segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Tempo, este senhor maravilhoso

Que reverte dramas das existências num abrir e fechar de olhos. O senhor absoluto de todas as razões. Tempo de flores e frutos. Manhã estonteante das belezas raras. Luzes de fins de tarde em que o coração pára no campo da saudade e espera confiante novos amanheceres. O pai das criaturas, que pare e devora, e depois de novo pare seus filhos. Força viva que pulula em nosso ser mais íntimo, que dorme nas noites de agonia e acorda nas madrugadas em festa da felicidade. O amor, a dor: a dor e o amor, que envolve as ondas fiéis dos desejos em melhores dias. 

Força viva dos fenômenos naturais, que terce a teia das vitórias e encobre as ruínas das dores, os amargores e as alegrias. Circulante da mais intensa das eternidades, ali impera de olhos acesos na continuidade em tudo. Marcas deixadas no peito dos aflitos, juventude e animação das horas. Condição inabalável de a que todos têm de obedecer incondicionalmente. Símbolo da confiança.  Objeto da transformação do desespero em nova esperança. Chama forte das doces recordações. Maior de todos, orixá admirado nos terreiros, parceiro das tempestades e bonanças. Ali ele está de braços abertos aos frios, calores e fulgores. 

Quanto de poder o tempo tem. Quando de conforto e conformação guarda consigo aos que jamais alimentariam outras oportunidades. Claridade nas horas incertas, chances de reverter os quadros da intranquilidade, ele vem dotado das potencialidades do Criador. Quanto guardas contigo em termos de renovação e possibilidades. Grandioso. Maravilhoso ser, vivo senhor das curas. O sabor dos pratos finos. Brilho das estrelas. Luz da reabilitação dos sofredores. Mãe. Pai. Irmão. Filho. Avô. História de todas as histórias. Estrela e sol das almas. Tempo, o tempo, aqui te peço que abrace-nos a todos e ofereça a transformação em forma do silêncio das eras em nossos corações abençoados.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Todo o amor do mundo

A ordem natural em andamento mantém o equilíbrio de tudo quanto há, desde o pequenino ao maior, da lesma ao bentivi, ventos e trovoadas. Dentro dos seres aqui vive intenso o sentido de amar na integração que orienta o destino dos elementos. Coração em festa emite força suficiente a tudo conquistar no mais das ações da sinfonia perfeita.


E nós de tanto amar resistimos aos desafios de injustiças e guerras púnicas. Alguém sadio de consciência compreenderá o atraso na observação desse princípio perene de somar todos os seres num todo harmônico, corpo único do sistema onde existem países ricos e pobres que pede tão só a iniciativa de cessar o fogo da desunião e imaginar sábias alternativas que englobem a fraternidade em seus tratados, honesto dever dos líderes e das nações no entanto longe do respeito nos milênios perdidos, contínua frustração do egoísmo que reclama providência da Natureza mãe. Continentes fartos nas riquezas das colônias guardaram pra si os tesouros que posicionam por cima da carne seca, e vitimam outros continentes submersos no antigo reinado, sofredores e pobres.

Quais fazeres aguardam os impulsos da boa vontade humana desta hora crítica os sinais indicam fortemente. Ali junto de uma Europa que mal pisa no chão de tamanha vaidade existem os maiores contingentes populacionais da Ásia à espera dos gestos magnânimos que nunca vêm, refugiados nas praias indiferentes. Além da exploração dos tempos contemporâneos à busca de petróleo, que expoliam o mundo árabe, isto tal se nada de errado ali acontecesse, quando o pulsar não para instante algum, máquina de produção de exatidão matemática. 

Amar o mundo e as pessoas com isso virou determinação histórica e norma de sobrevivência, senão dores virão cobrar a conta dos alienados da fortuna e do ouro, da prata e das pedras preciosas que saquearam nos antigamentes da ilusão de conquistas. Será mesmo que ninguém avista o Sol da verdade que vem sobranceiro no horizonte das civilizações bárbaras? Talvez haja por certo últimas chances de reverter o quadro bem diante das barbas do Criador alerta... 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Nosso bem mais precioso

A vida, este nosso bem mais precioso. A vida, a existência, a individualidade. Pois sem ela seríamos nada, a escuridão que antecedeu as luzes da Criação. Não teríamos chance alguma de pensar, sentir, amar. Nem de considerar as possibilidades de todos os outros bens. Seríamos inexistência absoluta. Portanto só depois vêm os demais requisitos de viver: saúde, riqueza, poder, amizade, família, sexualidade, amor, arte, sonhos, etc.

