sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Sem maiores explicações


Um noviço certa vez se dirigiu ao seu mestre e indagou:

- Qual a pergunta mais importante que existe?

Com um sorriso nos lábios, figuração desprendida dos mestres zen, ele logo respondeu:

- A pergunta mais importante que existe é esta que o senhor está fazendo agora (- Qual a pergunta mais importante que existe?).

- E qual é a resposta mais importante que existe, Mestre? – seguiu perguntando o noviço. Ao que o superior, em seguida, respondeu:

- A resposta mais importante que existe é esta que agora estou lhe dando.

E bem no interstício entre a pergunta que o discípulo fizera e a resposta que o Mestre lhe acabava de oferecer, bem ali, cabem todas as perguntas e respostas que existem ou venham existir, quando, em gesto de pura leveza, nesse espaço hipotético, circula o conhecimento de tudo quanto há, pois o Ser que vive no que indaga já traz em si toda  explicação e todo conhecimento.

No âmago da fronteira entre a razão e a emoção circula o movimento do Universo, que é a luz da Eternidade e habita em todas as vidas, conscientes ou em fase do despertar da consciência.

Enquanto explicações atendem à razão, o sentimento assiste, por vezes indiferente, o transcorrer das respostas que o Universo oferece aos olhares vagos dos protagonistas de todas as perguntas e respostas.

A luz, que um dia imperou desfazendo as trevas da ignorância, vaga na noite ainda escura das consciências sombrias, à busca de lhes trazer a iluminação.

Por isso, diante do vazio das consciências, em meio às tantas perguntas possíveis e imagináveis, perdura livre o desejo da verdade mais pura De passos continuados no solo das existências, desperta a natureza, o sol das presenças individuais que um dia irão clarear por todo tempo.

 Obs.: A historinha que ilustra este comentário me foi contada por Gabriel Facure da Rocha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário