exerceu o ofício de exímio e incansável buscador da notícia, desenvolveu as tantas qualidades que veio reunir agora sob a forma de livro.  


Além disso, Antônio Vicelmo, dono de amplo círculo de amigos e admiradores, demonstra nas páginas das suas memórias o gosto pela cultura popular, o que sempre refletiu na prática noticiosa apresentada diariamente consignando acontecimentos, sob inusitada e natural facilidade, para gáudio da gente interiorana que lhe acompanha e reconhece o senso objetivo com que aprecia e divulga a realidade brasileira. Faz da arte da reportagem fator de descoberta; viaja e entrevista grandes personalidades; as documentando com maestria naquilo que transmite. Nomes hoje consagrados dispuseram, na visão investigativa deste jornalista, o que os levaria ao centro dos acontecimentos.

Outro aspecto que enriquece o conteúdo deste trabalho que logo iremos conhecer de perto é o estilo comunicativo e humorado de Vicelmo, isso acrescido de algumas produções poéticas da sua verve pitoresca. 

Um dos ícones marcantes da nossa geração, o autor exerce, no decorrer de toda a publicação, as habilidades que lhe consagraram no exercício profissional de comunicador, a torná-lo intérprete representativo do Cariri em tantos dos seus aspectos de Região pródiga de tradições, religiosidade e beleza. 

O livro de 200 páginas disponibiliza, pois, de tudo, amplo material fotográfico e recebe os cuidados gráficos da BSG – Bureau de Serviços Gráficos, numa boa produção editorial.   

sábado, 7 de novembro de 2015

O movimento incessante

Os primeiros sinais de bom senso vieram devagar no sofrer das acomodações. Igualmente a carência de unir esforços com honestidade e responsabilidade em só e único princípio social. Ninguém que espere cair de graça o direito da harmonia coletiva. Justiça nasce dos frutos cultivados sobre sólidos princípios e educação.

É tempo de plantar sementes de paz e construir uma nação de trabalho e renovação. Olhar em volta e sentir a necessidade urgente de coerência verdadeira dominar o poder, trazer a vontade extrema de felicidade no seio das famílias. Admitir importância de seriedade quando os fatores permanecem no campo e as comportas do querer insistem falar dentro do peito das multidões. A sonhada consciência por fim parecer aportar nos valores individuais. Sociedade politicamente organizada será isto, de deixar de comprar e vender voto. Preservar as conquistas de gerações e sacrifícios na forma da decência que bem pede espaço em todos os quadrantes da nacionalidade humana. Humana racionalidade. Vieram os tontos, deixamos que ocupassem os postos que precisávamos sobremaneira levar adiante perante a condução dos instrumentos de trabalho e progresso. Chegou, no entanto, o dia de plantar com ânimo claro as sementes da realidade no seio do Universo do qual somos parte integrante.

Abaixo a hipocrisia! Muitos se acham preparados, o que exige comprovação na boa política das práticas de mandar no mundo. A história abre portas às lições aprendidas e agora indicadas ao exercício na verdade dos dias que vêm e vão.

Isso de reclamar e achar que fez o suficiente do dever fica longe da exigência do momento. Há que mostrar transformação. Criticar e nada produzir equivalem à má fé de tantos que sugaram as ingenuidades. Espaço ideal da realização comum desde sempre anda ao dispor das populações.


Desejar resultados favoráveis significa, por isso, dobrar as mangas da camisa e juntar forças em jeito de purificação, limpeza. Sem timidez ou falsa modéstia, quem tiver o que cumprir que seja logo nesta fase de iniciar a festa da salvação, hora da preservação do Planeta e da espécie dos seres humanos. 

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Poder de fazer o bem

E quantos isso esquecem; ainda permanecem estacionando nas barras da acomodação, da ilusão vadia. São chances de melhorar um tanto o compromisso da felicidade que percorrer nossas veias e chega às malhas do coração. Abrir os braços aos irmãos. Exercitar normas da inteligência no procedimento de crescer espiritualmente. Estender as mãos ao próximo que padece ausências da solidariedade, amar como verdade e vida. Suavizar horas de aflição daqueles abandonados aos dias que vão sem o calor da amizade. Perto existem formas simples de trabalhar oportunidades a quem padece. Rever propósitos e desenvolver meios de construir esperança nos que sofram, inclusive a gente mesmo, também degredados filhos de Eva.


O egoísmo, excesso de zelo consigo, dispõe do tanto que gera crises, medo, quando na rotina mecânica dessa civilização que ora domina a conta do poder no chão das almas. Milênios a fio, sulcos profundos rasgam a essência do ser que somos, entregues aos desejos só mundanos, artífices do interesse particular, alienados adoradores do velho umbigo desse atraso. No entanto, clamor das horas mortas acompanha os aventureiros da história feitos sombras que segue seu par, sina dos buscadores da Luz.

