sábado, 20 de maio de 2023

Sonhos de paz



Quão poucas vezes, à medida das suas necessidades, os humanos vivem períodos de plena paz. Desde sempre, vieram primeiro as urgências de sobreviver diante das intempéries e do meio. Lá adiante, com o exercício da posse das terras e dos bens perecíveis, chegaram os apegos patrimoniais e a ânsia da prepotência sobre os demais. Nisto cresceram as dependências abstratas ao poder temporal. Eis o quadro atual. Ricos versus pobres; nações desenvolvidas versus emergentes e miseráveis. O cenário é um só, o circular das gerações perante o definitivo do que nunca vem, aos limites deste chão. Vaidades mil. Supérfluos versus fome. Leveza contra ansiedade.

Nisso resta clara a ineficácia da imaginação dos acadêmicos. E os frutos vagam soltos pelo ar das multidões enfurecidas nas guerras de conquistas e manutenção dos domínios, largando longe o direito dos simples de querer tranquilidade. Paz vira sonho, só sonho. Só ilusão dos desamparados, de artistas visionários, enquanto eles planejam novas desavenças, pouco importando o custo de vidas e harmonia.

No entanto se sabe o quanto de ilusão isto significa em termos de verdade. Espécies de celerados no comando, bobos enfurecidos, detonam as armas que eles mesmos planejaram e fizeram a troco da destruição. E saber que tudo isso representa única e apenas a falácia das ideias e dos direitos todos sabem, na esquizofrenia das feras famintas de civilização. Destroem a natureza, ferem, dominam a inutilidade, nos empreendimentos falsos.

Salvar a si, eis a que estamos aqui. Este o sonho de paz na imensidão. Reverter a origem do sonho e preservar o amor nos corações. Toda a arte, todos os folguedos têm este itinerário certo, na reluzente universidade do tempo. Fugir não tem aonde. Meros bichos de aventuras errantes, coçam suas feridas debaixo das sombras e ignoram o futuro, longe da esperança.

Riem do quanto até agora produziram, e olham os céus, em clamor de misericórdia. Mas isto também conta, nos tribunais da felicidade. Nada estará perdido, jamais. Há os sonhos de paz livres, soltos pelo ar.

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