quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Aceitar o silêncio


Essa a necessidade imensa que parece trazer à tona o que silenciosamente acontece lá dentro de si, e bem reflete a chama viva dos pensamentos e sentimentos. São eras e eras de esforço em transformar o silêncio do Tempo na matéria prima de estudos pessoais. Buscamos aflitas formas de responder ao desafio dessa continuidade, no entanto presos quase só aos conceitos repetitivos de outros e de outros tempos. Tais instrumentos de neutralizar o desespero dessa vertigem do desaparecimento constante, que morde sem descanso a alma das criaturas, insistimos vencer o silêncio da história que passa e ficamos atônitos de largar no passado ruínas e monumentos do que somos e antes fomos. Ah, quantas luas mais hão de vir até que despertemos da ânsia de encontrar o sentido de tudo isto que aqui ora experimentamos.

Enquanto que, ininterruptos, desfilam ao nosso lado os passos harmoniosos do quanto testemunhamos sem desvendar o tal mistério e estar e desfrutar de todos os meios da revelação que nos espera de olhos abertos na claridade do Sol de todo dia. E saber que a resposta mora no íntimo de todos sem nenhuma exceção, seres determinados ao Eterno que já o somos e ainda carecemos desvendar.

Horas, vidas, nuvens e pensamentos, e sentimentos, ruídos mil a inundar as clareiras do Silêncio, durante sua presença nas consciências em movimento. Quais câmaras de eco desse infinito ainda adormecido, tateamos o escuro das multidões às vistas de achar felicidade no varejo das horas mortas.

Ouvir, contudo, que a voz de todas as certezas grita forte no nosso coração, a pedir realização de um Eu maior que aguarda de braços abertos o final do corredor dessa longa aventura errante. Calar um tanto a pressa de desejar o domínio e viver intensamente com Amor no coração, quantos aguardam esse momento definitivo das respostas que habitam perenes na paz do Silêncio presente a todo instante no penhor das gerações.

Um comentário: