terça-feira, 30 de setembro de 2025

Do lado de lá de si


De tudo, esse encontro lá um dia. Importam as lembranças, os gestos deixados sob o peso das ilusões. Foram dias longos, de vazio, na ânsia de querer desvendar o prumo e suas finalidades. Elas, as perguntas nunca desapareceram por inteiro. Qual quem busca incessante. Algo ali não estava. Pessoas, lugares distantes, situações prazerosas e vivências douradas. Aquilo que o destino seguiu de perto. E saber que jamais estaria nas outras pessoas e saberia o que mesmo nelas houvesse. Enquanto aqui, do lado, esteve sempre o sentido dessa visão procurada no eito dos dias. Fugir de si tal que destinação. Certa feita, num abrir e fechar de olhos, adveio o que tanto procurava.

Pouso certo, tal expresso a chegar numa estação distante, de menos houve que descer a bagagem acumulada e viver outra vez noutro universo. Do abismo, eis que avistou os céus doutro hemisfério e nascia novo sol e nova consciência. No entanto, isso tem um preço. As histórias de quantos falaram disso, dos frutos de aceitar o impossível e continuar neste mundo. Os heróis de si mesmo que padecem disso, dos motivos de contar outras lendas, outros aspectos de igual dimensão, porém de necessária mudança.

Em tais momentos, torna-se urgente uma maior atenção em tudo por tudo, das palavras aos pensamentos, sentimentos. Espécie de azougue inverso, não atraem, repelem. São repelidos, pois. Estância transcendental do quanto existe e vaga pelo chão, espectros vivos que hão de compreender o preço a pagar de pensar diferente. Nesse tempo, percorrem as praias do destino de olhos esquisitos e passos iguais a todos, entretanto deles num outro jeito de existir.

Conto de quem suportou sobreviver aos nortes das vidas e descobrir o sentido doutras percepções até então ignoradas. Assusta ser assim, contudo parceiros de jornadas semelhantes espalhadas no Infinito. A arte possibilita, de tal modo, estes mundos diferentes que sejam. Pouco ou nada importa ter de tocar adiante o senso da outra margem bem aqui junto da gente.

(Ilustração: Castelo de Brennand, Recife PE).

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