terça-feira, 20 de dezembro de 2022

O fascínio das palavras


Quem lá um dia criou a primeira palavra reconheceu que ali perto havia uma razão de ser e expressou o sentimento do que vinha gravado no bojo dos eterno significados s. Desde então que elas nascem quais seres vivos, expressão do silêncio de que resolve transmitir, de um a um, no senso dos seus significados. O mais veio na forma de acréscimo, espécie de gestos naturais das memórias guardadas pelo Tempo, nesses minúsculos seres animados em constante que somos.

No transcorrer de tudo, justos motivos de continuar em ação, a própria Natureza se encarregou de levar adiante o sentido das palavras, águas dos rios da existência, a formar esse caudal imenso de histórias e segredos que têm, obrigatoriamente, de vir à tona, frutos das raízes bem profundas. Não houvesse e que motivo de conhecimento preencheria as florestas do Infinito?! Que outro alento haveria de organizar o mundo, os objetos inanimados, as dores, os momentos, as pessoas e as festas de tanto anonimato espalhado neste mundo?! Aonde esconder os sinais do que nunca antes fora levando em conta?! A quem contar o passado que alimentou as fornalhas do futuro senão através das palavras atiradas ao vento, a meio de tanta solidão de seres angustiados na ação de viver?!

A quem dizer, pois, das perdidas e tamanhas ilusões e ter de sustentar a fome de viver, de prosseguir e somar as experiências no mesmo palco cheio de luzes que acedem e apagam?! Elas, as palavras, que cuidam disso com maestria, em meio do quanto do desespero humano afeito a essa chuva de novidades da memória. Falam baixinho na alma e confidenciam certezas e livros santos. Revelam possibilidades, nutrem sabores de perguntas aos laços do Destino. E eles, os autores das cartas, no teto da Consciência, apenas fitam o vazio e aguardam calados a esperança dos dias incessantes.

Colher de onde e plantar aonde essas sementes que multiplicam o doce alento de sustentar o desejo e achar Deus; elas respiram e renascem a todo instante.

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