quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Tudo isso já agora


Sois bons e amais porque ides alcançar uma recompensa agora, ou em uma vida futura?    
Jiddu Kishnamurti

Bem tal e qual. Esse querer lá depois quando a vida é sempre agora? Aceitar que o querer logo então, invés de projetar num futuro ainda remoto. Viver o presente, qual tanto os mestres insistem . Viver, afinal. Admitir todas as conjunturas/contingências tais reais necessidades do existir. Lições a céu aberto. Filmes atuais. Adotar as circunstâncias por fatores de desenvolvimento de nós que somos entes dotados do senso de raciocinar o tempo adiante dos acontecimentos. Nós, seres intermediários na percepção da Natureza por si mesma. A querer tocar em frente na intenção de chegar jamais esgotaremos a capacidade urgente dos ditos seres racionais de aceitar de bom grado as determinações de um poder determinante de tudo.

Cientes, pois, da força de compreender o que seja isto do momento presente e integrar aos nossos passos no firmamento isso significar aperfeiçoar a consciência, pondo-a no serviço de si. No raciocínio de Krishnamurti, viver intensamente o instante atual resume a finalidade da compreensão. As fantasias que vestem o indivíduo mudam ao fluir das eras. Seríamos espécie de eterno agora com desejos de mutação, até uma calma absoluta que avança no pulsar dos pensamentos.

Seria isto um aguardar por nós próprios na estação em que já estamos. Aprimorar o sentido dessa viagem que acontece dentro da gente, conquanto alimentemos razões de futuro em vez de habitar a casa aonde chegamos e queremos chegar.

Toda bondade, todo amor são por si a recompensa prevista do futuro donde viemos. Ao descobrir essa linha de perfeição, trilho de tudo, eis o que tanto buscávamos, matriz de paz e luminosidade, sonho maior dos humanos. Esse querer lá depois quando a vida é sempre agora.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

O território das palavras


Todo tempo carrega a cor das suas expressões. A uns é dado escrever o que outros disseram e criam o movimento das falas pelo mundo. Os que tendem aos aspectos positivos alimentam as ditas virtudes dos credos religiosos, das leis, da esperança. Outros, no entanto, criam lá suas normas grosseiras de administrar as sociedades humanas, daí surgindo os desmandos, as guerras, os períodos fantasmagóricos, os regimes da força bruta, etc.

Disso que nasce do pensamento ambulante ganha o chão das populações. O que as palavras passam a dizer dizem os mentores, sejam de qual versidade for. Tais teóricos da miséria humana, sobejam de inutilidade o que seria a oportunidade do pensamento através das práticas coletivas.

Nem de longe, pois, deixar de lado os armazéns da política durante todo tempo. Sujeitos das próprias ganâncias, tipos foscos, nutrem de tédio os horizontes, a ponto de a gente querer enxergar a luz do Sol e sentir talvez o hálito fétido de dramas a cercar as criaturas e seus métodos escusos. Um jogo tosco que vai afundando pântano adentro, nas histórias mórbidas dos grupamentos sociais.

Em qualquer lugar, os humanos utilizam do que lhes vem ao instinto, esquecendo quantas vezes de utilizar o potencial da verdadeira evolução e produzir novas chances de consciência. Duro falar de quais situações, porém onde houver pessoas há sim o contrassenso. Nisso da longa jornada rumo ao desconhecido, tenho a certeza que iremos usufruir certo momento de fases melhores, conquanto vivemos um plano inteligente, sábio em maior grau, sob a égide de um Poder superior a todas as limitações. Isto sinto após silenciar minhas angústias e compreender de modo espiritual a presença do equilíbrio que tudo rege quanto existe.

