São infinitas essas tradições a que tantos se submetem nas entranhas de si mesmo. Epopeias por demais desencontradas. Viagens sem conta aos painéis da inexistência. Sobem, descem os penhascos do imaginário e, logo em seguida, buscam refazer os credos dali impostos, descobertas só parciais. Nem sendo assim, terreno pegajoso das ficções, deixam por menos o empenho de continuar. Aceitam, crescem nos próprios cascos e avançam furiosos nos apegos alimentados desse eu turbulento, pretencioso.
Isto que seja o instinto de ficar aqui com tanto empenho.
Fome de prosseguir através daquilo que cria, imagina, prepondera mente a dentro.
Lances de curta duração, no entanto alimentam o furor da consistência de viver.
Padecem a fome dos desejos e nela sobrevivem alguns dias. Constroem castelos de
cartas e se escondem nos porões da continuidade de tudo.
Saber-se, pois, doutros universos, contudo presos aos laços
de perdições exacerbadas. Vítimas, por isso, da fúria de sustentar as teses do
inevitável, dormem sobre os colchões da fama, do poder provisório. Usufruem, urram
às portas doutros paraísos que mesmo sejam cobertos de andrajos.
Distantes, de si, seguem aos ecos do destino. Horas,
significam visagens, seres aquáticos, animais desaparecidos na neve do
impossível. Bem isto, caricaturas doutros heróis desde então inexistentes na
alma das gentes. Filas imensas deles acionam esses artefatos perversos à cata
das ilusões que lhes viviam. Destruir, que virou ganância de quantas gerações
espalhadas desde o passado mais remoto.
Espécie de autocrítica de uma raça esquisita, simboliza os
anseios dalgum tempo novo que venha de vir nalgum momento. Por mais queiramos
mistificar esses aspectos sombrios do que persiste desde longe, os resultados consistem
nessa herança que aí estar. Cicatrizes profundas de aventuras desencontradas. Rastros
lamacentos de muitas histórias perdidas. Vontade sem conta de novas harmonias
ao coro dos contentes.
Daí, essa interpretação de quantas expectativas e poucos
frutos ao sabor da consciência. Isso a subsistir aos percalços e acreditar em
dias melhores que sempre hão de vir.
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