Ainda que a largas penas sejamos isto, aprendizes de algo do definitivo absoluto, mesmo assim arriscamos criar insistentes conclusões e teorias e espalhá-las ao vento. Elas, que preenchem de solidão este lugar de exílio onde habitamos. Parcas vezes aceitamos com plenitude no sentido que buscamos. Ligamo-nos demasiado aos prazeres fugidios, apegos, às aventuras fantasiosas, aos espetáculos que varejam o picadeiro das horas. Dormimos e acordamos sob o manto das variadas estrelas a corrermos atrás, conquanto as mistificações e os supérfluos, quais ideias insistentes daquilo que pudesse vir a ser, e gastamos multidões inteiras deixadas às margens do rio que passa distante.
Nisso, algo se superpõe ao nexo das causas e dos efeitos, e esquecemos da velocidade com que o Tempo administra os princípios em volta. Tais soberanos de uma suposta liberdade, viajamos ao sabor das atitudes e, logo ali adiante, nos submetemos ao desaparecimento sistemático. Simples quais frutos em amadurecimento, fazemo-nos intitulados e vaquejamos admiradores.
Bem isto, buscadores de significados, dotamos a existência de balangandãs e fitas ao sabor do impossível. Meros rastreadores de meizinhas, lustramos as estradas com nossos passos e deixamos rastros de saudade que somem nas próximas curvas. Porém pesam as penas do que se deixou de fazer ou do que fora feito ao frescor dos instintos animais que cortam a carne dos seres.
Outros de nós, no entanto, sustentam as raízes de novos sonhos, mergulham a perder o fôlego nas águas do futuro e somem das vistas, largando soltos pensamentos e lendas, histórias e filosofias, que alimentam o desejo da certeza impaciente. Somos cada um dotados dessa fome das cores e quedamo-nos sobre as raízes secas do passado. Enquanto isto, sabe-se à frente o Ser soberano que enxerga além do enigmático e aguarda o instante solene do quanto ora acontece antes e depois dos invernos e das gerações. Quer-se, pois, chegar a ver o Senhor da Razão e abraçá-lo de uma vez por todas, certa manhã de qualquer dia destes.
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