terça-feira, 15 de setembro de 2015

Há uma paz na solidão

Ainda insistem no pensar diferente, querer companhia a qualquer custo. Entretanto compete dizer que importa considerar o quanto significa arrastar barcos cheios de indagações a lugares só imaginários, isso dos relacionamentos convulsos, criados a pretexto de preencher o espaço vazio entre os vazios dos espaços das criaturas. Qualquer indivíduo desenvolverá, mais cedo ou mais tarde, a compreensão de que o encontro verdadeiro ocorrerá mesmo é dentro, bem no território do Si Mesmo, lugar sombrio, por vezes; noutras, misterioso e profundo; área do autoconhecimento, expectativa atenta de resultados melhores em relação aos desmandos cá de fora onde o entrechoque de opiniões e temperamentos produz o que noticiam as televisões empedernidas, no sensacionalismo das horas dos corpos suadas e becos amargurados. Nas profundezas do abismo interior, no meio dele, ali reside Netuno, o deus dos oceanos, a reger descobertas inesperadas de valores da busca dos seus reais proprietários, postulantes aguerridos da razão e da paz. Andasse munidos de equipamentos de localização, o peregrino descobriria, num piscar dos verdes olhos, a porta da revelação-felicidade desses endereços, o que resolverá de vez todos os conflitos de personalidade e os longos sintomas do desassossego secular das massas. Pisasse com firmeza o caminho da fonte, acharia mais ligeiro o segredo visionário da calma e do suave sabor das cálidas descobertas, tranquilizando ânsias desenfreadas de tempos convulsos de uma civilização oprimida pelo desejo do prazer sobre as outras pessoas, titulares da servidão que impõem uns aos outros, na corrida do ouro e da lama, velhices e desencantos. Aqui no íntimo da nave azul que todos somos, nesta viagem transcendental de existir e não saber ainda com que finalidade, habita o minério puro da salvação de quando enxergar o espelho da liberdade gloriosa, alforria do eu agoniado, desesperado, muitas vezes bólides acesos no desejo de transpor o tédio, invés de mergulhar a visão que corre aos braços abertos da realização. Bom, mas cada um cuida de si na jornada dos instantes, pequenas fagulhas de quase nada percorrendo as artérias do destino.

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