Bem isto trago comigo e alimento meus dias após cruzar mares difíceis desta jornada. Nem de longe escondo de mim a importância de uma fé sincera e de prática compatível aos anseios de paz que nutre meu coração. Vejo assim e busco contar a quem posso o que trago comigo trazido de dentro das minhas convicções, sobremodo neste tempo quiçá de tanta necessidade.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Aonde vão nossas memórias


Nada mais presente do que a lembrança que nunca some da gente no transcorrer das gerações. Permanecem fixas numa dimensão maior que tudo. Lá em certas regiões da memória, fixam residência para sempre. Vê-se isto bem ao escutar as músicas que deixaram marcas profundas na essência de nosso ser. Qual parte de nós, regressam aos mesmos momentos, trazem de volta as horas que aparentemente sumiriam no passado, no entanto talvez até mais vivas que sejam. Os filmes. Os livros. As pessoas. Assim qual em passes de mágica, alimentam as emoções que nos trouxeram experiências, sentimentos, oferecendo de novo as oportunidades daquilo que antes fomos. Isso também nos locais aonde andamos, ruas, praças, casas, sítios vários, na força do que guardamos daquilo que vivemos no instinto soberano de existir dentro de nós em caráter definitivo. Não poucas vezes posso consignar tais resultados, demonstrando a mim mesmo a eternidade que acompanha nossos passos pelo caminho da imortalidade. As ocasiões intensas de largos efeitos os quais tocam profundamente o ente que ora somos, entranham em nossos sonhos, nas nossas saudades, na realidade atual, tal transportássemos esses arcabouços de mundos intactos do que significamos do universo exclusivo da consciência que nos clareia no íntimo ao decorrer o tempo.

Histórias de valor inesquecível, cada pessoa detém patrimônio cultural de riqueza estonteante, por menos que queira admitir. Espécie de testemunhos das vidas sem final, constituímos parte integrante da imensa história de todos em toda existência, a somar luz à luz que brilhará um dia desses na pujança inigualável da evolução.

Princípio e fim do que persiste no transcorrer da natureza inesgotável, vive-se esse destino mágico de conter nas lembranças o itinerário dos dias através das próprias vivências. Há um provérbio africano que admiro, a bem dizer que quando morre alguém, se fecha uma biblioteca. O que não significa dizer que para sempre se fechou, conquanto haja mistérios tão ou mais profundos que só pensar ser a morte um estágio final, senão porém novo início em novas condições, nalgum lugar. a tocar adiante as maravilhas da Criação.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Silêncio nas madrugadas


Este mês de agosto veio diferente, frio e com largas correntes de vento a bem dizer quase revelações durante noites inteiras. Passa uma sinfonia pelas árvores e mergulha na dimensão que os sonhos aproveitam e existem. Horas e horas suaves. Madrugadas amenas. Sons distantes de cachorros impacientes. O ciciar incessante pelas folhas vira um sopro definitivo na escuridão de quem quer ouvir algo às vezes inaudível aos seres quietos. Escuto essa melodia e, de olhos fechados, mergulho pelas cavernas da alma, esquecendo o que sou (se é que sei), e aceito comungar dos ecos inesgotáveis dos mistérios dessas horas. Quantas histórias repousam ali no labirinto de si mesmo... Tantas falas guardadas que agora circulando nas encostas do pensamento... Sentimentos de lembranças que, às vezes, revivem antigos códigos gravados na carne seca da solidão, porém permito que tudo transcorra lá por dentro, longe da vontade de querer isso ou aquilo. Permitir espécie de liberdade que domina quando a gente se esquece de sustentar a fome da incompreensão e fica a contemplar os momentos indomáveis que soam livres na consciência. Gestos alheios fazem, pois, o trilho dessas horas insones; explicam as possibilidades em andamento nas escrituras e nos acenos mais puros. Nisto, as palavras brincam consigo e com quem escreve nessas paredes noturnas de seus desejos audazes a percorrer vidas inteiras. Na pauta do silêncio todas as indagações e todas repostas. Luzes que clareiam os corredores da realidade e avançam quais instrumentos deste Senhor de Tudo. Nem que fosse imaginável, há um tempo em ação na força da ventania que sopra sem cessar dentro do silêncio, na escrita da liberdade em forma dos motivos que vagam nessas horas distantes e descobrem que, soubéssemos ler esse verbo do vento, também tangeríamos as árvores e haveria de haver paz no coração de todos nós.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Seres humanos


Uma barca de lembranças no rio do esquecimento, assim poder-se-á resumir a quantas isso que chamam viver. Prudentes, às vezes; levados, noutras, seguem tangendo o rebanho das personalidades no estoque da solidão individual, quem sabe até dividida, no entanto restrita ao cofre do anonimato de cada ser. A tal busca de uma explicação do por que de andar aqui nesse fio de meada das interrogações justifica por demais o senso das virtudes. Alguns até aquietam o facho e aperfeiçoam o silêncio, evitando dizer aquilo que pouco ou de nada ainda sabem. Contudo há que se ter uma resposta mesmo que provisória disso, desse discurso abismal do tempo.

