sábado, 21 de outubro de 2017

Amigos e diamantes são eternos

Há poucos dias, em João Pessoa, revi um grande amigo, Paulo Tasso Teixeira Mendes. As frações do tempo se perpetuam, sim, nos amigos. Quanta sobrevivência do Ser nesta oportunidade veio à tona dos sentimentos. Muitas lembranças de emoções e das situações, e localidades.


Paulo Tasso significa bem a época de minha vida em Crato quando, trabalhando em Brejo Santo, regressava aos pagos de antes, a fim de manter vivas experiências de recentes infância e adolescência. Ele viera de Roma trazendo na bagagem a atualidade europeia, de quando estudara Teologia no Colégio Pio Brasileiro. Sua monografia fora a propósito do Existencialismo. Eu, vidrado em Jean-Paul Sartre e Albert Camus, nele encontrava o que de melhor poderia haver à época que alimentasse meus estudos. 

Juntamente com José Roberto França de Sá (Zé Roberto), formávamos trio constante nos passeios pelas encostas da Serra, nas noitadas do Telhado do Céu, no Bairro do Sossego, onde Paulo construíra seu refúgio. Mais Tarcísio Tavares e Lirismar Macedo, ali nutríamos de aventuras errantes os saraus das belas músicas e largas histórias. 

Visitei um tanto de vezes sua residência à Rua Santos Dumont, quase objetivo persistente nas minhas vindas aos finais de semana cratenses. Tudo o que contava de Europa me fascinava, sobretudo no campo das ideias. Chegara perto de ser padre; um ano mais e celebraria sua primeira missa. No entanto concluíra pelo caminho dos leigos, sem, contudo, renunciar aos meios filosóficos e à cátedra. Durante o período quando viveu em Crato, naquela fase, seria Diretor do Colégio Madre Ana Couto, professor da Faculdade de Filosofia do Crato e participaria da Sociedade de Cultura Artística, sempre dotado de forte liderança e carisma, a influenciar toda a nossa geração, sendo de seus ídolos destacados.

Adiante, fixaria residência na Paraíba, titular da cadeira de Filosofia da Educação junto à Universidade Federal. No estado vizinho permanece até hoje. Profícuo e metódico, publicou recentemente o livro genealógico Famílias Alves Pequeno e Teixeira Mendes, obra de referência histórica de bem cuidado trato.

Sempre que advêm ocasiões, gosto de reencontrar meus amigos. Não são muitos. Digo aos meus filhos que os dedos de uma mão são suficientes a contar os amigos verdadeiros desta vida. Mas eles existem de verdade, e são eternos, quais eternos os diamantes. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário