sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Ali onde nascem os sonhos


Vastos de memórias, serras e vales, o Tempo transita suavemente às bordas do Infinito; paraísos ao Sol; luzes de firmamentos distantes; trilhas constantes a refazer o estio das longas invernadas; comboios de ciganos espalhados pelo mundo à procura da sorte; oásis férteis, floridos; longas noites a nutrir o teto das lembranças; nós, enfim, seres alimentados de certezas que fazem crescer o desejo de novas oportunidades, artesões dos destinos, uns que contemplam os demais na cintilação de novos dias, mesmo diante da dúvida, dos sentimentos ainda imperfeitos, das palavras toscas a escorrer do canto da boca, no que se viveu tantas vezes aos pés das circunstâncias imperenes.

Por isso, lá neste universo de tantos a viajar pelas horas incontidas dos finais de tarde que sacodem corações, bem nesse lugar de todos os mistérios desliza a fome de continuar, de descobrir os segredos guardados entre as luas instáveis e os pequenos rascunhos do porvir. Sei que a gente busca, frenéticos, os dias de paz, a união de quantos assim porejam no calor das existências, envoltos no manto sórdido da matéria bruta, porém à cata dos melhores momentos desde então.

No penhasco desses abismos mais profundos adormecem, no entanto, valores, experiências, vontades soltas nos prados desconhecidos de muitos em movimento. Antes de tudo, somos isto, a indagação da humana felicidade a braços com lamúrias e litanias, senhores de si na ânsia da compreensão futura. Do centro do carrossel imenso da dúvida persistirá, pois, o ímpeto de uma verdade plena, imã forte das tradições de estar aqui e viver no seio da história de que somos parte inevitável.

Espécies de seres independentes doutras razões, os sonhos sobrevêm toda vez sem trazer à alma maiores marcas senão as deixadas pelo Inconsciente, território de onde se originam. São partes nossas que perduram além do que imaginamos, as mensagens de perfeição que nos traz até aqui.

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