sábado, 18 de maio de 2024

O sabor do inexistente


De vez em quando me vêm essas considerações, de ficar escafruchando os mistérios dos mistérios à busca de sonhar dentro do sonho, qual se possível. Isso de vagar pela imensidade e saber que algo persiste além de tudo às nossas vistas. A força viva da imaginação, de esquecer o passado e vasculhar o futuro. O senso de si na vaga de um mar que transcende o fugir das visões e desvendar no Infinito o bem aqui perto, no mesmo instante de mergulhar nas ausências e guardá-las no coração da gente.

Dessa procura informe é que nascem conceitos, ideias mil, religiões, filosofias, lendas e crenças. Uns que contam daquilo que percorre a si e decodifica à sua própria concepção, partejando certezas coletivas de tantos na cata de si entre letras e palavras; nas relíquias, nos achados arqueológicos, nas florestas petrificadas.

Todos sabem disso um pouco e o trazem consigo debaixo das vestes cerimoniais. Dizer e querer que ouçam, independente do que seja. Só no falar que outros compreendam e alimentem os próximos e os dias. Bem no mundo das avaliações internas. A força do pensamento, das energias que circulam tudo quanto há. Raras percepções individuais fazem isto; suprem as carências de um poder que lhes sustentam as ilusões adormecidas.

Conquanto disto conhecedores, ainda insistem nas aparências imediatas e sobrevivem a todo custo no imaginário popular. Senhores do abstrato das existências, acreditam na carne e nos seus devoradores. Quer-se pernoitar nessa urgência de viver, eis função dos que compõem o quadro das dúvidas que sustém as gerações. São tantos gestos de mergulhar nesse universo da Consciência que muitos necessitam voltar tantas vezes ao palco e refazer cenas esquecidas que ficaram aos pedaços. Agarrados aos estilos antes aceitos naqueles antigos personagens, no entanto. Bom, vir e revelar a essência que trazem no íntimo, porém que ouçam o vento no fervor da Eternidade, a cada passo.

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