E considerar quantas vezes intentamos desistir de continuar perante a vida. Tantos desânimos, frustrações e agruras em manter o barco no curso diante de obstáculos e dores de existir. As tais dores do mundo, de que fala o filósofo, pois os limites da emocionalidade, quando se apresentam, rasgam a paz de meio a meio, indicando temporadas de testes. 

Porém fugir de quê, quando sem nós nada somos?! Sem a existência seríamos tão só inconsciência pura e ausência dos meios mínimos de refazer as jornadas infelizes. O espírito fora da carne significa período errante pelo Infinito, à espera de novas oportunidades do reencontro da existência física, oceano de chegar ao porto seguro da realização do Ser de que somos protagonistas desde sempre.

Abandonar o trilho das horas e sentar num canto de calçada onde ficar fora do palco à espera das novas chances... Que perdição de tempo útil do viver da existência, eis o que seria largar o presente pelas indecisões abstratas, porquanto a vida vale qual oportunidade exclusiva de continuar até resolver os impasses e motivos às vezes do desânimo. A moeda forte de abrir o firmamento dos novos dias.

Assim, vamos descobrir e reconhecer esta sagração absoluta do Universo de dentro de nós, a parcela mais importante do Mistério e foco de tudo quanto há, desde lugares, emoções e do tempo. Amar, amar muito a si e aos demais. Apreciar existir sob a condição de reconhecer o quanto de preciosidade incondicional temos nas mãos, a essência plena e razão da maior Felicidade.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

A fortuna das boas iniciativas

Nunca é demais o uso das palavras na intenção de propagar valores positivos, tão esquecidos nesses tempos de sensacionalismo infeliz.  Falar do que seja bom, das possibilidades infinitas em nossas mãos do gosto alegre pela existência, da coragem de pelejar com dignidade, trabalhar com honestidade e disposição, fugir da preguiça e da acomodação. Fora tempos de sabedoria pai dégua, do quanto pior melhor, enganos destrutivos e sacanas. Chega o período da renovação da história, de passar a limpo os fracassos e praticar o bom ânimo. Fora as mazelas dos escrotos e porcalhões, viciados e ganhadores à custa da paz alheia. Hora de revisar avaliações equivocadas e desvendar o mistério da virtude no seio da Natureza mãe, justa e fiel.

Todo esse poder mora em Si, no âmago dos corações em festa, na religiosidade humana imortal. Quem apostou na divisão entre o ego e o Eu quebrou a cara. Eles, invés de inimigos, são complementares. Quem fez, afundou o próprio destino, pois agora vem pagar a conta daquilo que engoliu pelo buraco errado, porquanto existe, sim, um Ser Soberano que a tudo rege e domina dentro da absoluta determinação, e impera bem aqui no centro do Universo que somos cada um dos habitantes deste chão. Quem imaginava esconder nos escombros dos erros o anonimato dançou feio, vez que haveria o momento de receber o preço que pagou pela descrença da ignorância. Os tempos são chegados bem no íntimo da Verdade imbatível.

São as tais circunstâncias de que tudo ocupa seu lugar no espaço do tempo e dos acontecimentos. Cabe agora abrir o senso do desejo e querer viver em harmonia sob as leis do Eterno, e continuar. Isto de há muito vem sendo avisado nas cartas dos santos, na voz das injustiças que clamam correção e amor. Ninguém percorrerá outros caminhos além da vontade maior que pulsa no  seio da mais limpa consciência, pois. 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Sede do Absoluto

Vala comum dos humanos, por que sabem das teorias, a prática sempre fica devendo revelar a verdade. Ainda desse modo, no entanto querem mais e mais. Aliás, desejam ardentemente respostas consistentes a propósito de quase tudo, sem obter êxito suficiente. Estejam todos bem, satisfazem o estômago, as partes baixas, a vaidade, e o resto deixam ficar num largo depois. Correm feitas máquinas, buscando satisfazer os objetivos imediatos, porém logo adiante dão de cara com o bicho Tempo, espécie de areia movediça que iguala os gregos e os troianos na tal vala comum de que falamos.

Bom, mas a intenção principal do comentário é avaliar a carência enorme que persegue os humanos de achar as respostas definitivas ao conceito de absoluto, neste mar de relatividades. Distribuir as palavras nas ações e gozar do direito de ter paz, por saber de onde vêm, o que fazem aqui e para onde irão. Só tudo saber, fonte dos suspiros absolutistas. Saber, afinal, o objetivo das razões que nos dominam. 

