São atrações de não acabar mais, porquanto de tudo ali se encontra, nesse mar das tantas vidas. Picadeiro imenso, do tamanho dos pensamentos movidos a sentimentos, orquestras e sensacionalismo, visões inesquecíveis de tudo quanto há neste chão. Qual deserto ilimitado pela própria consciência, crescem de paixão toda vez, face aos sóis de luz e calor, os olhos de uma plateia embevecida.
Nisso, vêm as apresentações na forma das ideias incontáveis
a fervilhar o íntimo das criaturas aos mínimos toques metálicos dos pratos e o
rufar constante do furor dos músicos. Animais amestrados, quase gente, repetem
as cenas premidos pelos estalidos dos chicotes pelo salão iluminado. Palhaços
que titubeiam cenas adentro feitos máscaras de si mesmos, a encantar crianças e
adultos, símbolos da história de todos, a meio de nenhum de nós, as caricaturas
do Destino.
No alto dos trapézios, cenas arriscadas de belas atrizes que
percorrem os ares nos voos inigualáveis, sacudindo de emoção as noites de festa
dos expectadores abismados. Lembro sempre desse tempo a fervilhar as entranhas,
incontáveis notícias das épocas antigas que permanecem fixas nas entranhas destes
universos noturnos. Elas, as palavras que escorrem assim no leito das ruas, nas
encostas de multidões inteiras, sinais da imortalidade em forma de criaturas
humanas delirantes. Bem isto de escrever qual quem apenas escuta dalgum lugar
falas misteriosas a dizer doutros mundos, a trazer quantas histórias estimáveis
vividas e sonhadas pelos céus abertos do Infinito.
Enquanto isto resistem, na sequidão dos momentos sucessivos,
inúmeras saudades, persistentes, imortais, pedaços dos céus na alma das pessoas
em movimento constante gritam. Depois, ao andar das funções, o drama; na
escuridão do palco, atores, enredos e silêncio, a tocar de vez o coração atento
dos protagonistas que os assistem envoltos em sonhos ainda distantes a vagar nas
folhas da imaginação.
Quando, só então, tudo acalma, e resignados todos regressam
às casas, alimentados nos amores do espetáculo, a quase meia noite, instante
por demais propício aos melhores segredos que levam consigo, nascidos outras
ver no calor das lembranças mágicas dessas horas incontáveis da existência que
continuará.
(Ilustração: Circo Americano).
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