Ninguém que preze o senso prolonga as ausências constantes que somem tempo adentro, face a face com o desconhecido. Espécie de saudade crônica do momento presente, vê-se todas folhas das árvores dos dias caírem secas aos nossos pés e temos quase nenhuma participação no sentimento que restou.

Outro dia, ao manusear uns discos de décadas atrás, me veio esta sensação esquisita de que na verdade somos essa transformação cortante de nós em nós próprios, o que, por mais desejemos, jamais se conseguirá conter nessa fome avassaladora dos desertos que ficaram lá atrás no crivo dos acontecimentos.

Nisto, na medida em que fluem os sóis pelo Infinito, bem ali nos vemos tais testemunhas efetivas de todo o momento que nunca passa e insiste em permanecer nas almas das criaturas que nos é dado serem. Defensores ferrenhos de pontos de vistas, nem de longe sustentamos o esteio da razão definitiva de tudo. Peças de descomunal quebra-cabeça, juntamos os detritos de todos em um único ente parceiro da Criação, de comum sem saber porquanto receber tamanha responsabilidade. Olhos postos no sonho, vivemos ao sabor de mil fatores, enquanto isto ter que domar a fera em que vestimos as primeiras peles, já agora às vistas do dia de brilhar nossa luz.

 

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

As escarpas da evolução


Sempre haverá de ser assim, crescer por meio do esforço próprio no desenvolvimento da individualidade. Por mais que queira, ninguém fugirá do compromisso da verdade. Espécie de sombra que resulta dos passos nas existências, as consequências lhes acompanham. Ação e reação igual, e no sentido contrário. A resposta dos atos de cada um é o que define a história que se constrói. Daí o dizer de que o mundo tem a cara que os indivíduos escolhem pelas suas atitudes. Daí a versão de que o autor do destino somos nós mesmos, no decorrer do tempo.

Bom, até aqui era isto que vinha dizendo quando iniciei a escrever três dias passados. No entanto, um quanto frio nas palavras meramente técnicas de querer acrescentar algo ao que não pode ser acrescentado, querendo, igualmente, não ficar em silêncio nas barras desse tribunal de si mesmo que conduz o crivo das razões. Parar, envolver o tempo nessa luta de si para consigo, à cata de encontrar o elo entre os elementos em volta. Perguntar qual ação inevitável, e responder ao que de nada se conhece. Uma fome esquisita de viver diante as circunstâncias.

Enquanto isso tudo avança nos instantes sem qualquer acréscimo de compreensão. Só música e silêncio. Silêncio e música. Uma febre constante de movimento que não cessa, marcas dolorosas ou não, apenas o senso em forma de nada que se desmancha no ar. Páginas de um folhetim invisível tal as existências. Lá dentro das essências de tudo, porém, algo crepita feito fogo de larvas incandescentes do Eu, força viva de todas as presenças aonde possa haver o que quer que seja, desde o puro ar ao vazio das noites mais escuras. Um único centímetro cúbico de universo nunca persistirá sem uma vida que seja, sendo nós a consciência à busca de todas as respostas que vivem aqui dentro da gente.

(Ilustração: Uma noite no monte Calvo, de Ieronimus Bosch). 

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

O rio do coração


Lá estão eles dois, razão e coração, à margem do Tempo. Olham em volta e querem a todo custo dominar os entes que nós somos. Invadem as propriedades deste ser e movimentam o barco das existências, a formar ondas gigantes de emoções e raciocínios, na mesma velocidade com que acontecem os sóis na areias do deserto da razão, do coração e de nós mesmos, Aventureiros desse território que tem de passar sem dúvidas, desfazer o calendário em mil fragmentos eis que vieram, fagulhas que somem no rés do chão da ausência.

