domingo, 22 de setembro de 2024

A que isto se destina


Acima de toda cogitação, tocam adiante o comboio da compreensão de pessoas e lugares, num afã de causar espécie, porquanto de livre consciência todos caminham nalguma direção, fome incontida de prosseguir nessa ilha descomunal de existir e lá durante alguns instantes virem a conhecer o teto das alturas donde chegaram. Isto dito nas palavras e vivido nos pensamentos, prazo de interpretar os sentimentos, crivos da razão de estar aqui, os viventes perduram enquanto resistem ao senso da matéria, e depois vêm as tantas hipóteses por demais misteriosas quanto da distância entre as palavras e outros espaços profundos na Consciência de serem portadores ainda na época do plantio de desvendar seus segredos guardados no íntimo das humanas criaturas.

Mas bem isto de revelar a si mesmos tal que seja a fonte donde procedem os fenômenos dos quais estamos neste Chão. Por mais desejada seja a ânsia da revelação, seguimos a sós no silêncio das quantas hipóteses, face haver outras dimensões fora das reais percepções. Ali, ausência das visões atuais, percorrem os que seguem após o transe das eras. Sob tudo, tênue cortina divide os mundos e vaga solta nas filosofias, nos mitos, lendas, fábulas, orações, rituais, doutrinas, sábios, deuses, altares, cânticos, peregrinações, marcas deixadas pelos saberes humanos desde então.

Nesse estreito território das circunstâncias, fase intermediário entre a dor e a felicidade, reside o vasto Infinito dos séculos em movimento, suas determinações e justiça, verdades sem conta. Meio tempo este quando apenas notamos o som da perfeição e a beleza das artes, função de um circo imaginário aonde quase nunca ingressamos, algo semelhante ao Nada, porém ausente de palavras e desejos, nas longas noites da solidão.

Há indícios dessa rara possibilidade, contudo. Espelhos foscos de imagens raras, assim vultos encapuzados percorrem o vazio absoluto deste intervalo pouco a pouco deixado em Si às margens do rio imenso da Eternidade.

(Ilustração: Arte profunda, solidão (Freepik).

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