sábado, 25 de dezembro de 2021

Quantas perguntas e o mundo


Se a ciência quer ser verdadeira, / Que ciência mais verdadeira que a das cousas sem ciência? 
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

Tempos de rigidez ao sol do meio dia, eis o tanto que nos caberia tocar adiante e viver cada vez mais com gana a intensidade dos valores eternos, ao sabor das profecias e dos deuses. Época esquisita quais esquisitas foram todas as épocas e todas as vezes em que a história das imprevisões foi narrada em volta das fogueiras, nas horas das mil desatenções dos homens e das máquinas, e de todas suas tradições arrevesadas.

Na verdade, a existência de tudo nada representaria além da formação das nuvens pelos céus da consciência humana em um mero jogo de claro escuro entre partes alucinadas, em noites de ambição. Bandos de hienas soltas nas matas do desespero de que nada há de conhecer além do fim que lhes aguarda nessa comédia bufa e seus desejos e ambições.

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Sempre que as palavras querem, assim, tomar e despejar o fel dos instintos e desesperos, acalmo, pois, os pensamentos e peço que compreendam a fome de viver de todos, também dos insetos, das lesmas e dos gigantes. A vontade que o sentimento impõe, nesse querer insano da falta de amor, de sonhos bons, trazer a intenção de saber o quanto é necessário acreditar na melhor sorte dos dias que vêm ao sabor das manhãs ensolaradas, donde nascem os mistérios de sorrir e ouvir do silêncio as confidências de que tudo anda no melhor dos mundos, e somos seus passageiros em movimento pelas fantasias que criam pássaros e flores sempre.

Das certezas que persistem, face ao que até hoje aconteceu em todos os lugares e nas florestas do passado, nada representa em vista da verdade real, a não ser que sustentemos a condição de parceiros dessa agonia em invenção que chamam vida. Ampliar o senso nos nossos passos e abraçar de vez o Infinito. Veja então o que resta fazer, e durma em paz no seio doce da divina Criação.

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