Contudo passamos longe de encontrar as fórmulas mágicas que resolvam a equação fundamental. Isso leva indivíduos a ideias quais: náusea de viver, angústia, desespero, fastio, vazio interior, depressões variadas, bem ao gosto dos filósofos da existência, os existencialistas. Dizer e fazer, achar o caminho.

Nesse momento, insistir na vontade das respostas sólidas, todavia impossíveis. A gente avança, pois, devagar nesse aprendizado de viver. Sofre e quer saber os motivos. Reza, clama, medita, reflete, pratica boas obras, estuda, ouve os sábios, ler livros, aguarda, aguarda... Vão horas e horas na aventura de conhecer, olhos postos no horizonte. Quantos rios de esforço terão, por isso, de aferventar e beber e diminuir a secura de nossos lábios, à luz da libertação do misterioso Infinito?!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Reconquistar a autoestima

Os tempos representam, pois, papel importante no que vemos e ouvimos no momento atual do País. Qual hecatombe de consequências imprevisíveis, instituições inabaláveis perderam a credibilidade e o rastro de estrago persiste através da mídia, que insiste ferir de morte a nacionalidade diante dos sintomas da descrença que parece varre o mundo. 

Processos judiciais momentosos, investigações de âmbito jamais imaginado, valores políticos e sociais feridos e líderes antes respeitados que passaram à outra margem do descrédito de pecados mil. Ventos arrasados percorrem os caminhos da vida pública, a ponto de antes importantes personalidades hora habitar as grades dos presídios, isto dentro da maior sem cerimônia.

Claro que tudo isso dói e constrange os sonhos da nossa história ufanista, pede alternativas e desperta vontade extrema de nomes dignos que comandem os destinos dessa gente bronzeada, honrada e trabalhadora, contribuinte fiel do Erário e valiosos cidadãos a preservar a continuidade dos dias a troco de largos custos e esforços.

Somos dos que acreditam em dias mais venturosos, onde seres humanos deixem de ser fera da raça e disponibilizem matéria prima de sonhos em dias de felicidade, alegria e paz. Cabe-nos a todo vigor encetar as possibilidades que alimentam a qualidade coletiva dessa gente. Trabalhar com afinco sob o prisma da responsabilidade, com práticas de justiça e fidelidade. 

Este momento já está na ordem do dia das razões brasileiras de saber reverter a todos o direito à vida harmoniosa, livre de temores e traições. Há que vermos o pavilhão nacional tremular na gávea longe das perversidades dos maus elementos que avançaram nos dotes gerais e agora exigem que tomemos a gosto os direitos e os deveres dos homens públicos decadentes. 

Providenciemos logo cedo os instrumentos de soberania e construamos  aqui o Coração do Mundo a e Pátria do Evangelho, a terra donde jorra leite e mel, lugar da esperança e da fé, morada dos justos do Terceiro Milênio. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Sentidos versus Espírito

Os místicos, aqueles que leem a Natureza do ponto de vista da plena Felicidade eterna, falam de dominar o pensamento, e assim, dominando o ego, eu material, revelar o Si Mesmo. Vencer as forças do instinto, forças da existência só corporal e chegar aos planos ideais das possibilidades humanas. Nisso, controlar o impulso da carne e encetar a caminhada rumo ao desenvolvimento espiritual. A tese é bem esta, desvendar o sentido Norte do mundo invisível, de que muitos até nem admitem a possibilidade. No entanto, não fossem tais esforços inusitados, e o mundo andaria ainda arcaico no aspecto da animalidade face aos outros animais. Seria, por certo, o prolongamento da Pré-História, fase das feras lutando contra elas mesmas à busca da sobrevivência das espécies.

Tal seja, portanto, a sonhada proposta da Salvação; vencer a si nos aspectos nostálgicos da brutalidade e compreender, também de dentro de si próprio, a vitória sobre a decadência física em favor do Reino que não é deste mundo, de que contou Jesus.

Mas isto custa um preço em termos de controlar a força física e transformar o tempo da carne em poder, equivalente ao que demonstram as grandes almas, guias do Caminho aos espíritos ora vestidos na matéria em decomposição.

E a peleja persistirá enquanto houver quem dependa do exercício dessa razão a fim atravessar a faixa escura dos tempos e despertar nas potencialidades a que viemos encontrar.

