O nosso corpo demonstra as riquezas inestimáveis do poder da Criação. Nos cinco sentidos, por exemplo, quanta magnitude a todos envolve, sem havermos contribuído em nada para sua concretização! Quantas sofisticações demonstram olfato, tato, visão, gustação, audição, perfeições absolutas em ponto graúdo.
Na inteligência. Na imaginação. No senso do
equilíbrio. Na fala. Nos órgãos internos, coração, pulmões, fígado, intestinos,
baço, rins. No sentimento. Na concentração do pensamento. Em tudo por tudo,
mistérios insondáveis bem demonstram o infinito valor da Ciência Universal.
Porém dessas maravilhas do corpo humano uma se
sobressai pelas atribuições que lhe competem, a memória, dona de lugar
preponderante em nossas vidas.
Isso porque, além de vivenciarmos pelos sentidos as
possibilidades de conhecer o mundo, é a memória quem cuida para que esses
registros permanecem guardados, eternizando as experiências individuais, num
arroubo de enorme sabedoria...
A respeito disso, estudos realizados com pessoas
idosas atestam existir como que dois níveis específicos na memória, quais
sejam: uma memória antiga, de guardar os mínimos detalhes das épocas da
infância, adolescência, juventude. E outra memória, essa mais recente, ou
atual, responsável pelos dados relativos ao tempo presente, inclusive dos que
chegam na velhice.
De comum, no decorrer da vida, haverá perda
progressiva da energia mental, manifestando-se em forma de amnésia quanto aos
acontecimentos próximos, enquanto persistem intactas, nítidas, as lembranças
daquilo verificado nos tempos pretéritos.
A ilustrar esse fenômeno de decadência física, num
sábado desses, ouvia do radialista Antônio Vicelmo, no microfone da Rádio
Educadora, em Crato, história engraçada de três senhoras idosas que comentavam
a propósito da senilidade, lembranças atuais.
- Com o tempo, venho ficando esquecida até das
coisas que no momento estou fazendo – afirmava uma delas. – Às vezes, vou
subindo a escada lá de casa e paro sem saber se ia subindo ou descendo. Coisa
desagradável de experimentar – comentou preocupada.
A segunda também quis trazer um exemplo e disse: -
Comigo acontece parecido. Já me peguei, numa dessas manhãs, sentada na beira da
cama sem saber direito se estava acordando ou se me preparava para dormir –
considerou.
A terceira simpática vovozinha, por sua vez,
orgulhosa da sua vitalidade, estabeleceu: - Eu falar em velhice?! Nisso de
perder memória... Nem imaginar – e foi logo se apressando em bater na madeira,
jeito do povo afugentar coisas aziagas.
Ao ouvir as três batidinhas que ela mesma acabara de
produzir, não se conteve e rápido perguntou: - Quem está aí? – ao tempo em que
se dirigia à porta da casa, na certeza de atender alguém que chamava lá de
fora.
Falassem, pois, de incidentes da mocidade e essas
ilustres senhoras decerto reviveriam falhas outras bem menos involuntárias,
admito neste ponto sobre essas considerações.
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