Instantâneos, eram assim chamadas as fotografias de uma época recente. Em preto e branco, revelávamos em negativos e copiávamos no papel. Hoje, face aos celulares, são quase que pedaços de tempo somados na mesma velocidade com que passam os momentos à nossa frente. Uma febre, digamos, aquilo em que virou a fotografia, ao ponto de encher as memórias dos equipamentos e nunca mais serem vistas, quem sabe?, perdidas nos relances eletrônicos de registros esquecidos. Isso no que tange à memória visual. Quanto às publicações, textos, filmes, tornam-se festivais de bibliotecas enormes aparelhadas em edifícios grandiosos, museus, talvez. Mais uma relíquia do que acervo de conteúdo.
Valem, porém, a título de defesa do desparecimento, o que impõe a voragem do Tempo. Há gente que se agarra ao filamento das horas, numa sede extrema de permanecer a todo custo. Buscar reunir forças e vencer as ilusões do que desaparece, eis profissão por demais que acompanha os heróis na multidão. Registrar a título de fixar pontos de apoio no rosto do desconhecido. Persistir, desvendar esse mistério atroz que sempre vence todos campeonatos da sorte. Ele, altivo, imaginário, consistente, que poreja o senso das criaturas e aguarda lá adiante o desejo de existir de todos.
Mesmo que tal, vemo-nos destinatários de um tanto dessa consciência que habita o íntimo e sustenta as individualidades. Só querer, no entanto, ainda pouco ou nada significa. Convém descobrir a que estamos onde estejamos. Palmilhar todas as direções de ser e sorrir à certeza de continuar, ad eterno, a Missão descomunal de interpretar o enigma das histórias individuais, quanta solidão em volta e a vertigem dos elementos que nos deixam de lado a todo instante. Isto, bem isto, a jornada bizarra de vencer o Tempo e conhecer a Felicidade.
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