terça-feira, 5 de agosto de 2025

A música do Tempo


Ritmo velado, assim quais outros tantos mistérios do Infinito, porém constante na alma das criaturas humanas. Invadem as interpretações dos sentimentos na forma de sons, largando lembranças aos quatro ventos. Preenchem de certezas a consciência e enlevam a outras dimensões o viver, qual quem arrasta aos céus os instantes. Marcas profundas. Melodias. Suaves sinfonias de errantes, largadas no coração das pessoas. Quer-se voltar ao começo, no entanto jamais ouvir-se-á mesmos solfejos. Nalgum lugar de dentro, regressam a permitir reaver o instante, tal nunca houvesse existido ou desaparecido, aqui, então.

Disto, permanecem pessoas, vivências, lugares, na cadência do regresso naqueles que antes foram. Quais pedaços inteiros de eternidades, viajam altivas as canções, os acordes, num preenchimento do quanto persistem os passados que sumiram tantos. São paisagens acesas na memória. Saber de si a tocar pelas estradas de quantas histórias, força descomunal das saudades talvez esquecidas que regressam contrafeitas aos viventes.

A mais que desejassem, ainda destarte adormecem nas folhas do silêncio, reafirmam a singeleza dos gestos antigos, as danças, os saraus, amores, espécie de certezas inesquecíveis do que existiu na escuma dos mares. Permanecem constantes naqueles ouvintes de apresentações, programas de rádio, filmes, madrugadas a sós, discos, novelas, viagens...

Nem de longe pudessem desfazer o que dali ficou guardado nas sombras da imensidão. Desde sempre, no entanto, vem sendo fiel ao desiderato dos séculos. Descobertos meios, ficam inscritas nas tradições, inteiras, dominantes, a vir de novo através dos grupos, dos instrumentos, na voz das pessoas, descomunal significado daquilo que sobrevive ao custo das civilizações.

A herança imortal da inspiração registrada em páginas perfeitas, emoção do que restou de continuar em forma de som, fala nas gerações uma linguagem sublime, nítidos sinais doutras possibilidades, algo pujante daquilo que demonstra o ser espiritual dos humanos.

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