Há grandes lapsos de memória / Grandes paralelas perdidas... Fernando Pessoa
Nesse vago sem sentido, espécie de trastes de outras festas, ali vão eles pelas jornadas incessantes do fazer e destruir. Vultos cinza, em noites escuras, cavam o fosso de construir o destino. Isso de tantas lendas, tantas vidas, cobre de longos tapetes coloridos as jornadas soturnas. Sucumbir diante dos abismos, tais perenes senhores do vazio, tocam adiante o passo que os conduzirá ao desconhecido. Mártires de si mesmos, oram silentes aos deuses das consciências adormecidas. Eles, os seres humanos que poucos sabem que o são, todavia alternativa não têm senão imitar seus irmãos doutros mares, doutras florestas, e usufruir das bênçãos dessa história.
Bom, contam que viemos desde o mineral ao divino. Que já
fomos vegetais, animais sem a razão e, hoje, com razão. Consciências em
elaboração, formamos esse caudal de gente rumo ao ser perfeito. Pedro, tu és pedra, e sobre ela construirei
minha igreja. Jesus Cristo O que mais estimo nisto é o potencial de
eternidade que transportamos no colo e aos poucos iremos decodificar ao sabor
dos tempos. De tudo, que ver? A matéria prima do que fomos feitos e que hoje
detemos nas próprias mãos. Espécie de ponta de lança do Infinito, tangemos o
barco do sentido da existência por meio de nossas escolhas, artesões da
perfeição absoluta.
Vimos, pois, o gigante acordar nos passos dos acontecimentos.
Nações, povos, construções, sabores, segmentos e resultados de mudanças que
arrastam todos ao teto das Ciências. E por vezes padecemos ainda de um passado
nebuloso que deixamos nas horas percorridas. Vivemos, enfim, a rota da certeza
em nossos corações. Limpamos da História as ilusões e revelamos o deus da
Verdade em tudo que realizamos. Nós, o ápice da Natureza, o vínculo definitivo
com os Céus. Em sonhos vivos, a Paz.
(Ilustração: René Magritte (reprodução).
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