domingo, 8 de setembro de 2024

Arte da miniatura


Nesses dias, observei a exposição do escultor caririense Nélito Gonçalves, montada no interior do Shopping Cariri, em Juazeiro do Norte. A mostra se compõe de esculturas abstratas e figurações miniaturizadas de utensílios domésticos, peças confeccionadas em casca seca de cajazeira, árvore típica da flora nordestina. Vale considerar a expressiva qualidade do material exposto, feito dentro da melhor técnica, com acabamento escurecido em verniz copal.

Essa notícia leva-nos a considerar também outras manifestações artísticas e infinitas potencialidades da miniatura. A propósito, certa vez, Paulo Tasso Mendes me descreveu uma exposição que presenciou quando, nos anos 60, vivia na Europa.

Tratava-se da obra de artista brasileiro, gravador em metal, que desenhava na cabeça de alfinetes. Reproduzia as figuras mais diversas, desde paisagens naturais a monumentos arquitetônicos. Num desses trabalhos se via a Basílica de São Pedro, em Roma. Toda a exposição cabia numa caixa de fósforo e os expectadores precisavam de usar lentes para contemplar as pequenas produções do artista.

Paulo, então, me informou que, ao demonstrar-se admirado com o teor de dificuldade daquele trabalho, soube, através do artista, que existem japoneses que descem ainda mais a detalhes na técnica de gravar superfícies, utilizando o espaço existente na ponta de agulhas, através de instrumentos milimétricos e equipamentos óticos sofisticados.

A miniatura, pois, de há muito merece relevo no âmbito da cultura, sobretudo nas civilizações orientais, dadas ao esmero do reducionismo. Museus de arte chineses guardam peças dotadas de tal minudência que, por vezes, uma única delas, para se concluir, requereu a vida inteira do autor.

Isso demonstra aonde pode chegar o engenho criativo dos seres humanos, considerando-se o valor apreciável das manifestações estéticas no estudo das populações e da História.

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