As condições da existência humana impõem alternativas diversas, forçando posições por vezes fora de nexo. Quer-se agir na procura dos meios justos de viver, porém leis, que superam o entendimento atual das pessoas, exigem qualquer grandeza de alma. Vêm daí preços elevados a que muitos se negam pagar. Com isso, respostas nos períodos de restrições pecam pela falta de sensatez ou de domínio individual sobre os acontecimentos.
Quais seriam tais respostas limitadas? Elas são,
sobretudo, aquelas motivadas por caprichos ou acomodação a situações, fruto
amargo do menor esforço, ou do esforço incorreto.
Diz a voz comum que viver não é fácil. Outros, contudo,
asseveram que “a vida é dura para quem é mole”. Fugir, no entanto, que é a
resposta de muitos às dificuldades, se torna saída menos onerosa, dado o volume
dos resultados impróprios que ainda prevalecem neste mundo torto.
Essas atitudes deficientes seriam aquilo que representa
fugas da realidade. O indivíduo defronta aspectos trabalhosos e se rebaixa nas
reações, invés de buscar saídas ideais. Rende-se à contradição de valores, numa
ação vulgar, desperdiçando chances de aprimorar as conseqüências dos atos
pessoais.
Num exemplo que fica bem nessa argumentação, o cidadão
enfrentaria época de vacas magras no orçamento doméstico e observa de perto o
sofrimento, seu e da família. Haveria respostas dignas, produto de trabalho,
união de pais e filhos, no objetivo de descobrir meios de retrabalhar os
elementos disponíveis do caminho. Todavia, nessas ocasiões críticas, afloram
riscos de várias ordens, naquilo considerado como palpites equivocados. Filhos
se rebelam e saem de casa para aventuras errantes. Surgem vícios, casamentos
apressados, gestos ilícitos de apropriação do alheio, etc. O casal se arrisca
nas discussões sem base e relaxa a manutenção do lar. Fraquezas mortais parecem
tomar conta de quase tudo. A ordem corre perigo, na organização dos
instrumentos da luta. Isso confirma dizer que “em casa que falta pão todos brigam
e ninguém tem razão”.
Assim, são as fugas da realidade, o que, noutras
manifestações, quando advêm fases escuras, não raro abalam até as defesas
físicas dos protagonistas envolvidos, e males orgânicos mostram a feia cara.
Viroses, depressões, ciúmes, espreitam as portas, bichos inconvenientes e
assustadores.
Lamentar, chorar, arrancar os cabelos, escandalizar, por
si só demonstram o pouco espaço dentro das almas em choque, no exercício da
firmeza necessária às respostas. Desaparecem, então, como num passe de mágica,
os méritos que trouxeram até aqui pendores humanos naturais de batalhar e
progredir com honra, coragem, saúde.
Perante a limitação de semelhantes quadros, soluções
invisíveis, espirituais, quase nunca representam seu papel precioso. Porque o
mínimo de bom senso exige sempre concentração de forças, dose de otimismo e
paciência, dentre outras qualidades imprescindíveis a esses momentos. De
certeza, nalgum lugar da gente, também na véspera das fugas inúteis, existe a
luz do fim dos túneis, remédio infalível contra todos os males do desespero.
Só afirmar, pois, que viver não é fácil jamais justificará
o descaso de muitos para responder com acerto às fases penosas da existência.
Obstruções representam, sim, desafios à criatividade, fundamento maior para o
sucesso, no transcorrer das tantas gerações que viajam no tempo.
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