De vez em quando me vêm essas considerações, de ficar escafruchando os mistérios dos mistérios à busca de sonhar dentro do sonho, qual se possível. Isso de vagar pela imensidade e saber que algo persiste além de tudo às nossas vistas. A força viva da imaginação, de esquecer o passado e vasculhar o futuro. O senso de si na vaga de um mar que transcende o fugir das visões e desvendar no Infinito o bem aqui perto, no mesmo instante de mergulhar nas ausências e guardá-las no coração da gente.
Dessa procura informe é que nascem conceitos, ideias mil,
religiões, filosofias, lendas e crenças. Uns que contam daquilo que percorre a
si e decodifica à sua própria concepção, partejando certezas coletivas de
tantos na cata de si entre letras e palavras; nas relíquias, nos achados arqueológicos,
nas florestas petrificadas.
Todos sabem disso um pouco e o trazem consigo debaixo das
vestes cerimoniais. Dizer e querer que ouçam, independente do que seja. Só no falar
que outros compreendam e alimentem os próximos e os dias. Bem no mundo das avaliações
internas. A força do pensamento, das energias que circulam tudo quanto há. Raras
percepções individuais fazem isto; suprem as carências de um poder que lhes sustentam
as ilusões adormecidas.
Conquanto disto conhecedores, ainda insistem nas aparências
imediatas e sobrevivem a todo custo no imaginário popular. Senhores do abstrato
das existências, acreditam na carne e nos seus devoradores. Quer-se pernoitar nessa
urgência de viver, eis função dos que compõem o quadro das dúvidas que sustém
as gerações. São tantos gestos de mergulhar nesse universo da Consciência que
muitos necessitam voltar tantas vezes ao palco e refazer cenas esquecidas que
ficaram aos pedaços. Agarrados aos estilos antes aceitos naqueles antigos personagens,
no entanto. Bom, vir e revelar a essência que trazem no íntimo, porém que ouçam
o vento no fervor da Eternidade, a cada passo.
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