Enquanto permanecer isolados catadores de vaidades, os humanos vagam no mar da existência quais escombros do que produziram das benfazejas doações divinas, náufragos das experiências de sonhar e permanecer contrários às reais possibilidades do que veio até aqui buscar.

Já foram muitas as dores desse parto que demorar a surtir seus efeitos providenciais na sociedade dos homens. Instrumentos da salvação de si, líderes carecem de mais lucidez na condução dos destinos, e apenas usufruem a oportunidade, lançando fora matérias primas da sorte. 

Bom, é isto, de rever os propósitos por tempos adormecidos nas paisagens da beleza interior, horizontes vastos de prazeres jamais experimentados dos que dormem sobre os espinhos da inércia que brilha silenciosa na consciência das pessoas. A criatividade representa, pois, limpar pensamentos nefastos e olhar de vez o sol que se abre às nossas vistas de fazer o bem, poder infinito à nossa disposição. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Guerra e paz

Quando terminava a Segunda Grande Guerra, que estabeleceram as bases de uma nova ordem mundial sobre padrões coletivos de boa convivência entre os países, era instituída a Organização das Nações Unidas. Teria sido o derradeiro conflito da espécie humana, segundo propagavam em alto e bom som. O homem, enfim, resolvera criar juízo e cresceria irmanado em propósitos irmãos. Firmaria valores de harmonia e trabalho. Jamais viveria, de novo, tanta agrura e conflagração. Quanta felicidade se tornara possível diante das maldades cometidas. Por quase nada o mundo escapara das perversidades totalitárias da exceção de um demente no poder mundial.

Hoje, passados 70 anos de quando assinaram os acordos que deram fim a maior das guerras, a história dos habitantes da Terra de novo corre os riscos sérios de escaramuças de proporção inimaginável pelo poder de fogo que construiu para apreensão de todos. A ONU, que tanto pelejara no sentido positivo do estabelecimento da paz, reduz sua influência diante das guerras localizadas sem solução, isto por conta dos recursos insuficientes, desinteresse das potências e endividamento das nações filiadas no repasse das verbas comprometidas na sua manutenção. 

Há um grito de dor pelo ar. Guerras de extermínio e de conquista das fontes naturais de energia fóssil seguem indiferentes a negociações. Os donos do comando rasgam as cartas de conciliação feitos vândalos celerados. Ninguém possui força moral de protestar e conter a senha dos assassinos de plantão. As nações ricas esquecem o destino comum da humanidade. Indiferença. Ignorância. Frieza. E a farra de sangue e maldades continua alimentando os bancos de armas e as mídias sensacionalistas. 

Pobre espécie essa que quis representar papel de civilizados. Motivo da interpretação das situações estabelecidas, que imaginar em resposta? Resta, sim, rever os místicos, santos, profetas. Meu reino não é deste mundo, dissera Jesus. Existem profecias de impacto estonteante do futuro que espera as gerações atuais. A consciência pede atitude, agora não mais dos líderes políticos, mas das criaturas humanas. Que jejuem e orem com fervor a ofereçam meios de cura da síndrome cruel de destruição que parece ganhar corpo e ferir de morte as esperanças da Paz. Só o Amor verá a Deus.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Algumas lembranças

Por vezes me pego falando aos mais jovens de filmes, livros e músicas que conheço. Uma estrada longa de emoções marca a jornada pelos dias. Momentos inesquecíveis. Bons companheiros que seguem junto, seja isto quando e onde estivermos. As despedidas ficaram menos dolorosas porque carregava comigo ali perto os pedaços das horas sumidas no tempo daquelas companhias, amigos, entes queridos, lugares felizes que deslizavam inevitavelmente e a contragosto pelas horas largadas nas réstias fugidias. Hoje revejo quanto vem sendo camarada a existência ao haver oferecido tantos bons diretores, autores e compositores, que os guardo cuidadoso no íntimo coração. É a trilha da história da gente que soma com a presença dos amigos atuais. Amo de paixão filmes, livros e músicas que acalentaram a distância nas mudanças de lugares pelos quais andei e vivi. Transportava na bagagem essas relíquias ainda agora aqui ao meu lado. 

Chego a pensar na possibilidade infinita dessa integração com o universo das pessoas e seus mundos particulares. Cápsulas daqueles instantes mágicos de vivências e companhias, arrastamos esses fetiches de afetos no título de atenuar a dor das ausências do que é bom. 

Assim também as flores e seus perfumes penetrantes, que levam a níveis outros de consciência; falam das dimensões eternas que alimentam o desejo de continuar a caminhada insistente pelo desconhecido. Frágeis instrumentos de beleza indestrutível das eternidades mágicas, invadem sorrateiramente a alma das criaturas humanas e explodem grandeza magistral de arte, tônico dos corações afetuosos. 

Gosto um tanto da vida que vivo em face desses mimos que ela oferece em termos de prazer espiritual, fruto das cores, formas e sons. Uma vez ouvi Chico Anysio, quando lhe perguntaram se teria medo de morrer, ele responder: 

- Não, não. Tenho pena.

