sexta-feira, 5 de maio de 2023

O Nossa Opinião



Participávamos do Grêmio Farias Brito, do Colégio Diocesano do Crato, ali pelos idos de 1965, quando resolvemos tirar um jornal mimeografado. Éramos José Esmeraldo Gonçalves, Pedro Antônio Lima Santos, José Huberto Tavares, Clenilson Macêdo e eu. O nome do pretensioso órgão da imprensa nanica florescente naquele momento, Nossa Opinião.

Escolhíamos a casa de um dos nossos e, depois da 21h, quando terminava o expediente da Praça Siqueira Campos, eu pegava uma máquina Olivetti Studio 44, de meu pai, e seguíamos à festa de redigir e montar as matrizes de mimeógrafo a tinta a serem rodadas no equipamento do colégio, pelas graças do Mons. Montenegro, o seu Diretor.

Tiramos apenas dois números, os quais se perderam ou talvez ainda existam nalguma estante deste mundo. Lembro o nosso empenho de acertar nas ideias, isso em uma época politicamente difícil no País. Em nós havia o sonho de escrever, desenvolver nossas tendências e habilidades rumo a, quem sabe?, uma futura profissão. José depois viria a ser jornalista destacado, tendo atuação em órgãos importantes da impressa brasileira, junto ao grupo Bloch, com ênfase nas revistas Manchete e Fatos e Fotos; inclusive lembrou sua participação quando nesse nosso pequeno jornal estudantil, ao narrar parte de sua vida no livro Aconteceu na Manchete (As histórias que ninguém contou), editado em 2008, de que foi um dos organizadores. Pedro Antônio, que cuidava do aspecto gráfico das capas do jornal, viria a ser arquiteto e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, além de produzir belos trabalhos de xilogravura, parte destes publicada em livro (Encantos do Brasil (xilogravura e cultura popular) lançado há pouco tempo no Instituto Cultural do Cariri. Huberto Tavares, além de professor do nível médio já aposentado, é exímio poeta, com o livro Eu preciso escrever versos, também recentemente dado a público. É membro efetivo do Instituto Cultural do Cariri, e seu ex-Presidente com bons serviços prestados àquela instituição. De Clenilson Macedo, devo considerar sua participação na vida artística de Crato organizando o Jogral Pasárgada, grupo de belas apresentações poéticas e memória persistente em nossa Região. Dele não tenho notícias posteriores.

Destarte, deixo aqui registradas essas lembranças de uma fase histórica da nossa juventude sempre altiva no trato das artes e da cultura, a fim de preservar momentos valiosos da história cratense de épocas recentes.

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