Não tem enganes: / tudo que agora vês / desaparecerá como um sonho. Rumi
Nuvens de borboletas flutuam nos céus das horas e somem, deixando atrás de si o inexistente, rastros de tudo face ao nada que envolve de silêncio o tempo fugidio. Andantes, nessa trilha de sonhos, ficam apenas réstias de lembranças guardadas dessa inexistência contundente, eco de seres e objetos, palavras e números desfeitos nas cores de ausências inevitáveis.
No entanto, persiste o ser que somos, testemunhas e
espectadores do destino. Luzes de criaturas absortas que se vão no mistério, e
também, lá um dia, somem no anonimato das circunstâncias.
Contudo, carregamos dentro da alma o dispositivo da solidão
que revelará o senso disso que domina o sentido das histórias de viver, na
medida em que descobrirmos a Consciência. Transportamos na essência o justo
motivo dalguma perfeita Inteligência haver desenvolvido a razão dessa nossa condição.
Bem no âmago, no íntimo do coração, pulsa a soberana virtude que permeia de
eternidades o momento presente.
E nesta jornada aqui persistimos, à busca da realização do
Ser, enquanto a Natureza mostra que, dentro de nós, descobriremos o tanto que
nos cabe até encontrar a felicidade definitiva. Dentro, bem dentro de todos,
blindado pela graça da Perfeição, ali habita o que justificamos cá fora os
elementos que desaparecem na medida dos acontecimentos.
Este ser essencial viverá em nós aguardando o nosso
desenvolvimento espiritual, qual herança inabalável, sinete das nossas origens
imortais, que transportamos ao decorrer das vidas. Nisto, antes da plena
revelação, seguimos a pista dos fantoches da ilusão, enganos das próprias
pessoas, nesse faz de conta da matéria onde mourejamos durante alguns momentos que
fogem às mãos sem deixar vestígios.
O fervor desta hora significa, pois, degraus de
transformação das certezas em compreensão, o que compete a cada isto fazer real.
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