Havia sempre o que agitar nas noites de Salvador, no tempo em que lá vivi e posso contar, anos da década de 70. Eram ocasiões plenas dos chamamentos de uma cidade maior e cheia das diversões e alternativas mais diversas. Visitei pessoas, lugares; assisti a espetáculos teatrais, musicais, folclóricos; percorri festas de largo, exposições artísticas, palestras, festivais de música, cursos, museus, filmes, gama de permanentes novidades inesgotáveis. Em movimentos contínuos, sobremodo aos finais de semana, jamais reclamaria de rotina ou monotonia, caso avaliasse o período, considerando, no entanto, a saudade que mexia comigo, por dentro, na ausência que sentia de minha família, dos amigos caririenses e das belezas que aqui deixara, o que marcava as lembranças, quisesse ou não. Agora isso acontece no sentido contrário, ao rever pela memória aqueles tempos de tantas presenças marcantes e alegres, súbito deixadas para trás no turbilhão das circunstâncias, ao regressar e aqui permanecer.
Enumerar os principais
argumentos das histórias passadas chega como instrumento de analisar algumas
delas. Uma noite, no Teatro Castro Alves, por exemplo, assisti ao Balé da
China, mostra de música e dança que, de tão longe, veio ao Brasil com grupo
formado por mais de 200 figurantes, festa de cores e movimentos que preservo nos
arquivos das maiores emoções. Enormes figuras mitológicas chinesas e evoluções
impressionantes envolveram a platéia entusiasmada, numa apresentação sem termos
comparativos.
Por volta dessa mesma
oportunidade, chegaria também o Balé do Senegal, que utilizou as dependências
do ginásio de esportes Antônio Balbino, trazendo danças típicas africanas, executadas
por centenas de homens e mulheres, em trajes, ritmos autênticos e quadros
sucessivos, superlotando e sacudindo o público feliz, turnê que viajaria o
mundo inteiro naquela ocasião.
Outras dessas gratas
reminiscências ficam por conta de peças e shows
musicais montados no Teatro Vila Velha, sempre palco de apreciados eventos,
onde se encontravam os amigos e conhecidos da época, pessoas que se relacionavam
através dos interesses artísticos e culturais, quando pude admirar grandes
valores da nossa música popular, quais Milton Nascimento, Gal Costa, Gilberto
Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Ivan Lins, Jorge Mautner, Gonzaguinha, dentre
outros.
Visto gostar de cinema,
usufrui ao máximo as chances de ver filmes raros, no Cine Clube da Bahia, no
Instituto Brasil - Alemanha e no circuito comercial, comparecendo a exibições, festivais
e seminários.
Então, nestas pinceladas rápidas,
quis resumir a rica gama do que experimentei de um turno baiano e suas
situações, o que preservo com afeto no íntimo depósito da memória, resultado de
caminhadas vividas, e bem vividas, da existência.
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