Portando, na panorâmica dos conflitos, no íntimo e fora da pessoa, no espaço fronteiriço das eras e da Eternidade, habitamos soltos aos valores das duas lateralidades que persistem ao nosso dispor. A força bruta entre carnalidade e os sonhos de uma realização definitiva. Contexto incrível na sua formulação, aparentemente simples, porém que exige disposição e atitudes constantes de herói, se é que nos interessa vencer as ilusões e desvendar o mistério do largo Universo de que somos principais protagonistas.  

(Ilustração: Oversoul, obra de Alex Grey).

Comentário ao conto A dor do poeta, de Geraldo Urano

Eis um novo conto de Geraldo Urano, autor surpreendente do mundo Cariri. Sensibilidade. Sonho. Realidade. As histórias rebrilhantes de naves, cometas, estrelas, mistério, besta fera; letras de música, sonhos e poesia. E muito da inavaliável psicologia do esplendoroso campo dos sonhos. Eis aqui um pouco do testemunho de ser querido da nossa geração expedicionária, personagem histórico das estradas do impossível.

Mas para ele o que importava era o que pensava a sociedade, e a sociedade é cruel. Bom ler Geraldo Urano de todas as fases. Um trilho profano-sagrado que tange rebanhos incólumes ao universo dos sinos tibetanos, nova-iorquinos, venezuelanos, japoneses, transcendentais... Onde a selva de aço encontra o sideral... As damas, os valetes; e tudo nasce vivo da imaginação do texto pródigo do autor.

...

No próximo domingo, 29 de março de 2015, às 19h30, no Instituto Cultural do Cariri, em Crato, haverá lançamento do livro O ferrolho do abismo, Poesias completas de Geraldo Urano, escritor caririense da geração de 1968, que marcou a história das artes de nossa Região.

Fruto do esforço conjunto de J. Flávio Vieira, Lídia Batista (irmã do autor) e outros amigos mais próximos a ele, o livro reúne em um só lugar toda a obra fértil e surpreendente de Geraldo, providência esta de rara importância e essencial às letras do Cariri, justa e oportuna, preito de reconhecimento a quem deu de si o máximo que as forças físicas lhe permitiram, na firme disposição de expressar a emoção de tempos conturbados e difíceis de manifestação dos reais sentimentos da sua geração de espírito libertária e criativo.

A produção de Geraldo Urano recebe, pois, formato abrangente, reunião de poemas, crônicas, contos, desenhos, em resgate fiel daquilo que tão amorosamente considerou, nutriu de palavras e pensamentos, nas larvas incandescentes da juventude que representa.

(Dia 05 de fevereiro de 2017 Geraldo Urano regressou à espiritualidade).

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Além das palavras

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo /Perdeste o senso!"   
                                                                                Olavo Bilac                                            
Os gestos de tudo, enquanto. Comunicar, no entanto, necessidade mais que primária de nós, homens e animais. O caminho das águas de todos os aqueles fenômenos, a declividade do tempo na pista dos movimentos. Assistimos, um dia, ao filme sob o título O vento não sabe ler. Havia um jardim com tabuleta de não arrancar as flores. Na sequência final, porém, as flores voavam ao vento. São milhares as tabuletas deste mundo. Quantos nem sabem ler. Quantos precisam ler, ainda assim.

Esse universo de além das palavras é todo o Universo, o que se passa depois das circunstâncias do vão aberto nas situações pessoais. Largadas ao sabor das corredeiras, palavras apenas alimentam o desejo de dominar o momento, razão principal dos guerreiros armados até os dentes e suas lutas inglórias. Vagam soltos em noites escuras de conceitos e carências, a bater nas portas do desconhecido. Pequenos seres de largos sonhos, nutrem por si o mínimo de vontade, porquanto abandonaram ao prazer fácil a essência da incontida de imortalidade.

Elas, as palavras, servem de crosta ao rolar dos impérios, guardadas que nos gavetões da memória, passados perdidos nas eras inexistentes. Durante o sono, dormem nos medos logo despertados ao sabor do Sol. Pessoas vacilantes, larvas escuras da solidão mal distribuída. 

São notas vagas de sinfonias distantes. Apóstolos dos credos impossíveis, querem achar nas pedras o mel da promessa dos santos. Esquecem mares onde navegam e vacilam diante das circunstâncias de cumprir a pauta dos destinos. Meros obstáculos entre todos os seres, humanos trabalham egoístas fomes de felicidade e pisam apressados na própria sombra. Caem feitos folhas secas ao outono das outras vidas. 

