Mas, de verdade, quem é isso que nós somos? Pesados e medidos, passados nas roletas dos metrôs e estádios; silenciadas as farras monumentais, recolhidas barracas e fechadas as portas do movimento das bolsas de valores, nós quem, na verdade, somos, só entes mortais e aventureiros? Amantes fiéis de si próprios, inteligentes, geniais, campeões amedalhados, detentores das marcas inigualáveis dos recordes, incansáveis portadores de taças, vencedores de todos os campeonatos, que terminam sós nas multidões embriagadas e felizes, quem somos?
No frigir de tudo, ao relento das páginas eletrônicas, personagens dos clássicos da literatura mundial, peitos ferventes das emoções intensas do amores frágeis, belos apolos de lindas musas de sonhos magistrais, quem somos todos e um por vez? Quem?
Aqueles afetos das mães que vêm cobertos de sangue e carinho extremado, promissores bebedores de leite, conquistas inesquecíveis de abençoadas famílias, protagonistas da continuidade dessa raça, a que viemos, nós que ainda perguntamos: Quem seremos nós certo dia?
O eu das entranhas, foco das atenções do misterioso Universo infindo, instinto da essência e do Ser, próton do átomo da existência, segredo bem guardado da existência, máquina de perfeição e criatividade, resistência durante tanto tempo de história, e a questão de todas as indagações somos quem, nós esse ser das entranhas?
Assustador o abismo que se abre a nossos pés quando indagamos a nossa identidade inexpugnável, indestrutível existência das criaturas diante do Infinito sideral, corredor das probabilidades e vertigem crucial da presença neste cenário de partos e luzes que acendem perante a escuridão dos fins de tarde.
Há uma porta que lá um dia abrirá a consciência e somará quem somos, e ainda não sabemos, ao Tudo/Nada que gerou essa angústia de querer conhcer e o teto do definitivo, a razão maior do existir do misterioso ser das entranhas que já somos.
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