Os dois, então, prevalecem quase que sempre, na força de dominar os sentidos e reavivar as sensações que passam. A bem dizer, artesões das horas findas, salvam de si a responsabilidade, nessa prática de todos. Quais monstros devoradores das criaturas à busca de conhecer a saída de onde habitam, batem cabeça no frechar das portas do Infinito e caem exangues nas masmorras do Destino.

Isso assim, o rio informe do Tempo no formato de razão e coração, nas telas da consciência dos protagonistas que apenas somos e depois sumiremos pelo ralo desses nada que logo ali nos esperam de braços abertos nas malhas do mistério. Fossemos contrariar o filme que incansável projeta o senso nas telas dos instantes e disso qual o quê e aonde nos levariam os elementos de que somos formados, pois?

No entanto é que seja de tal modo inevitável e que aqui neste agora quedemo-nos à sorte da certeza de existir, a fim de continuar as longas histórias dos vivos em rumo do constante desaparecimento, enquanto longe pulsa impaciente o coração sob os olhos fixos de humanos pensamentos. Não fosse prudente, seria aquietar os sentimentos e adormecer nas malhas dos sonhos, corredores infinitos das possibilidades inexistentes, que vivam abertos na alma a essas interrogações, seres aflitos na visão de saber e luzes acesas da natureza que dorme na presença inesgotável deste pouso a que ora chegar possamos em certo dia de manhã.

Um jeito de se rever

 

Um meio de voltar no tempo que permite lá muitas formas, as quais inesperadas e pessoais, que anima blocos internos da gente a ponto de trazer de novo os conteúdos arcaicos da alma e reconstituir fragmentos de histórias inteiras. Nisso a virtude da literatura e dos que afirmam suas versões de gestos e acontecimentos que ficaram aparentemente perdidos na poeira do passado, porquanto, ainda permanecem restritos pelos arquivos pessoais e intransferíveis, a  ser então aquilo de que contam suas histórias.

Neste período que estou sinto, pois, bem isto, ao passar alguns dias na Bahia e presenciar cenas insistentes do que, no passado, vivenciei no estoque dos sentimentos, pois ali a memória e o coração andam juntos. Foram naqueles oito anos, quando aqui morei, na década de 70, época inesquecível que, para minha surpresa, permanece grudada nas paredes da lembrança de quem veio sem conhecer o lugar e quase ninguém.

Daí, em ondas gigantes que me invadem as trilhas dos pensamentos e se superpõem numa cadência a bem dizer constante, vejo repassarem as mesmas memórias que trouxera do Ceará, desde a infância no Tatu, aos idos da adolescência e início da idade adulta em Crato, aos quatro anos que trabalhei em Brejo Santo, tudo vindo sucessivamente intacto. A preencher o espaço deste momento, revejo por dentro as saudades que vieram comigo naquela época. As festas, os passeios, as experiências de colégio, de jornal, de rádio, das praças, dos turnos de estrada a ir e vir nas viagens, os amigos, as pessoas da cidade, o comércio, filmes, namoros, livros que lera, revistas, os jogos de futebol, as decepções e os sucessos, as músicas, num turbilhão de vivências que ora permanecem guardadas nos refolhos de mim, chamas que nunca apagaram.

Certa feita, ouvi que foram captadas, na costa do Oceano Pacífico, imagens de uma emissão de televisão de mais de três anos, em cenas diversas que, tais nuvens vadias, chegaram a um equipamento, deixando margem a considerar que essas emissões eletrônicas ficam soltas no ar, sujeitas a se repetir aleatoriamente. Isto hoje sinto nessas memórias que retomam os meus instantes de lembranças sem mais nem menos, espécies de seres que sumiram e que vivos permanecem nalgum lugar das entranhas do tempo. Ao sentir o clima da Bahia, nestas horas, os céus, os sons imaginários, qual chamasse de volta resquícios de outro mundo esquecido, o coração mexe por dentro e reconstitui este eu que sou e o eu que antes lembrava do que havia sido, sistema de formas, cores e luzes entranhadas num sempre agora que lhe seja eterno.

domingo, 7 de agosto de 2022

Os escravos de si mesmos

São elas as vítimas dos desejos, viciados no prazer... Padecem ainda à sombra das próprias árvores de humana servidão. Não poucas vezes, até que entregam a sorte aos fazedores de escravos que vagam nas noites escuras do passado em movimento, que lhes devora de dentes amolados quais mercadores de almas em suas atividades constantes nas ruas do sofrimento alheio.

