Na busca incessante de responder ao desaparecimento
inevitável, dela vêm perguntas largadas ao vento. Burburinho incessante,
sentimentos viram pensamentos e pensamentos, palavras. Das ideias refulgem os
argumentos. Sempre assim, seres da espécie que rasgam as vistas a falar das
regiões desérticas lá de dentro, sustentando teses de prosseguir a todo custo.
Mas deixam bem claro o jogo de intenções a que submetem a função de viver aqui
neste lugar. Vontade insana de levar adiante o barco do destino através da
força de arrecifes dos motivos de sobreviver.
Essa aventura da existência, pois, significa representar o
senso por meio da alimentação e do sustento dos demais. Juntar, arrecadar,
dominar. Daí, as normas e os conceitos, filosofias de utilidade. Argumentos
valem enquanto instrumentos de domínio sobre os demais. Criam com isso
justificativas costuradas às pressas de prevalecer e impor condições.
Isso em tudo, enfim. Grupos organizados na forma de multidões,
naves que percorrem o Infinito recolhendo materiais suficientes de reger o
firmamento da inteligência. Barcos vazios de compreensão, muitos séculos até
iluminar de todo o sol da Verdade, que só hoje vem à tona pela eventualidade
dagora. Na busca da paz, quantas vezes fizemos de conta e perdemos a
oportunidade. Noutras, no entanto, concretizamos o sonho e viveremos felizes.
(Ilustração: Xilogravura de Nilo).
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