Na ocasião de encontrar consigo mesmo, face ao desconhecido em movimento, ali dentro da consciência dos instantes surgem os traços de mundos até então ignorados. Massa informe de séculos que percorreram a floresta das ausências, nesse lugar bem entranho ressurgem os vestígios de antes quais seres independentes, vivos, ativos. Isso por conta de terem vida própria, de continuarem presentes mesmo depois que de lá me afaste e eles permaneçam, pois contarão sempre a minha história, não sendo eu seu autor. Regressam numa intensidade que fará susto. Escascalham bem no íntimo aquilo que pensara fosse desaparecer passados uns dias, na amnésia imaginária do inconsequente. No entanto agora sei que retornam com força superior à que aplicara quando no auge de tudo aquilo. Talvez nisso e disso persista a vontade inteira de haver sido outro se não este que ora sou. Porém nem de longe existirá tal ficção, restando unicamente devorar o gosto do fugidio e alimentar de palavras e pensamentos a casa do sem jeito. Creio seja esse o motivo dos tantos sonhos virarem livros, filmes, fábulas, lendas, confissões e credos.
Os ecos do inesperado de antigamente do que fora certa feita de novo ocupa o mesmo lugar no espaço da gente, dessa vez através de cicatrizes largadas na memória, querendo ou não sermos isto, pedaços toscos do que fomos e aparentemente do que haveríamos de sucumbir na calada de noites, festas e viagens (quando assim pensávamos). São luas que fogem silenciosas no céu das almas e adormecem pouco a pouco nas friorentas madrugadas de saudades e distâncias. Conquanto falem nesses registros que jamais sumiram, aqui tangemos a nave de nós mesmos pelas quebradas do Destino, sendo este nada um ser em elaboração, decerto o que quiséramos imaginar. Quantas batalhas e a sobrevivência inevitável que habitará o senso de todos, aos pés do altar desta catedral de pedra da humana solidão.
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