Que eles parecem nada saber disso por fria entrega às malhas da sede insaciável da ignorância da Verdade e dos apegos doentios ao chão da carne onde saciam viver em liquidação, ninguém sabe quantas mais reencarnações há-de sorver vidas adiante. Resposta inglória às tantas oportunidades de revelação doutras naturezas bem valiosas que as que transportam nas malhas do coração, isto, no entanto, fervem de apetite pelas frestas da ilusão imediata.

Quem sabe sejam esses aqueles mesmos que noutras ocasiões deixaram fugir entre os dedos as possibilidades da cura dos males da matéria e prendem laços à fúria dos braços torpes de uma condição inferior dos que aqui permanecem por maior tempo. Quebram as barreiras da fortuna e nutrem os nexos das ruínas que produzem no trocar de passos. Algozes da esperança de que poderiam ser a origem, deixam cair na lama da ausência os melhores sonhos.

...

Atônitos, regressam de mãos vazias no mergulho que dão nas fibras do espaço mais lento, longe até do que haviam descoberto aos chegarem aqui. Viram tantas vezes o brilho do Sol, porém largaram fora toda a força das manhãs iluminadas de beleza e penhor. Feridos na ânsia incontida dos valores imediatos, gastam, num piscar de olhos, a infinitude da fortuna recebida e choram aos braços da amargura, nessa urgência de propósitos válidos ao senso da purificação das almas de que sejam os parceiros durante a longa Eternidade.

Na sofreguidão dessas angústias, pois, habita quiçá a maior população de todos, presas fáceis da inutilidade daquilo que confeccionaria o novo ser que já somos agora, à espera tão só das atitudes da liberação pessoal em pleno voo.

(Ilustração: O inferno, de Dante).

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Na busca de uma linguagem

Desde sempre vem sendo assim, querer conversar consigo, com os outros, com a Natureza, bem a missão de todos nesse mar de expectativas vividas. Promover a identificação dos termos ideais que resolvam os enigmas do Destino e deixemos de ser meros joguetes das horas em movimento. O que dizer ao Universo que defina os caminhos que seguimos e, de uma vez por todas, solucione o impasse das tantas fugas nos dias; achar esse saber que atenda aos ditames do impossível, dando oportunidade a novas chances além dos fracassos coletivos a que estamos sujeitos no transcorrer da História. Quais fórmulas resolvam de tudo o ranço do abismo que logo ali a todos espera no furgão do desencanto. Isso dessa busca incessante da linguagem que nos leve próximo à Paz nos corações, ao Amor no firmamento e Luz nas consciências. Tem sido de tal jeito durante infinitas eras que agora contorce de mágoa ruínas e memórias, livros e cartas, histórias e sacrifício de todas as gerações, sobremodo quando, aos olhos padecidos, seguem os mesmos profissionais de enganos e perdições a revolver os escombros das civilizações, ao que demonstram meros artesões das inutilidades do quanto até aqui promoveram nos desmandos repetidos. E nós, cada um nesse palco das existências a que nos sujeitamos e mais representa a aceitação do descompasso quais ícaros em cego voo rumo ao Sol, à mira dos profissionais da sorte em suas tantas guerras de coisa nenhuma. Vacilamos à fresta das novas manhãs fantasiados de vitoriosos, no entanto palhaços de fábulas antigas que viajam nas estrelas em forma de pó. Conquanto exigentes uns com os outros, chafurdam os pântanos da ilusão, lá longe do que haverá de acontecer ao instante da perfeita revelação dessa linguagem pura e verdadeira de conversar com a essência de si, nos pagos da Verdade que transportamos na alma e carecemos de uma maior compreensão.