domingo, 29 de setembro de 2024

As hostes do passado


Elas voltam com estranha intensidade; querem se repetir a todo custo, as ocorrências que o Tempo cuidara de transportar aos escarcéus, porém que, nalgum lugar, subsistem. Voltam, sim, nos mais diversos formados, desde visões inesperadas a cacos de louça e relíquias, prospectos de remédios, roupas aos pedaços jogadas no lixo, no entanto que repetem as velhas emoções e deixam criaturas em polvorosa, vítimas que foram daquelas imprevidências.

Assim também parecem as contradições humanas, que vêm nos campos de batalha dos conflitos indecorosos de sempre, quando os astros cruzam os céus e mexem nas consciências frustradas dos inevitáveis protagonistas de tempos atrás. Dali insistem continuar a perseguir os mesmos desavisados em suas práticas imbecis. Quais lembranças de ações indesejadas, causam os mesmos espantos na forma de agressão, isso na ânsia de meras ilusões, vidas afora.

As pessoas relembram lendas de animais agressivos e ficam tanto quanto a retalhar carnes e chão. Nem sei explicar direito o motivo das histórias abandonadas nos antigos alfarrábios descobertos na lama dos rios maiores. Só que deixaram rastros de dor marcando o sentimento de todos.

No repicar dos carrilhões, lá do passado, essas litanias absurdas de uma raça inteira, que sobra ao lombo de quantos animais. Quer-se, pois, não seja que tal, contudo igual nível de primitivismo persegue o trilho das jornadas gastas que sumiram e regressam em sessões repetitivas de velhos monstros aparentemente esquecidos naquela memória nefasta dos tempos inglórios.

Estrada estreita entre o que virá e o que sumiu, nela perseguem as gerações o seu instinto perverso de feras em experiência. Alguns, quiçá, possam crescer e desaparecer no Infinito das luzes lá no Cosmos. Todavia capengam nos barracos antigos às folhas secas das arcáicas marcas de perseguição na busca de sobreviver dalgum modo ao furor do desaparecimento, numa sede sem igual.

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