quinta-feira, 9 de julho de 2015

Averiguações

A quem gosta de escrever é de valor inestimável os instantes que antecedem o texto, quando nem sabe o que existirá logo adiante aos olhos do pensamento, os frutos dessa árvore ainda por nascer da percepção dos sentidos. No firmamento das palavras as ideais crescem feitas nuvens que irão produzir no tempo a carga das vagas de significados e sentimentos que virão às mãos dos que oferecem atenção às palavras ditas. Considerar o desejo imediato que toca a alma por vezes no afã de transformar os céus e terras das mentalidades, ânsia dessa virtude essencial do conhecimento em forma de criação. Saber que a gente não lê, a gente se lê; o texto só oferece o espelho de ver a nós mesmos. Assim, quem escreve elabora espelhos aonde semelhantes pessoas irão visualizar outras dimensões que já existem do lado de dentro das criaturas, na busca ativa de respostas aos mistérios universais da consciência.

Nisso, temas mudam de canto ao infinito, repetições da santa brincadeira da fala em movimento: O Estado leviatãEstragos da mágoa na saúde das pessoasAventuras irresponsáveis dos poderososEgoísmo corrosivoA mãe de todas as guerras, por exemplo. Títulos e motivos que lembram cordéis da época de criança, que chegavam da feira e impressionam sobretudo pela possibilidade imensa de viajar por mares imagináveis e avançar a si próprio, no auge da solidão infantil. Os sete pares de FrançaA chegada de Lampião no InfernoO romance do pavão misteriosoHistória de Mariquinha e Zé de Souza LeãoA triste partidaA história da donzela da pedra fina, e outros mais.

Quais janelões que desvendam a noite das possibilidades adormecidas, os textos ganham vida no coração de quem lê. E nas bandas daqui, quem produz apenas desempenha o compromisso artesanal da fala, na intenção de transmitir paz, indicar lugares aonde luz possa chegar e mostrar as visões benfazejas lá do íntimo da condição humana dos buscadores de bem viver, de momentos de tranquilidade que o dia oferece no silêncio; varrer da presença os ciscos de apreensões e desespero, edificar os monumentos que habitam sonhos de esperança e muita fé.

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