Mas o autor insiste na ânsia original de nos dizer: "Amai para entendê-las! / Pois só quem ama pode ter ouvido / Capaz de ouvir e de entender estrelas". 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Atitudes de verdade

Há, sim, pessoas que sabem, sabem e são positivas, produzem o que vale a pena viver; outras, no entanto, sabem e querem fazer diferente; buscam destruir as possibilidades do espaço e do tempo. Pedir a quem tem a dar, ao Mestre, ao Poder Superior. Pois tem gente que não tem nem pra si e quer impor aos demais as orientações tortas de quem necessita. Avalie pensar também nos outros. Procure uma reorientação de vida, trabalhar de modo a beneficiar as criaturas, cientes de ser instrumento forte de concretização dos ideais da Paz. Querer o bem que ainda não pertence a todos, só a alguns que imaginam um mundo pessoal e quer atender aos que precisam, mas apenas em palavras, discursos vazios, que possam livrá-los daquilo que prejudica a existência. Achar a liberdade do que fazer e auxiliar aqueles que vivem suspensos no ar da imprevisibilidade. Agora vamos agir neste sentido, pois será do jeito exato que abra novas perspectivas de amizade, vendo o que fazer e subdividindo a responsabilidade disso...

Desta forma, se não tiver acreditado a contento, batendo nas velhas portas que nunca abriram, insistindo em navegar canoas furadas, os teimosos são assim; plantam em solo seco, pedregoso, olhando as situações lhes acontecer na cara e nunca aprendem lições que a história oferece. Vê o sofrimento dos que entortam a cara e olham de lado, e deixam fugir as oportunidades, esquecem que o momento escorre pelas veias dos dias sem esperar retardatários. Doidices que calam fundo nas sarjetas aonde terminam os irreverentes, ignorantes da realidade.

Tais bonecos de circo fantasma, eles sugam a imbecilidade dos fregueses adormecidos, o que deveria servir de alimento à construção de mundos novos de que falam os sonhadores, esvaziam a essência, energia da esperança largada ao prazer sem pátria, sem dono, sem nada. As crianças aguardam acesas a prática de vida que signifique esperança e fé.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Limites imaginários

Três conceitos principais indicam limites à Consciência, quais sejam: passado, presente e futuro. Passado não mais existe, porém dada a função da memória, esta preserva sua virtual existência a ponto de criar significados, sendo em muitos a razão fundamental da sobrevivência, lá onde ficaram guardadas as fases da vida que se foi, os pretensões lucros do sucesso, amores, vitórias, viagens, festas, etc. Lembranças favoráveis, ou decepções, estas que acarretam os gatilhos que, ao disparar, vez em quando, geram sofrimento, depressões e metabolismos doentios. Bom, ainda que o passado suma na longa estrada dos dias que ficam pra trás, sujeitam dominar o território mental e reverter o quadro atual a mera ausência onde deveria habitar todo tempo o presente definitivo.


Sim, o presente, segundo estágio da Consciência, que deve entregar ao fluir da Eternidade corpo, mente, pensamentos e sentimentos. No entanto ocorrer tantas vezes que o foco da existência, o eu, esquece ou não prevalece na sua vontade, e larga de lado o condão inestimável do presente às malhas do passado lá atrás enganchado na crosta da memória. De comum, dados os impasses desse autocontrole, deficiência em que a grande maioria incorre, o presente foge pelas veias do destino, e outros vivem a vida de quem deveria viver e andar no comando.

Perdidos, pois, do presente, fogem ao passado, ou avançam destrambelhados ao futuro, que ainda nem existe e quando existir será só presente. 

Eis o terceiro limite criado pela mente na ânsia de responder ao questionamento de existir. O futuro, que também inexiste. Criado mentalmente pelo esforço de antecipação, criaturas prendem os dentes no que viria, alucinações constantes de querer criar nas luas da inexistência, porquanto nada assegura, diante da imprevisibilidade e do mistério, que viveremos e viremos presenciar os depois de hoje. Futuro, quimera dos sonhos e país fruto da mais pura das imaginações...

Conquanto responsável pelo presente que a tudo resume, os humanos vadiam soltos entre duas abstrações e desejam ardentemente conhecer a Si longe do reino insubstituível do Presente. 

(Ilustração: Guy-Olivier Deveau).