domingo, 2 de junho de 2024

A floresta dos sonhos


Bem aqui ao nosso lado, a um passo da realidade, quando existirá outro universo, talvez o mesmo em que vivêssemos dias e noites. Assim qual seja a um passo do dia à noite. E entramos, cautelosos, resistentes, no entanto, pelo país dos sonhos. Algo típico, tal sair da terra ao mar. Aos primeiros sinais, ocorrem-nos. Trazem de lá histórias, situações, imprevisões. Descem tal a empanada de outra dimensão, isto, porém, de tão perto, e neles habitamos num definitivamente além das imagens desta realidade desfeita entre laços e armações, conteúdos e visagens.

Mundos que dizem esquisitos, dotados de todos os mistérios da Criação, deixam entrever enredos completos, prenhes de artifícios. Isto, entretanto fruto de vontade própria, artes em movimento dalguma origem. Chegam ao sabor de razões desconhecidas que superam a firme razão do presente, e trazem de longe, no bojo, notas raras de jogos, avisos, segredos guardados, viagens, revelações musicais, profecias, mudanças; os sonhos e a vastidão de todas as galáxias, matrizes da ignara imprevisão e dos sóis adormecidos na alma da gente.

Algo semelhante aos albores do nascer do dia, nos levam a imaginar o inimaginável de dentro das criaturas, pródigos textos das peças de um teatro fabuloso. A tradição conta deles, nos momentos raros das transformações humanas, de quando mais precisaram, e vieram os fios que conduziram sentidos, salvaçóes e mudanças raras.

O que conta deveras é sabê-los dotados de qualidades jamais vistas até então, barcos que avisam do inesperado, às vezes ainda em tempo de preservar os desejos e salvar das feras. Não carregam consigo a dureza irreversível da fria condição que impõe o que seria real. Permitem jogos outros que ultrapassam a dureza da matéria e mostram a consciência livre do que deles seríamos os autores involuntários. Tudo na superfície do impossível de ser, não fosse a pura condição de estarmos no íntimo deles sem direito sequer de sermos mesmos senhores, a denotar camadas profundas de mundos a se dizer inalcançáveis, a nos abrir as portas de novas visões.

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