segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Cativos da imaginação


São infinitas essas tradições a que tantos se submetem nas entranhas de si mesmo. Epopeias por demais desencontradas. Viagens sem conta aos painéis da inexistência. Sobem, descem os penhascos do imaginário e, logo em seguida, buscam refazer os credos dali impostos, descobertas só parciais. Nem sendo assim, terreno pegajoso das ficções, deixam por menos o empenho de continuar. Aceitam, crescem nos próprios cascos e avançam furiosos nos apegos alimentados desse eu turbulento, pretencioso.

Isto que seja o instinto de ficar aqui com tanto empenho. Fome de prosseguir através daquilo que cria, imagina, prepondera mente a dentro. Lances de curta duração, no entanto alimentam o furor da consistência de viver. Padecem a fome dos desejos e nela sobrevivem alguns dias. Constroem castelos de cartas e se escondem nos porões da continuidade de tudo.

Saber-se, pois, doutros universos, contudo presos aos laços de perdições exacerbadas. Vítimas, por isso, da fúria de sustentar as teses do inevitável, dormem sobre os colchões da fama, do poder provisório. Usufruem, urram às portas doutros paraísos que mesmo sejam cobertos de andrajos.

Distantes, de si, seguem aos ecos do destino. Horas, significam visagens, seres aquáticos, animais desaparecidos na neve do impossível. Bem isto, caricaturas doutros heróis desde então inexistentes na alma das gentes. Filas imensas deles acionam esses artefatos perversos à cata das ilusões que lhes viviam. Destruir, que virou ganância de quantas gerações espalhadas desde o passado mais remoto.

Espécie de autocrítica de uma raça esquisita, simboliza os anseios dalgum tempo novo que venha de vir nalgum momento. Por mais queiramos mistificar esses aspectos sombrios do que persiste desde longe, os resultados consistem nessa herança que aí estar. Cicatrizes profundas de aventuras desencontradas. Rastros lamacentos de muitas histórias perdidas. Vontade sem conta de novas harmonias ao coro dos contentes.

Daí, essa interpretação de quantas expectativas e poucos frutos ao sabor da consciência. Isso a subsistir aos percalços e acreditar em dias melhores que sempre hão de vir.

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