domingo, 30 de junho de 2024

As versões e a realidade

 

Todas as coisas estão na mente. A liberdade e a escravidão estão na mente. Podeis tingir a mente da cor que quiserdes. Ela é como um pano branco e limpo. Ramakrishna

 Depois de algum tempo vem a descoberta de ser assim, relativo e absoluto que se confunde com extrema facilidade. Daí, tanto fazer estar dormindo, acordado; sonhando, esquecendo; vendo, pensando; lendo, ouvindo, assistindo; correr pelo mundo a fora e desfaz contas e valores... Simples de existir, afinal. Uma circulação permanente de ideias, palavras, conceitos, num jogo informe dos seres em constante movimento, espalhados na face de tudo que preenche o vazio, ou ainda possa inexistir até na imaginação dos viventes. As ânsias de concretizar isto bem que significa os traços vadios de pintores e escultores a descrever a essência do que ante lhes ocupava a mente, folhas em branco da consciência.

E nisso deixa de valer a pena distinguir o que seja dagora e da eternidade individual. A origem nasce de igual necessidade, na existência propriamente dita. Os místicos louvam deuses que personificam tais diversos fenômenos da natureza em volta. Todos de origem única, universal, sob o crivo de iguais determinações. Apenas partes representativas dos diversos estados de sentimento, a depender tão só da urgência de todos em suas próprias funções atualizadas. Enquanto isto, o ser ciente exercita sua real necessidade daquela ocasião, em vista do estado em que se encontre no processo evolutivo de tudo interligado. Tal qual as palavras, que demonstram conteúdos significantes a cada finalidade, suprindo o quanto exige o que dizer naquele momento.

Sobrevir a tudo e encontrar a semente original vem ter este derivativo de satisfazer às existências na medida de suas carências individuais, gesto puro dos valores inevitáveis. Ser e existir; existir e ser; portanto, eis a missão.

(Ilustração: The Illusion of Reality Maya in Hindu Philosophy, reprodução).

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