Por isso, devido o quanto de pureza estética oferece a existência, calma suave percorre os sentimentos e há uma neutralidade em viver os desafios e obstáculos. Aos poucos aprendemos o lado melhor de tudo isto em face dos exemplos trazidos nos braços ricos da Natureza.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

As flores têm vida

- Oi.

- Bom dia.

- Bom dia.

- Já achou sua paz tão sonhada?

- Não. Mas hoje estou tranquila.

- Enfim uma notícia boa.

- Ainda não. Boa notícia para mim será no dia em que eu te enviar o convite do meu casamento

- Antes disso se prepare na intenção desse dia. Alegre-se querendo ter o que oferecer a quem chegar.

- Meu coração está aberto.

- Amar é uma transação bem pessoal. A gente ama, simplesmente. Quem se apresentar sentirá isto o tempo todo. Descubra que é assim. Concentre o seu coração, o mais virá em consequência. Quem ama transformar a si e aos outros. Tem que ter o outro lado, não. A gente já é esse outro lado de outros.
É parecido com o perfume das flores. Elas nem perguntam quem virá e sentirá. Meio filosófico, mas cheio de verdade.

- Entendo.

- As flores têm vida.

- Sim.

- Nós também podemos ter. Ame, e saberá.

- Com certeza. Em relação a sentimento sempre soube amar. Só acho que nunca fui amada. Quem ama já detém a melhor parte. É religioso isso. É a religião universal.

- Entendo.

- Por isso é que digo, ama e saberá.

- Sim. Sempre amei.

- Pois sabe muito do que digo. Só que tem de mergulhar fundo em si e achar a joia da calma. A busca da felicidade.

- Sim.

- Estou tranquila hoje. Só com um vazio. Lá dentro de mim.

- Esse vazio está cheio de si, de tudo. É o sentido principal da descoberta. Estude isso, que irá compreender. Só que vem devagar, limpando a alma e lavando o coração. Estude...

- Este vazio sempre permanece. A falta de algo que me complete. Que me anime.

- É o fio da meada. Cuide e aceite. Sustente, não deixe fugir. Transforme em paz. Em amor pleno. Goste de si. Assim qual quem trabalha uma obra de arte.

Natureza mais íntima

Conta uma parábola do sábio hindu Sri Ramakrishna que, certa vez, uma tigresa prenhe realizava caçada em busca de alimento e corria atrás de rebanho de ovelhas, quando, em pleno esforço de sobreviver, o animal acabou por dar cria. Nisso, ao parir, misturado com a perseguição desarvorada, não resistiu e, ao saltar, ali mesmo morreu... 

Deixou vivo, entretanto, o filhote que transportava no bucho, de imediato cercado pelos ovinos. Na condição dos elementos necessários, a cria escapou, chegando a se integrar ao rebanho, aonde persistiu como dele originária. 

Logo o felino viria a copiar os hábitos daqueles com quem viveria, fruto da observação e das carências do sustento. Nutria-se de vegetais, balia feito borrego novo face ao perigo e dormia no estábulo, em harmonia com os parceiros amistosos, sem desconfiar de nada diferente que fosse. 

Largo tempo passado, numa outra perseguição empreendida por tigre adulto que localizou os ovinos, descobriu a fera nomeio do rebanho aquele tigre-carneiro, que se viu notado pelo predador feroz. Admirado com o que via, o tigre resolveu reverter o processo da acomodação do seu parente no ambiente em que envolvera. 

Perseguiu o filhote, prendeu-o pela nuca, cercando-o de cuidados extremos, e buscou mostrar-lhe a condição de carnívoro, levando-o em seguida às margens de um lago tranquilo, mostrando no espelho das águas os traços da parecença entre eles dois.

- Veja, sua forma é em tudo semelhante à minha! Somos selvagens. Por isso é um tigre igual a mim. Coma carne invés de palha! 

Desconfiado, todavia ciente dos argumentos indicados, o tigre novo, criado pelos carneiros, resolveu abandonar o rebanho acolhedor e se embrenhar nas matas, seguindo o tigre veterano que o ensinava.

A princípio, encontrou imensa dificuldade para gostar da carne que o outro lhe apresentava, das primeiras vezes fazendo-o comer quase à força. Superados os bloqueios iniciais, daí sentiu forte prazer nas refeições de sangue, só naquela hora descobrindo com certeza a categoria original.

Mais algum tempo adiante, e adaptou-se de pleno gozo aos valores da sua raça, cumprindo formalidades adormecidas no instinto, qual se nunca antes houvesse agindo de modos variados.

Então, refeito do susto, o tigre velho considerou:

- Agora você compreende que é idêntico a mim? Venha, siga-me nos caminhos da floresta.

...

Ao contar essa história, quis o místico indiano demonstrar o valor da orientação correta para quem quer descobrir o Eu verdadeiro, em nada parecido com o que imaginam os que vivem sob o domínio do ego, a estação transitória rumo às coisas espirituais definitivas.