sábado, 19 de setembro de 2015

Frutos da indiferença

O que maquinavam países poderosos além de gerar esses produtos tortos que ora demonstram só o transe das vaidades humanas? Em que hotéis de luxo dormiam líderes da vez enquanto padeciam da mais fria indiferença e germinavam esses povos que vagam pela Europa, sem eira nem beira, aflitos, desenganados, a pedir socorro noutros territórios? Em que farra, em que festa comemorativa curtiam glórias do mundo e que falavam bonito em nova ordem mundial e deixaram sem rumo barcos lotados dos exilados iguais a si, do sistema vivo das partes do que nós somos?


A farsa apresenta cara conhecida. Há pouco mais de setenta anos acontecia, no Velho Continente, trens carregados de judeus e outras etnias e credos, quais gado de matadouro, levados aos campos de concentração nazistas e fornos crematórios, logo secundados por Stalin, na Rússia, a dizimar milhões, isto sob as marcas da cruel indiferença dos gigantes da ocasião. 

Hoje se sabe abertamente daquilo tudo, via velhos filmes em preto e branco, mostrados nas reportagens históricas... Porém, neste exato momento, ao vivo, a cores estonteantes, cenas dos desmandos atuais são lançadas aos quatro ventos, às vistas da ilustrada Civilização, nas barbas dos responsáveis pelo Planeta, qual nada dissessem ou houvessem com isso, fossem apenas meros expectadores de políticas frustradas.

O bolo crescia aos olhos de todos. O bolo continua crescendo nalguma nação desse vale de lágrimas, fabricantes que prosseguem dos barris de armas atômicas, ameaças a populações inteiras submetidas ao crivo mórbido da geopolítica dos mercados e capatazes egoístas, esquecidos potentados da miséria que ajudam a despontar e fere de morte paz tão duramente obtida ao custo das vidas jogadas no tabuleiro de guerras fraticidas, sem nexo.

Dizem os retóricos que a história é mãe e mestra, ensina e zela pelos destinos da espécie dos homens, também nesses dias mórbidos. Contudo, ao vazio de sábios gestores, claudicamos todos. Logo no pós-guerra, recomeçavam as escaramuças de querer o lobo repontar as garras sanguinárias. Sem fronteiras, a violência custa gerações inteiras, desparecidas debaixo de escombros de lições desaprendidas.

Ainda que a duras penas, igualmente, há que nascer luz do escuro desta manhã tão gloriosa da ciência dos séculos através da Humanidade justa e pacífica tão sonhada! 

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