O imediatismo da visão na pressa em definir os próximos passos por vezes impõe condições arrevesadas aos seres humanos. Botar os pés pelas mãos significa bem o que quero dizer. Nisso, a gente cria em si outro ente provisório que sujeita estabelecer uma guerra civil dentro da própria pessoa, ocasionando contradições e equívocos, o retrato da atual Civilização. Aquilo, pois, que poderia representar um fardo comum de aperfeiçoamento gera, então, desassossego e sofrimento. Invés de somar divide as criaturas pensantes. Existem até nomes que indicam esses dois personagens em crise, o ego e o Eu, quando, na verdade, seremos sempre tão só um único fator de sobrevivência, um protagonista do que aqui e agora perfazemos na nossa história.
Em realidade, essas são duas funções de um só indivíduo,
isto é, de um ser indivisível. A Psicologia e as Religiões, desde muito, vêm
estudando tais dicotomias com as quais significamos viver e tocar adiante a
experiência de existir. Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço do século passado,
através de sua Psicologia Analítica enseja que o sentido da existência humana
será o equilíbrio desses dois aspectos da personalidade em crescimento. Daí
estabeleceu meios práticos de conciliar tais particularidades por meio do que denomina
Processo da Individuação, após o que haver-se-á de reconhecer, afinal, que a
mente e o coração, o intelecto e o sentimento, constituem os instrumentos que,
no transcorrer da experiência viva, possibilitarão o encontro consigo no que classifica
de Self, ou Eu Superior, o estágio definitivo da consciência em formação.
A Filosofia, ao seu modo, analisa o citado processo ao
admitir que exercitamos o crescimento interior à medida em que desvendamos os
mistérios da individualidade. Condenado
porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre, porque uma vez lançado
ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer. Jean-Paul Sartre E Soren Kierkegaard: Ousar é
perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se. Isso dentre tantos e tantos outros autores que
buscam incessantemente a resposta que propicie o senso do grande momento das
existências por intermédio da experiência humana neste Chão.
(Ilustração: Carl Jung (reprodução).
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