São imagens, sons, melodias, cores, sustos, contradições,
lembranças profundas do que gestou a nós mesmos, essas esculturas talhadas no
mármore do Eterno, depois largadas no chão das almas que o compomos.
Daí vêm saudades, anseios de, quem sabe?, sonhar no vazio
que ficou após sumir de tudo no mundo dos objetos. Reconhecer pessoas, entes
silenciosos que preenchem as ruas, de cabelos esbranquiçados, vozes roucas,
olhos vagos, interrogações fartas de tanto caminhar. Restam, às vezes, pedaços
informes nos derradeiros filamentos de jornada que varejam o Destino e logo
adiante apagam no seio dos mistérios.
As manhãs, tardes, noites, falam das lendas de antigamente
no ciciar das matas, nos animais que gritam pelas encostas da Serra, isso que
deixa sintomas das vivências nos céus e nos corações. A reviver, dorme tão só
nas aparências e nos desejos. Perante o teto das consciências ainda passeiam todos
que conosco estiveram a qualquer momento. nessa estrada longa, infinita, tal
seja, o calabouço das visões.
Contanto sejamos, pois, meros autores da nossa história, ali
construímos um quanto de aventuras lavradas fora nesse dizer das indagações que
o seremos desde sempre. Das heranças de que fazemos parte, moram nas criaturas humanas
o princípio universal da perplexidade, e senhores do ser que ora somos, tocamos
levemente os braços desta infinitude e adormecemos outra vez.
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