Ali quando as falas só reais não conseguem mais dizer do que pretendem, assim surgem lendas, mitos, as histórias cobertas pelo manto da fantasia imaginativa. Certa feita, numa entrevista a uma emissora do seu país, Joseph Cambell, autor americano por demais votado aos estudos mitológicos, o repórter considerou que mitologia seria metáfora, e metáfora foge dos padrões da verdade. Ao que Cambell contestou severamente, afirmando que existe uma linguagem além da linguagem externa, única considera real. Essa advém do íntimo das pessoas, do seu Inconsciente, a figurar de um modo novo aquilo que não pudesse ser expresso na letra fria e comum das narrativas humanas.
É o que Goethe disse
no Fausto, mas que Lucas expressou em linguagem moderna – a mensagem de que a
tecnologia não vai nos salvar. Nossos computadores, nossas ferramentas, nossas
máquinas não são suficientes. Temos que confiar em nossa intuição, em nosso verdadeiro
ser. Joseph Cambell
Deixa claro entrever o poder que têm as histórias da grande
literatura, a revelar aspectos outros da consciência até então restritos à impossibilidade
da fala rude. Resgata a perspectiva de novas compreensões do que seja o mistério vivo das existências, sendo observado
nesse processo de comunicação transcrito nas tantas religiões, seus registros e
rituais, epopeias e acontecimentos que as circundam, por exemplo de mito
clássico.
A própria narrativa jornalĺstica da história deixa larga
margem à interpretação subjetiva dos eventos, desde suas escolhas, prioridades,
intenções, sempre visando um sentido apenas individual. Uma gama devastadora de
detalhes permanece intocada, ou nunca vista, conquanto o objetivo do que se
levaria em conta na importância dessas abordagens. A literatura, a sua vez,
mergulha noutras aspectos do inconsciente coletivo, a permitir viagens
inolvidáveis a mundos outros que não a pura rotina e o caos em movimento.
Daí, nessa linguagem cifrada dos voos da imaginação trazidos
pelas lendas e mitos, sobrevém um entrelaçamento com outros valores e sonhos, qual
diz a sabedoria da Roma antiga: Os fados
guiam àquele que assim o deseje; aquele que não o deseja, eles arrastam.
(Ilustração: Deuses gregos (https://aventurasnahistoria.uol.com.br).
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